Eduardo.Staque 10/06/2022
Complexidade não é sinônimo ou indicativo de qualidade
Como no título, complexidade nem sempre está atrelada a algo bom ou indique que seja, e muito menos de boa escrita, e nesse livro, pra mim, ficou muito evidente que Herbert não é um bom escritor.
Ele teve sim uma ideia incrível, montou e criou um universo muito rico e de muitas possibilidades, mas a forma como ele põe isso no papel não é boa, e depende muito mais do leitor ir preenchendo os espaços do que o autor moldando a história.
Não que o livro seja ruim, mas os diálogos excessivamente complexos, a falta de ritmo e os personagens nada cativantes fazem com que ele seja difícil de ler.
Se já achei o anterior difícil, esse aqui supera com muita facilidade seu antecessor, deixando muitas passagens confusas demais, e fazendo com que eu lesse e relesse praticamente tudo, e mesmo assim, as vezes não adiantava nada, pois não entendia, e quando conseguia entender (talvez), sentia como se tudo fosse irrelevante.
Digo irrelevante pois os personagens sabem tudo, planejaram tudo, e previram tudo. Então pra que tudo aquilo? Seria melhor resumir e mostrar o resultado, que é o que realmente importa, deixando toda a trajetória uma leitura arrastada e muito cansativa. Pensei muitas vezes em abandonar, e só não o fiz por já saber algo do livro 4, e assim quis saber como aconteceria.
O que ajudou na vontade de abandonar, foi também o fato de não ter empatia por nenhum personagem, não conseguir me conectar (ou reconectar) com nenhum deles. Aqui eles se mostram como super-humanos, superpoderosos, super inteligentes, super tudo...
Tirando o ruim, o bom permanece evidente, e desde o primeiro volume.
A forma como Herbet trata da especiaria e o povo nativo de Duna, os paralelos com o petróleo, com a religião dos nativos de onde a matéria prima é retirada, com um sistema feudal, as intrigas entre as grandes instituições, a transformação do ambiente e seus efeitos colaterais e a busca pela evolução humana, tudo isso está presente, seja de forma explicita ou nos arrastados diálogos, ou nas interpretações filosóficas que podemos ter.
Não tenho nenhuma vontade de continuar o resto da saga, talvez só compre para ter na estante e dizer que tenho a coleção completa.
Mesmo com tudo isso, sinto que valeu o mínimo, e que a saga teve um fim. Poderia ser melhor? Creio que sim.
Mas digo que pelo menos para uma coisa ele foi perfeito: dormir!
Era só ler que o sono vinha forte.