Lucy 25/11/2022
O filho do dono (mas não seja o irmão mais velho)
Foi um projeto pessoal meu ler a bíblia. Já tinha lido uma vez, em 2019/2020. Mas creio que li rápido de mais e não prestei atenção em nada, então quis ler de novo. Acho que dessa vez apurei alguma coisa.
Entendo que a bíblia é um livro que sustenta toda uma sociedade (a ocidental principalmente), mas isso não significa que ela nao seja incoerente em muitos momentos, assim como machista e misogina. Quando você leva em conta que isso é apenas um recorte, de uma sociedade patriarcal de milhões de anos atrás, até que faz sentido. É um mundo diferente, afinal; as pessoas precisavam procriar, trabalhar, e estruturar regras pra viver bem na sociedade que estava sendo criada. E nesse ponto, acho que a bíblia cumpre bem o seu papel. Porém, a partir do momento que se usa toda essa base patriarcal, machista e misogena pra dar respaldo a uma sociedade já transformada e tão distante em questão de séculos, aí meus caros, não faz sentido nenhum.
Mas não quer dizer que a bíblia é um livro horrível. Muito pelo contrário, temos histórias fascinantes, confusas, e inspiradoras. A Bíblia é um registro de formação de uma sociedade, mas é um livro religioso também. A muitas histórias de fé, esperança e perseverança. Os bons são recompensados e os maus castigados.
Foi por isso que dei uma estrela a mais nessa segunda releitura. Apesar dos pesares, é um livro interessante (mesmo que você não seja cristão), embora muito hipócrita muitas vezes. Mas, se levar em conta que é um livro bem antigo (que não tem nada a ver com o que a gente vive hoje, eu reagirmo aqui) que foram escritas por inúmeras pessoas que expressavam a sua própria visão de mundo (a gente concordando ou não), da pra tirar muitas lições boas, reflexões interessantes, inspirações (já que uma porrada de obra foi inspirada na bíblia) e até dar umas risadas das coisas absurdas (Eliseu, calvo de cria).
É um livro denso por causa do tamanho e da formatação (arial -7). Mas creio que dependendo de cada ediçãoe tradução, não sejam textos tão difíceis assim de compreensão. Li (fora um livro e outro), na edição da Pastoral (a de capa azul), e eu particularmente gostei muito da linguagem dela, não só na tradução que achei bem compreensiva, como também os textos de apoio a cada começo de livro, e as inúmeras notas de rodapé.
Li umas resenhas e vi que em algumas, as pessoas falavam como tinham atravessado uma jornada interessante, e como a bíblia os mudaram. Sinto em dizer que não, não me senti transformada, mas sim, foi uma jornada interessante. Me deu vontade de continuar lendo a bíblia, dessa vez acompanhando com as liturgias diárias. Talvez seja o caminho de uma incrível transformação? Talvez.
Mas por enquanto, não mudei os personagens bíblicos que mais me identifico; Caim, os moradores da Torre de Babel e as crianças zoando a calvície de cria do Eliseu
(E se você usa Levítico pra validar a sua homofobia/lgbtfobia, mas raspa barba, corta cabelo, come frutos do mar e usa roupas com dois tecidos diferentes, então vou te contar um segredo a meia noite)