Na escuridão, amanhã

Na escuridão, amanhã Rogério Pereira




Resenhas - Na escuridão, amanhã


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Rafael.Fires 01/10/2023

Um livro que acaba com toda sua alma em apenas 124 páginas!
Rogério Pereira, 'Na Escuridão, Amanhã' relata uma família conturbada, destruída, desolada composta por uma mãe extremamente submissa e fanática religiosa, um marido abusivo e agressivo e seus filhos.
Neste livro os personagens não têm nome, assim como a cidade em que eles viviam, mostrando assim ao leitor que, isso pode estar acontecendo com qualquer pessoa em qualquer lugar neste exato momento.
O livro é narrado por um dos filhos, e demoramos a entender a linha do tempo que se passa, mas fica claro que ele narra cartas de seu outro irmão, formando assim um diálogo entre eles, em relação ao passado sombrio da família.
Essas cartas são endereçadas ao próprio irmão? São endereçadas ao pai desta família? São cartas que relatam a triste história dos abusos que a irmã mais nova sofria? O que teria acontecido com ela?
Famílias destruídas, sonhos interrompidos, angustia e medo.
Quem na vida real, seriam estes personagens?
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Rodrigo1001 16/04/2023

Sufocante e Brutal (Sem Spoilers)
Título: Na Escuridão, Amanhã.
Autor: Rogério Pereira
Editora: Cosac Naify
Número de páginas: 128

Iniciei a leitura de “Na Escuridão, Amanhã” na noite de ontem, mas, em menos de 10 páginas, estanquei: o livro precisava ser lido de maneira contínua, sem pausas, e com uma certa preparação. Fechei-o e fui dormir.

Na tarde de hoje, então, me aninhei no sofá e consegui terminá-lo em menos de 4 horas.

Um livro curto, um quebra-cabeças que vai se encaixando à medida em que vamos entrando na vida de uma família de retirantes que deixa o campo rumo à cidade grande (o autor não nos diz os nomes dos personagens e conhecemos a cidade apenas por sua inicial) e que, de maneira brutal e sufocante, nos mostra o peso de uma família que se configura como uma batalha perdida.

Com uma prosa elegante, afiada e frequentemente poética, o autor mostra domínio total das palavras, pinçando sentimentos e cortando-os sob os olhos do leitor. Vamos acompanhando essa família com um nó imenso no peito. Não há cicatriz que não é tocada. O autor não poupa o leitor do hediondo, da barbárie e da dor. Está tudo ali, entregue em uma bandeja.

É um livro impressionante porque você começa a lê-lo de maneira despretensiosa e aos poucos você não consegue mais deixá-lo. É um livro pesado, denso e muito difícil de ler, porque nele se adensa tudo o que de mais desgraçado pode se abater em uma família. Trata de temas delicados e é orquestrado de uma maneira em que o leitor só entenderá exatamente o que leu quando chegar na parte final.

Fiquei surpreso ao saber que este foi o primeiro livro de Rogério Pereira, escrito no alto dos seus 40 anos, e mais surpreso ainda ao constatar que o autor, assim como eu, é Catarinense. Com toda a elegância da escrita e com o esmero com que desenhou seus personagens e o ambiente em que os colocou, o autor já nasceu consagrado. Por fim, me sinto orgulhoso de termos escritores deste calibre aqui no Estado.

Leva 5 de 5 estrelas.
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Aline221 24/02/2023

Na escuridão, amanhã
O livro tem poucas páginas, capítulos curtos, diagramação confortável. Parece um livrinho que dá pra ler em algumas horas, mas não é! Definitivamente não é!
É uma história tão pesada que tive que parar em vários momentos pra respirar (não é a toa que na contracapa do livro a palavra "claustrofóbico" é mencionada). Que pai maligno! Que mãe omissa...
O fato que vai perpassando pelos capítulos é a morte da filha caçula que desde o início a gente percebe ter o dedo do pai envolvido.
Os capítulos são intercalados entre as cartas cheias de ódio e acusações do filho mais velho ao seu pai e relatos do filho do meio que as vezes parece estar falando com a mãe.
No final eu fiquei pensando se o que eu entendi que aconteceu no final foi o que eu pensei mesmo.
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Eduardo 01/06/2020

o autor escreve com uma certa nostalgia amarga. o livro é meio que lembranças da infância (e adolescência?) de dois irmãos, que foi marcada por algumas aflições. não gostei muito, por sorte a história é curta, mas não diria que é um livro ruim, acho que só não faz muito meu estilo.
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Luana Sousa 24/04/2020

Se eu nunca tivesse lido NADA do gênero, poderia até ter sido uma boa experiência.
Mas confesso que essa "fórmula" de escrita que venho notando em muitos livros
contemporâneos não me agrada nem me acrescenta nada como leitora, só me cansa.
--
É tão repetitivo que consigo elencar alguns dos tópicos gerais:
- faça o personagem relembrar a infância;
- inclua um acontecimento trágico ou um crime;
- acrescente uma atmosfera familiar opressiva;
- tenha um dos familiares agindo de forma abusiva;
- culpe um dos progenitores por você ser um "bosta" e ter uma vida de "merda";
- use uma linguagem fragmentada e frases de efeito;
- explore a dicotomia Deus/diabo e céu/inferno;
- ah! e Deus deve ser culpado pelos atos dos humanos (racionais e livres), pois
o esquema é se "vitimizar", afinal a culpa é sempre de um outro que não eu.
--
Agora me diz, quantos livros você já leu que seguem essa fórmula?
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Bruno Aquino 08/04/2019

"... a distância até ao fundo é tão pequena ..."
Em “na escuridão, amanhã” (livro nacional!) temos a história de uma família composta de cinco pessoas (pai, mãe, dois filhos homens e uma garota) que trocam a vida na roça pela realidade da periferia da zona urbana, acreditando que com essa mudança suas vidas poderiam ser muito melhores, porém não é bem isso que realmente acontece.
Após a mudança dessa família para a cidade, fica nítido que a opressão sofrida pela esposa e os filhos não tinha relação direta com o lugar que moravam, mas resultava da precariedade das relações familiares, principalmente em relação à figura paterna.
Diante da inocência dos filhos e da simplicidade religiosa da mãe, até mesmo a figura do Deus do Antigo Testamento acaba se tornando mais um jugo para essa família, pois indiretamente reforça os efeitos nocivos do sistema patriarcal.
Autoritarismo, submissão, abusos de diversos tipos, miséria e ignorância, são apenas algumas sementes plantadas nessas relações tóxicas e consequentemente seus frutos são os sentimentos humanos mais infames que se possa imaginar.
Esse é um livro que fala sobre a pobreza para além do âmbito financeiro. É sobre miséria nas relações, sobre pobreza dos afetos. É um livro sobre perdas, silêncios e ausências.
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Nathy.M 31/12/2018

Intenso e doloroso
Conta a história de uma família desestruturada, machucada e repleta de pecados. Tive que parar em vários momentos para respirar fundo. Não é uma leitura fácil nem agradável, mas é tão verdadeira e crua na hora de apresentar os sentimentos que chega a ser impressionante. Cada frase é uma facada no estômago. Esse livro mexeu comigo.
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withsomegrace 14/09/2018

Um tapa na cara de quem diz que escritores brasileiros se perderam.
Conforme a escuridão do livro vai se aproximando, os parágrafos vão ficando menores e, por fim, o alivio de terminar essa leitura difícil. Certeiro, violento. Uma arma carregada ao alcance da mão.
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Pandora 17/04/2018

O que dizer? Gosto desta escrita lírica e poética que, ao mesmo tempo em que parece abrandar os fatos, oferece um rio latejante de emoções. Porém achei o texto confuso, não exatamente por causa das duas vozes, mas as lembranças ficaram muito misturadas e não foram ligadas umas às outras de forma a dar um sentido mais amplo e coeso. Para mim, ficaram como folhas jogadas ao vento.
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Giovane 24/11/2017

Não há espaço para afagos aqui, a narrativa é um constante sufocamento na garganta. Rogério Pereira faz um corte nos dedos e deixa o rio vermelho escorrer pelas páginas; descasca a parede da indiferença e com impiedoso golpe nos faz curvarmos diante de uma beleza que só poderia brotar do amargor da palavra.
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isa.dantas 10/11/2017

Livrão em formato de livrinho. Rogério Pereira mexe com nossas emoções de forma incômoda e ao mesmo tempo poética.
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willian.ferreira 25/06/2017

Horrivelmente belo
É a história de uma família, ou melhor, de suas cicatrizes. Contada de maneira não linear; contada à maneira de "se juntar os cacos", em que no final se tem uma visão geral de um quadro perverso. Com uma escrita bem tratada, com metáforas que nos incomodam e encantam, o livro causa uma sensação ambígua, dado que, apesar da forma, o conteúdo trata de assédio moral, estupro, suicídio e outras maldades, e no geral, tudo entre família.

Tendo em vista tudo isso, falar que a história é contada por dois irmãos (separados pelo silêncio), em que um manda cartas de indignação e ódio para o pai; enquanto o outro lembra alguns fatos da infância e adolescência, tanto no campo quanto na cidade, se torna algo menor.
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Guilherme.Marques 29/03/2017

Confusão e pecado
Lembra o meu primeiro contato com Cristovão Tezza (Juliano Pavollini), mas já com os defeitos do último (O Fotógrafo, apenas mediano). Aqui estão presentes os mesmos lirismo e fluxo de consciência, mas Pereira ainda não é tão hábil neste último quanto seu conterrâneo. Algumas vozes se confundem (são duas as principais, os dois irmãos, mas isso só fica claro na metade do livro), os tempos se entrelaçam desengonçadamente (a impressão que fica é de que o que foi narrado aconteceu quase ao mesmo tempo), restando no final um relato fortemente emotivo, quase bíblico, e (pro bem e pro mal) atemporal de uma família desgraçada.
Pandora 17/04/2018minha estante
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GH 30/12/2016

Aqui, todo dia é noite.
Rogério Pereira sem dúvidas é uma das revelações literárias contemporâneas, escritor este que fundou em 2000 o Jornal Rascunho - uma das raras publicações de literatura do país.
Para entender esta obra grandiosa, ou melhor, para entendê-la um pouco mais, aprecia-la de melhor maneira, vamos a uma breve contextualização:
''Zulma, a mãe de Rogério, não pôde estudar. Como a maioria das crianças pobres da sua infância no interior de Santa Catarina, ela trabalhava na roça. Quando se rebelava, e às vezes acontecia, a avó a enfiava dentro de um barril e sentava-se sobre ele. Zulma ficava lá, confinada até que a vontade de brincar passasse. Por cima dela, o corpo da avó e toda uma tradição de gente parida só para a enxada.

Esta história contada por uma mãe que escreve pouco além do nome e jamais leu um livro talvez seja a mais importante da vida de Rogério. Assombrado pelo barril, ele acreditou que só escaparia desta sina se fosse capaz de preencher o vazio com palavras. Se o barril estivesse repleto de histórias, não haveria espaço para a escuridão – nem para crianças na escuridão. É por isso que, quando lhe perguntam por que criou um jornal literário num país onde ainda tão poucos leem, Rogério responde que é a sua vingança contra o barril. Agora, o barril é fábula. Como fábula é possível conviver com ele. ''
Este texto foi da coluna da Eliane Brum, que na época trabalhava na Revista Época, hoje colunista do El País Brasil.

Após essa breve contextualização, podemos afirmar duas coisas. A primeira é que o texto não é de lá todo fictício (isso se for a algum momento!), mas é quase uma biografia, uma auto biografia nas entrelinhas, visto que nem o nome os personagens é nos apresentado. A segunda coisa é que, levando em conta a veracidade e verossimilhança do livro em questão, o impacto é maior, é ensurdecedor. A leitura nos rasga os olhos e despedaça nosso coração.
A ordem cronológica, a linha do tempo do livro não é exata, pois ora é narrada pelo irmão mais novo, ora pelo mais velho. A lembrança também nos assombra durante a leitura, quando se co-relacionam com acontecimentos narrados. Ainda aproveitando o gancho da história de sua mãe (a qual inclusive tem uma das dedicatórias), Rogério aqui nos trás uma leitura claustrofóbica, pois o enredo é focado ou na ''roça idílica'' ou na ''C.'', termo usado para mencionar a cidade. A vida no campo não era perfeita, mas podemos concluir que era mais aceitável, mas o que choca é que, a visão que ele nos passa de ser mais aceitável é que lá, no campo, na roça, perto das plantações, tudo que vos acontecia ficava lá, era apenas lá. Eles viviam um isolamento brutal sob um autoritarismo psicopata de um pai cujo mesmo possui um caráter asqueroso. Submissos, ele, o irmão, as irmãs e mãe, viviam sob as piores condições imagináveis.

A mãe é uma personagem curiosa. Sofre todos os tipos de abusos, no entanto tem uma fé inabalável. É uma fanática religiosa, que sempre está rezando, orando ou lendo a bíblia. Tenta influenciar seus filhos a seguirem o mesmo caminho, mas sem grande sucesso. Em especial um dos narradores, cujo mesmo sempre se pega questionando Deus. Então podemos acrescentar mais uma coisa a qual remete a infelicidade da mãe, a descrença de seus filhos a sua maior crença. (Queria poder listar o que ela passa durante toda a narrativa, mas seria tudo spoiler e talvez perdesse a graça da leitura)

''[...] Como acreditar, como crer no Deus da mãe? No Deus misericordioso, se Ele nos mandou o demônio para cuidar do seu rebanho? [...] '' (Pág. 15)

O início do livro é composto por cartas e lembranças de um dos filhos que está na guerra e de lá, escreve ao pai (que provavelmente não lê nenhuma delas) e ao irmão. Lá ele se sente de certa maneira feliz, pois fugiu do campo de concentração que era sua casa. Mas também mostra, as vezes, um arrependimento, uma insegurança, se sente covarde, pois largou todos para trás sob os cuidados do - como ele mesmo diz - Demônio.
O livro tem um liricismo grandioso. É melancólico, reflexivo e, devido aos locais onde se passam ora numa roça isolada, ora em ''C.'', também subterrâneo. Observamos uma escrita aos moldes Dostoieviskano, um monólogo dolorido, bruto.
Há tempos eu não lia algo tão dramático, mas, veja bem, o drama em questão, o adjetivo inserido para rotular a obra não é de modo pejorativo, jamais. O drama aqui flerta com todo um cotidiano - infelizmente - vividos ou sabidos de todos nós. Escuridão é morte, Amanhã é incerteza, mas também a certeza que nada de bom virá, afinal, como pode algo de bom vir de uma família nascido e construída pelo pecado? E mais, guiada por um demônio, um lixo humano, moldado a asco? Não é pessimismo, é realismo.
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Fernando 06/10/2017minha estante
Excelente resenha!!!!




@lidcomisso 15/11/2016

Impressões
Este livro me deixou com raiva de alguém que nem chega a ser personagem, mas que é citado durante a história. Tamanha é a qualidade da escrita, que, contrastada com a dura realidade, chega a ser poética. "Nunca tivemos talento para a felicidade. Ser feliz custa muito, e o nosso tempo já nasceu reduzido."

site: https://www.instagram.com/lidicirilo/
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