A imortalidade

A imortalidade Milan Kundera




Resenhas - A imortalidade


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Raissa Barros 30/11/2021

Inúmeras reflexões
Romance escrito por Milan Kundera em 1988, porém só publicado no Brasil em 1990.

Com personagens reais e inventados, Kundera reflete sobre a vida moderna, a sociedade e a cultura ocidental.

A personagem central do romance, Agnes, se torna um objeto de fascínio para Kundera, que se encanta pelo gesto que ela faz a seu professor de natação quando sai da piscina ? um gracioso ?adeus?.

Ao imaginar o cotidiano dela, o narrador-autor dá corpo a um romance em sete partes, que intercala as histórias de Agnes, seu marido Paulo e sua irmã Laura com uma narrativa retirada da história da literatura: a relação do escritor Goethe com Bettina von Arnim.

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É um romance inesperado e munido de reflexões.

Os personagens passam por crises e dramas, principalmente, a Agnes que sofre pela morte do pai e deseja a solidão ? se mudar para as montanhas, mas ter notícias de sua família.

Ao mesmo tempo, o autor mergulha em outros assuntos, que parecem aleatórios e confusos, porém que tem uma ligação com a história. Os capítulos sempre nos aguarda algo diferente.

Fiquei fascinada como o autor utilizou exemplos de escritores célebres para tratar sobre as diversas formas de ser imortal e imortalizado: um gesto, uma fotografia, uma história inventada sobre nós, mentiras...

Não é uma leitura difícil, os capítulos são curtos e a escrita simples, porém temos que estar atentos com as inúmeras reflexões.

Sendo meu primeiro contato com o autor, achei uma leitura interessante e surpreendente. Ansiosa para ler A insustentável leveza do ser.
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Henrique Fendrich 29/10/2021

Sempre me impressiona como o Kundera consegue escrever "fácil" e, ao mesmo tempo, dar profundos mergulhos existenciais. Faz isso com tal naturalidade que é como se o próprio leitor se sentisse "mais inteligente" ao refletir sobre os temas filosóficos que ele propõe. Quando ele se propõe a "dissecar" a vida de algum gênio (no caso desse livro, Goethe), também consegue nos aproximar dessas grandes mentes, como se, no fundo, elas não fossem tão diferentes da nossa, todas, afinal, sujeitas ao amor e sujeitas à morte.

A primeira parte desse livro, chamada "O rosto", quando a personagem Agnes é apresentada, é uma das minhas coisas favoritas entre todas as que já li do Kundera e acho que funciona inclusive de forma isolada do restante do livro. Ele criou uma personagem muito interessante e a colocou em uma trama familiar e existencial bastante envolvente, acrescentando ainda as suas habituais reflexões e disso tudo saiu um resultando que no mínimo se chama de lindo.

Mas o Kundera não é daqueles que escrevem romances de história linear, então nas outras partes ele insere subtramas, ele insere a si mesmo como personagem, ele promove um ensaio sobre a vida amorosa de Goethe e Betina, ele promove um improvável diálogo entre Goethe e Hemingway depois de mortos, e o mais fantástico é que tudo isso concorre para um sentido único, como se tudo fosse apenas as diferentes abordagens de um mesmo mote.

Veio então a sexta parte do livro. Na quinta parte, o próprio Kundera anuncia o que está por vir, diz que um novo personagem surgirá em seu romance e depois desaparecerá sem deixar traço, não é a causa de nada e não produz nenhum efeito, mas é precisamente isso o que lhe agrada, será um romance no romance e "a história erótica mais triste que já escrevi".

Havia, portanto, os motivos "técnicos" e de estilo, além de outros, de natureza filosófica, que justificavam a inclusão dessa parte no livro, mas foi precisamente esse o momento em que o livro me desagradou, porque eu realmente preferia que a unidade do livro tivesse se mantido até o fim. Ademais, a própria "história erótica mais triste" não me comoveu nem um pouco. Foi apenas essa parte, portanto, que impediu que eu desse 5 estrelas para o livro.

Agnes, de toda forma, é uma personagem excepcional, e a sua irmã Laura também é instigante, além de Paulo e o próprio radialista Bernardo, que à certa altura desaparece da trama. Esse núcleo, somado ao universo de Goethe, me agradou bastante. A incursão do tal professor Avenarius não foi muito do meu agrado também, mas ainda fazia parte do mesmo jogo, ao contrário de Rubens, o personagem isolado da tal sexta parte.

Feita as contas, contudo, esse é no minimo o terceiro livro do Kundera do qual gostei mais do que a "A insustentável leveza do ser".
Maria 31/10/2021minha estante
Mudei de ideia. Quero ler. :P




Jeni 05/05/2021

"A imortalidade e o peso da existência."
Em A Imortalidade de Milan Kundera somos confrontados com a futilidade das coisas pequenas, mesquinhas e inúteis. As fugas do cotidiano representam a busca da imortalidade.
Os personagens parecem perdidos nas suas existenciais, como que deslocados no tempo e no espaço. Lutam para que a sua memória permaneça entre os vivos depois da sua morte.
Penso tratar-se de uma abordagem existencialista da vida.
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Elizangela 06/03/2021

Ver ao longe...
Concluo a leitura de A imortalidade com uma ponta de melancolia e saudade. Que texto! Milan Kundera recheia seu livro de reflexões de uma vida cotidiana. Fala do espanto de ver uma rua movimentada e só querer, naquele momento, ter uma flor para admirar. Fala da ideia do poema que nos faz ter instantes inesquecíveis. Nos fala do individualismo, do poder da pergunta, da nossa imagem frente ao outro... "Podemos nos esconder atrás de nossa imagem, podemos nos separar de nossa imagem: nunca somos nossa própria imagem." São reflexões que nos conduzem a pensar em nossa condição humana, em nossa condição sentimental e erótica. Nos obriga a ver ao longe...
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Mariana Orico 24/07/2020

Uma obra completa!
Já tinho lido Kundera uma vez e tinha me apaixonado. Dessa vez não foi diferente. O autor brinca com o texto com uma facilidade incrível, cheio de beleza e poesia não só fala sobre a imortalidade como traz referência a inúmeros artistas como Goethe, Hemingway, Heiddeger, Agatha Christie, Orwell, Dalí entre outros e várias obras imortalizadas também. Não bastando, cita ainda obras suas e se utiliza da metalinguagem.

A construção dos personagens é incrível, assim como a história do artista Goethe intercalando com as histórias fictícias. Só o final que acabou não sendo o tanto que fora o resto do livro. Mesmo assim, muito bom!

Acho que nunca destaquei tanto um livro como esse! heehehehe
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Magasoares 23/06/2020

A essência do ser humano.
O homem pode pôr fim à sua vida.
Mas não pode pôr fim à sua Imortalidade (..) Moral da estória: nós só somos aquilo que deixamos, se você deixa amor, será amado eternamente, se deixa ódio, será odiado.
Recomendo.
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Michel 09/05/2020

O eterno desejo de ser inesquecível em nós...
Considerei difícil classificar ou resenhar este livro, porque no instante em que sua trama causa determinada impressão, logo esta é desconstruída mais adiante. E isso não significa nenhum estorvo, mas sim, uma inusitada condução narrativa, que segundo as palavras do próprio Milan Kundera: “a única razão de um romance é dizer o que somente o romance pode dizer”.

Ao que parece, o autor se viu descontente com a adaptação de uma de suas obras mais aclamada, A Insustentável leveza do Ser. Sendo assim, Kundera quis desenvolver um livro que fosse nada menos que um texto impossível de ser adaptado.

A IMORTALIDADE é um livro um pouco complexo, mas não por ter uma linguagem difícil ou sofisticada, pelo contrário, Milan Kundera escreve de forma acessível. O problema é que o autor narra perspectivas distintas para mostrar um mesmo tema; esmiúça aspectos de diferentes personagens em tempos distintos inseridos na obra. Condensa tudo para chegar ao escopo que intitula a obra: a imortalidade que habita em cada um de nós.

A narrativa intromete-se pouco no que tange aproximar a pessoalidade do autor – que no caso aqui é também a personagem que narra a história, ou pelo menos houve a tentativa de confundir o leitor com tal sugestão – Milan Kundera simplesmente discorre sobre quem somos do ponto de vista situacional dentro da vida de cada um de seus narrados, deixando por conta do leitor qualquer forma de julgamento. Contudo, sacralizando a máxima desejante enraizada no ser humano desde que o mundo é mundo: o anseio de ser inesquecível.

Num universo atemporal, a trama divide seu espaço de importância entre diversas personagens; Agnes é a protagonista que desperta no autor a inspiração para a narrativa, um breve gesto e está criado o encanto que faz o criador querer contar uma história. Dispersando os universos, deparamo-nos com o famoso escritor Goethe envolto numa relação tempestuosa com a jovem e bela Bettina; temos Laura, a irmã de Agnes, mulher depressiva cuja mente vive desenvolvendo meios de tirar a própria vida; ainda há passagens em que acompanhamos a aparição de personagens ilustres como Beethoven, Napoleão Bonaparte e até diálogos entre o já citado Goethe e Ernest Hemingway.

O livro não é linear, seus capítulos pareceram-me independentes, não sendo necessário que sejam lidos na ordem em que estão inseridos. Os diálogos são caprichados e merecem o devido cuidado do leitor para frear em certos instantes. Do contrário, corre-se o risco de que seu conteúdo filosófico seja perdido.

Esse método de capítulos individuais e diversos personagens dividindo o espaço do livro pode ter seu lado bom no aspecto de discorrer determinado tema sob situações e ações distintas. No entanto, há o inevitável problema com algumas partes que são mais agradáveis do que outras, assim como podemos considerar personagens carismáticos e outros nem tanto. Quando nosso favorito desaparece por muito tempo das páginas, consequentemente o livro perde em prestígio.

A IMORTALIDADE é um livro sofisticado como um todo. Incerto quanto ao público alvo, mas apreciadíssimo pela maioria das opiniões que encontrei pela internet, seja de leitores comuns ou de críticos literários. O tipo de obra que precisa de tempo para ser digerida, que carece releituras, de conteúdo inesgotável e acessível, mas que pode incomodar leitores desavisados que desconhecem o estilo singular de seu autor.

site: outras resenhas no blog: https://dimensaoreluzente.blogspot.com/
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Suzana 10/04/2020

Imagem
Por mais que aparentemente não seja a personagem principal, Betina, na minha opinião é a que mais evidência como o anseio pela imortalidade, direta ou indiretamente, nos move e define nossas escolhas.
Betina tomava como critério principal para suas decisões, o impacto delas em sua imagem, esta que só é objeto de tanto zelo em virtude de um desejo onipresente, mas latente, de perpetuar nossa presença neste mundo que é o único que temos por certo.
Imagem e identidade se misturam irremediavelmente. Não sabemos, e acredito que também nem a própria Betina o saberia, onde estão nossos interesses genuínos, o que em nós há de verdade. Esse é um mistério, entretanto, do qual não há escapatória.
As fotografias imortalizadas da violinista nos pensamentos de Rubens podem ser o retrato mais fiel do "eu" essencial de Agnes, a imagem de uma mulher obcecada com a própria ou imagem. E quem pode culpá-la?
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Zé - #lerateondepuder 01/02/2020

Imortalidade
A Imortalidade é, por assim dizer, um romance um tanto quanto complexo, profundo não por palavras rebuscadas, mas pela abordagem de diversos temas, principalmente filosóficos, que seu escritor procura apresentar, sendo descrita de forma não linear, indo e voltando às histórias de seus personagens. Desgostoso por sua obra de 1983 tornar-se uma aclamada adaptação para o cinema (dirigido por Philip Kaufman, 1988), Milan escreve um livro que dificilmente será visto em alguma tela de cinema, composto por sete partes, onde o autor descreve alguns personagens, bem como a vida de Johann Wolfgang von Goethe e seu relacionamento com Bettina Brentano, referenciando a imortalidade das pessoas. Por incrível que pareça, Kundera ainda consegue a proeza de criar em algumas partes, diálogos post mortem que Goethe terá com o venerado escritor americano Ernest Miller Hemingway, elencando a imortalidade de cada qual.
Quanto aos personagens, em linhas gerais, teremos: Agnes, protagonista, formada em matemática, mas que trabalha com informática e é casada com Paul, tendo uma filha, Brigite; Paul, advogado, despedido de um programa de rádio, casado com Agnes e, depois de morte desta, com a sua irmã, Laura; Laura, irmã de Agnes, formada em música, separada, tem como amante, Bernardo, 10 anos mais moço, mas vai acabar a trama com Paul, após a morte solitária de Agnes, em um acidente; Brigite, filha de Paul e Agnes, jovem que tem grande intimidade, principalmente com o pai, irá sair de casa com o casamento de Laura e Paul, mas regressando com uma filha, após ser abandonada pelo namorado; Bernardo, amante mais moço de Laura que trabalha em uma rádio; Professor Avenarius, personagem com quem o narrador parece conversar sobre o tempo presente e sobre o desenvolvimento do livro; e Rubens, pintor de excelentes caricaturas, quando jovem, mas frustrado por não conseguir cursar a universidade de Belas Artes.
Na primeira parte, a personagem Agnes é inserida na trama, com o narrador justificando que a idealizou, baseando-se em uma idosa em que repara nadando em uma academia de ginástica. Era casada e mãe de uma filha, atarefada pelo trabalho, usando o sábado para realizar tarefas que não conseguia durante a semana, dentre estas ir à sauna e conversar com amigas, ouvindo as coisas do cotidiano. Ao sair da sauna, lembrou-se da infância e da conversa com seu pai sobre Deus, que nos tinha criado como um programa de computador implacável, nos deixando ao bel prazer, como que abandonados.
A segunda parte começa com a descrição de um momento cotidiano histórico com personagens ligados a Goethe. Um casal jovem que se hospeda em sua casa e uma mulher jovem que se insinua para um Goethe de mais de sessenta anos, trazendo ciúmes à sua esposa, uma vez que essa jovem tem muito mais tempo de vida que a mulher do escritor, ou seja, tem mais mortalidade. Segue com a história de Bettina e Goethe, ressaltando a questão intrínseca da morte e da imortalidade, destacando que Bettina gostava disso em Goethe. Essa história deve se basear nas cartas verídicas que Bettina Brentano trocou com Goethe. É aqui que Goethe faz suas reflexões sobre sua imortalidade. Pouco depois, aparece sua relação com Beethoven e, finalmente uma conversa sua com Ernest Hemingway, claro que ambos já mortos, criticando como foram tratadas suas respectivas imortalidades, muito por conta de suas obras.
Já a terceira parte retoma à Agnes, tocando na questão do gesto de despedida que ela havia desistido de fazer, para não se parecer com a secretaria de seu pai. Só que agora, ela escreve sua irmã mais nova Laura, observando esse gesto em Agnes. Fala de Laura, sua irmã mais nova que se apaixona por seu marido Paul, mas acaba se casando, porém, não pode ter filhos. Agnes tinha uma vida muito boa, mas Laura tinha uma vida nem tão boa, o que fez com que a Agnes cuidasse de Laura. As diferenças entre a sexualidade das irmãs são comentadas nessa parte. Laura é totalmente sexual, mas Agnes, nem tanto. Fala, também, da pretensa relação de Laura, mais velha, com Bernardo Bertrhand. Destaca alguns tópicos para comentar e refletir, como a IMAGOLOGIA, a questão da imagem que substitui o conjunto de ideias, nem sempre representa a realidade dos fatos.
Seguindo com a quarta parte, começa o julgamento de Goethe, com o testemunho de três personalidades. O narrador irá descrever que o amor de Bettina foi falso, por ter sido imposto a Goethe. Assim, tenta descrever o sentido do amor, segundo Bettina, uma virtude suprema. Cita o homo sentimentalis, um ser que valoriza os sentimentos, desenvolvido na história da civilização europeia, tão racional, e descreve o amor do coração e alma dos Cristãos. Conta a horrível morte de Agnes e como Paul fica fragilizado, recebendo de Laura um apoio incondicional.
Começa a quinta parte, citando Agnes que lia poemas de Rimbaud e continua falando sobre a teoria do acaso, pois não existe uma lógica no destino das pessoas. Conversa com o Professor Avenarius, sobre a intenção de não deixar que seu livro se transformasse um uma adaptação para filme e que este livro deveria se chamar Insustentável Leveza do Ser. Termina, voltando à morte de Agnes no hospital sem revelar o motivo, tendo Paul e Brigite chegado 15 minutos depois de seu falecimento.
A sexta parte começa o personagem Rubens, com o narrador descrevendo como é um horóscopo e qual sua relevância para nossa vida limitada. Fala sobre o tempo, o relógio que percorre o círculo e volta a posição anterior, como se fosse o eterno retorno. Vai contando que as pessoas como Rubens passam por fases e que ele vive naquele momento, o período da verdade obscena. É uma passagem bem erotizada de Rubens e suas amantes referenciadas apenas pela letra inicial do nome.
A sétima parte finaliza com a conversa com o Professor Avenarius sobre apostas de sair com celebridades. Depois, junta-se um certo Paul e conversam sobre sinfonias, aparecendo Laura e Brigitte, que volta para casa depois de ser abandonada pelo namorado com um filho. E acaba o romance, como se o narrador tivesse tido conversas com seus personagens, esclarecendo que o narrador, na verdade, não era Kundera, mas mais um dos personagens fictícios.
Foi um desafio descrever uma obra que tem tão poucas resenhas e, neste caso, a intenção foi a de comentar a história com um pouco mais de detalhes, até mesmo para elucidar a quantidade de aspectos tão díspares tratados neste romance. Esta edição resenhada trata-se da tradução de Teresa Bulhões e Anna Andrada, da Editora Nova Fronteira, RJ, de 1990 de 262 páginas. Ela pode ser encontrada para ser baixada em LelivrosLove, disponível em: http://lelivros.love/book/baixar-livro-a-imortalidade-milan-kundera-em-pdf-epub-e-mobi/, acesso em: 01 fev. 2020.
Por fim, a Imortalidade que Kundera aborda é aquela que deixamos depois de nossa morte ou nossas histórias talvez contadas pelas pessoas que ficam. O autor classifica que a preocupação com a própria imagem é a incorrigível imaturidade do homem e que você pode até mesmo dar fim à sua vida, mas nunca a sua imortalidade. Foi por este livro que entendi uma das interpretações do título A Insustentável Leveza do Ser. Significa que o ser, as pessoas, podem assumir ou alternar diversos papéis, uma vez que estes não se sustentam. São, muitas vezes, leves demais.
Paz e Bem!

site: https://lerateondepuder.blogspot.com/2020/02/a-imortalidade.html
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Monique 30/01/2019

Kunderices
Kundera sempre me surpreende com seu jeito particular de escrever e, neste livro, parece que suas peculiaridades narrativas foram elevadas a máxima potência. A mistura do narrador com o próprio autor, a facilidade com que o terreno do romance é perspassado pelo do ensaio: a audácia de um autor que mostra para o leitor o processo de criação de uma personagem a partir de um gesto. Kundera não apenas conta uma história, divaga juntamente com o leitor pelos diversos campos do conhecimento.
Leo Moura 30/01/2019minha estante
Oi Monique, tudo bem? nunca li nada desse autor... qual obra vc me indicaria pra começar?


Monique 04/02/2019minha estante
Ah, a Insustentável leveza do ser. Com certeza!




Nádia 02/05/2017

#resenhapomarliterario A imortalidade
" Essa história mostra sem equívoco que não há pior castigo, pior horror do que transformar um instante em eternidade, arrancar o homem do tempo e do seu movimento contínuo."
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Cheia de sensações e sentimentos sublimes deixados por esse livro! Impressionada com a habilidade do Kundera. Ele começa o romance dele a partir de um gesto de uma personagem. Imagina um gesto capaz de ativar os maiores delírios da paixão... Eu infelizmente, mesmo com a descrição não consegui visualizá-lo. Já acostumada com ele tecer a história de maneira fascinante trazendo surpresas e envolvendo o sofrido leitor do início ao fim. Já odeio quando ele mata os personagens e não conta como. É uma decepção cósmica! O livro conta duas histórias paralelas. A de Agnes (a personagem principal que imortalizou o gesto que deu origem a história) é uma e a outra é sobre a difícil pós vida de Goethe e Hemingway num papel de imortais. Que simplesmente me levou ao ápice do amor ♡ Esse Kundera diz da maneira mais poética e clara coisas que são difíceis de expressar.
Demorei mais tempo q o normal pra ler devido às cópias. Era muito trecho lindo pra ficar fechado num livro.

site: https://www.instagram.com/p/2HK707Gv4n/?taken-by=pomarliterario
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Nóbrega 28/02/2017

Um ensaio sobre a essência da imortalidade
Será que nossos imortais são os mesmos de outrora e, suas obras e suas vidas continuam a influenciar o mundo?

É fato que a realidade é mais forte que quaisquer ideologias e a imagologia é mais forte que qualquer realidade. Daí o ser imortalizado, hoje com poucas exceções, é um não-cultura; um não-obra, frutos de uma mera imagologia.

Salve os imortais!!!
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Rafael 24/10/2016

Kundêrerê
A sempre fascinante e filosófica escrita de Milan Kundera segue dessa vez a vida de duas irmãs e a relação entre irmã mais nova e irmã mais velha. Ao longo do livro, a irmã mais velha tende a se desassociar do mundo enquanto a mais nova vai abocanhando filosoficamente o seu lugar.

Como de praxe nas obras de Kundera, há um certo nível de machismo. Dessa vez, porém, bem mais sutil e nem um pouco tão horripilante quanto nA Valsa dos Adeuses, nada que impeça a leitura. Quase todo o sexismo fica centrado na opinião dos personagens e isso não resvala no desenrolar da narrativa e nem na obra ao todo. Mesmo assim, sempre fico confuso ao tentar compreender a paixão que esse homem tem pelos personagens mais escrotos. Parece que quanto mais escroto, mais sente-se o apego de Kundera nas linhas que descrevem as suas ações.

Os destaques positivos vão para os sucintos momentos de reflexão com relação aos conceitos simples que regem a vida humana, como a vergonha, a solidão e a imortalidade. Há algo meio Jô Soares ao trazer ao status de personagem figuras célebres, aqui encarnados nos escritores Goethe e Hemingway em suas geniais discussões, no além. É notável também a quebra da quarta parede quando Goethe diz “Não seja idiota, Ernest, você sabe que no momento não somos senão a fantasia frívola de um romancista que nos faz dizer aquilo que provavelmente nunca dissemos.” Além disso, o próprio escritor também participa do livro, não apenas como narrador. Vale a pena também checar a opinião de um filósofo sobre o horóscopo.

O charme das obras de Kundera, além da dissecação metafísica das emoções, é escrever de forma que todo o livro seja uma viagem interessante e não-apressada, muitas vezes de forma não-linear. De maneira profunda e madura, o autor evita e execra os livros de hoje em dia que gastam toda a sua extensão na criação da tensão para o clímax, assim invalidando todo o conjunto de uma obra que deveria ser um deleite do começo ao fim.

Infelizmente o conjunto da Obra de Kundera no Brasil, talvez por ser extenso, não recebeu o devido tratamento. Essa edição por exemplo, não consta na ótima coleção da Companhia de Bolso, mas consta na da Companhia das Letras, que não tem as outras. É difícil colecioná-las. Apesar das capas da versão da CdL serem realmente belas, o livro é diagramado de forma a ter mais de 400 páginas e custar uma nota. Vale muito mais a pena procurá-los na Estante Virtual.

O ponto mais positivo dos livros de Kundera, é o poder de transformação/reflexão que suas palavras tem sobre o leitor. É como se cada passagem estivesse carregada de uma sabedoria valiosa demais para nos esquecermos. Talvez por isso seja tão fácil reler alguns dos seus livros.

site: http://www.castelodecartas.com.br/index.php/2016/10/06/imortalidade-rapidinhas-12/
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psykloz 17/01/2016

Uma história acontece na mente do narrador e ele a conta, baseado em inspirações da própria realidade. Casos de morte e imortalidade: atemporalidade. O significado da vida, a importância e o papel que cada pessoa teria em vida e pós-vida. É possível escolher não ser imortal? Seu rastro deixado no tempo. Suas marcas. Tanto capricho para ser bem lembrado e, por fim, ir-se sem o controle sobre o que será reverberado de você após seu corpo não mais habitar este mundo. Lembrar-se-iam de todos os aspectos negativos a seu respeito sem que você esteja aqui para se posicionar? Não há o que se fazer a respeito disso.

Interessante o constatar das diferenças entre as pessoas ao mesmo tempo iguais. Contraposições que se complementam. Seus contos são de complexos pessoais a respeito da vida, de suas fases. Narra a visão que as pessoas têm uma das outras. A relatividade dos problemas (os reais problemas?). Uma fantástica filosofia sobre o estar vivo e sobre o que é a vida. Os significados, o amor, a paixão. Aceitar algumas definições e convicções. Viver melhor em conformidade. Sobre os acasos, as coincidências e seus tipos.

O livro é uma sequência de anedotas que se complementam a fim de explicar, em partes, o que acontece com fragmentos da vida e da morte; de como tudo funciona ou de para que serve tal coisa, tal gesto. A maneira como, no fim, tudo acaba estando relacionado entre si. Os acontecimentos, as falas, como se todos participassem de um imenso telefone sem fio.

O personagem percebe que, apesar de ter querido viver com intensidade, nada mais fez do que colecionar momentos com pessoas as quais ele não se recorda. Flashes de momentos sem detalhes, sem rostos. A teoria do riso. O retrato do riso. Os encontros e acasos da vida. No fim, todos os personagens faziam parte da mesma história, sem tal intenção. A conclusão foi a de que não fugimos do que nos incomoda no mundo, apenas aprendemos a enxergá-lo de um ponto de vista cômico.

Senti-me confortável com a leitura, pois muito me identifiquei com a escrita. Seria da forma como eu colocaria minhas próprias ideias se fosse eu a escrever um livro. Muitos pensamentos foram também pensamentos que eu tenho, na minha realidade.
Jéssica 27/02/2017minha estante
Sempre tão lúcida!




Nerd Geek Feeli 31/07/2015

A Imortalidade: Milan Kundera no limite do onírico
O que Kundera parece fazer em A Imortalidade (assim como em todos os seus livros) é suspender no ar, como faria um malabarista, um grande número de elementos coloridos de diferentes formas e funções, não relacionados uns aos outros. E lá ficam tais elementos: suspensos no firmamento, jogados pelo autor a fim de que nós, leitores, não possamos ter noção de que forma terão quando caírem. Aos nossos olhos, por demais destreinados diante da mente genial de Milan Kundera, parecem fadados a caírem desajeitados e sem forma certa os objetos suspensos, dando à trama até então escrita um tom sem sentido, uma não coerência digna de quem se faz de intelectual sem compreender sequer os óculos que porta à ponta do nariz.

[...]

Sentimos em todos os romances de Kundera, mas sobretudo neste, que o cotidiano é um plano de fundo pintado com cores fortes no teatro em que atuam as personagens criadas – ou orquestradas – pelo romancista.

[...]

As analogias usadas pelo autor são um excelente exemplo disso. As comparações utilizam elementos ordinários e, por isso, deveriam ser hediondas. No entanto, até mesmo as pequenas coisas – os óculos de sol de Laura, ou os óculos de grau de Bettina, a foto ampliada, o corpo da mulher vitimizada emagrecido, a ridícula imagem de duas mulheres crescidas no colo de um homem de meia idade – tornam-se poéticas e únicas, ao mesmo tempo que ganham uma solidez realista na pena de Kundera.

Leia a resenha completa no link abaixo:

site: http://nerdgeekfeelings.com/2015/07/22/livro-a-imortalidade-milan-kundera-no-limite-do-onirico-resenha/
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