Slytheus 17/10/2024Surpresa totalMais um clássico da nossa literatura foi lido. O negócio de ler clássicos, é que não é apenas ler, é também, pesquisar o ano do livro e tentar entender o contexto social da época. Por exemplo, uma das coisas que mais torna esse livro interessante, é saber que ele é da era do romantismo, e mesmo assim, não segue esse gênero, e sim, um mais realista, que ainda estaria por vir.
Memórias de um sargento de milícias é um pequeno-grande folhetim, que vai narrar a vida de vários personagens, embora, apenas um seja de fato o grande protagonista do enredo. O livro já difere dos demais, ao mostrar, como o nosso protagonista, não é nada perfeito, não é idealizado. O autor faz questão a todo momento do livro, deixando claro que Leonardinho, é uma peste de criança e vai continuar sendo assim, até sua vida adulta. Vamos acompanhar todas as suas peripécias, desde a infância até ele ser de fato o sargento que dá título ao livro. Não apenas ele, como também, acompanhamos vários personagens que estão à sua volta. Apesar de não se aprofundar no íntimo de cada personagem, cada um tem sua pequena importância e um papel dentro dessa obra.
Eu ouvi depois de adulto o termo "personagem cinza" que é muito utilizado pelos fãs de "as crônicas de gelo e fogo", pois é assim que o George R.R. Martin, define seus personagens, por não serem bons e nem maus. Aqui, nesse clássico do Manuel, já poderíamos ter usado esse termo, pois, todos os personagens, tem um passado ou um presente sujo, mas ao mesmo tempo, são personagens bons. Mostrando de fato, como é o ser humano, e mesmo assim, fazendo a gente gostar de alguns personagens.
Com certeza é um dos melhores livros da nossa literatura clássica. É mais um daqueles romances, que a gente quando jovem, retorce o nariz, por imaginar que sua escrita será de difícil entendimento, mas que nada, é tão mais fácil do que imagina. Mais uma obra no meu repertório, que eu indicaria para qualquer pessoa que tenha interesse ou que queira dar uma chance para o clássico nacional.