mizumonoo 07/05/2021
Memórias de um Sargento de Milícias
~CONTEXTO HISTÓRICO:
Memórias de um Sargento de Milícias é um livro nacional escrito por Manuel Antônio de Almeida e publicado em 1854 por meio de folhetins. Apesar de estar situado historicamente no período romântico, o livro destoa bastante das obras da época, uma vez que é um livro de transição entre Romantismo e Realismo.
O livro é caracterizado como romance urbano (também chamado de romance de costumes) e é responsável por introduzir na literatura nacional a figura do malandro.
~MINHA OPINIÃO:
Em suma, eu adorei ler o livro, foi uma experiência muito divertida e que rendeu boas risadas.
A primeira coisa que reparei é que a linguagem do livro é bastante objetiva, me lembrando um pouco textos jornalísticos. Foi algo que não esperava, pois boa parte dos livros que li situados nesse período eram altamente pomposos no linguajar, mas não fiquei decepcionada, o narrador é uma das maiores virtudes do livro.
Contudo, devo admitir que até a página 70 a história não tinha me prendido a atenção. As únicas partes que chegavam a me divertir eram as trepeças do Leonardo, a descrição dos costumes da época - que me deixou interessada - e, em especial, os comentários irônicos do narrador, que considero a melhor coisa nesse livro.
A partir do momento que Leonardo conhece Luiza a história começa a andar de verdade e o livro se torna viciante. Os plot twists a cada fim de capítulo (algo comum para os livros que foram publicados em folhetins) não me permitiam largar a leitura e o tom de ironia com que toda a história é narrada deixa tudo mais cômico ainda, encaro o livro como uma grande sátira.
Mas nem tudo é um mar de rosas, algumas coisas chegaram a me incomodar na leitura, entre elas a falta de profundidade psicológica, que no livro é uma faca de dois gumes. Os personagens do livro são esteriótipos, uma espécie de caricatura da realidade, tal fenômeno reforça o humor do livro e intensifica o a narrativa zombeteira com que é contada a história. Entretanto, os personagens acabam se tornando planos, o que para mim foi um pequeno incômodo, já que como leitora adoro profundidade psicológica. Porém, como disse anteriormente, não é algo necessariamente mal, pois ajuda na sátira.
Como consequência desse aspecto do livro, não pude me apegar a nenhum personagem, pois pouco sei sobre eles. Se fosse necessário selecionar um favorito escolheria o narrador, que inclusive tive a impressão de ser um grande mal amado, pois a forma que conta a história é com tamanho deboche que me rendeu diversos risos, inclusive ironiza até o próprio Romantismo da época. De fato, uma das coisas que mais gostei no livro: o narrador.
~CONCLUSÃO:
O livro é curto, leve, com linguagem objetiva e, além de tudo, é engraçado, recomendaria para qualquer um. Gostei bastante da leitura e acredito que seja um livro que vale a pena ser lido.