roninhowv 15/06/2024
Envolvendo-se em meados do Brasil Imperial
Sinceramente, uma das melhores coisas é ler a literatura brasileira depois de ter estudado um pouco sobre a história do país. A obra se passa em meados do século XIX, no Rio de Janeiro, e com a escrita fantástica do Manuel Bandeira, o leitor se sente presente nas histórias cômicas que são relatadas no livro.
Com uma linguagem antiga, no entanto, simples, o autor constrói uma narrativa extremamente cativante que te prende nas personagens. É muito interessante a forma como são descritos os ofícios, os costumes, a cultura diversa -ciganos, africanos e europeus, por exemplo- e as repressões da época. Ao longo da história, o narrador vai conversando com o leitor, estabelecendo um diálogo, fato que te deixa mais preso ainda na leitura. É como se ele te contasse uma história de Leonardo-pataca que foi traído por Maria em seu infeliz casamento e, a partir disso, a história de diversas personagens se desenvolve - o compadre, o filho deles, a comadre, o major da polícia e outros vários personagens da trama.
O maior foco narrativo se torna o Leonardo (o filho do Leonardo-pataca e da Maria), o qual leva uma vida 🤬 #$%!& , possibilitando, desse modo, a narração de várias formas de vida do Brasil no século XIX. Ciganos, escravizados, patuscos, homens e mulheres livres e pobres fazem parte dessa diversa sociedade do país.
Ao ler o posfácio, noto que a figura do Major Vidigal retrata a presença da monarquia nessa narrativa ao exercer o seu poder na criminalização da capoeira, das patuscadas e as mais diversas práticas religiosas africanas.