spoiler visualizarDani 31/08/2023
Quebra de expectativa
Se você gosta de psicologia, a primeira parte do livro pode até parecer interessante quando a Dra. Clarissa – que é uma psicóloga Junguiana – fala sobre a terapia dos contos, ela comenta sobre a interpretação moral dos contos, ressalta os preconceitos e intolerâncias que você irá encontrar quando começar a ler devido ao contexto histórico, e vários outros pontos importantes sob o olhar psicológico e como se reflete na criação das crianças. Desse modo, você segue para os contos e as histórias fluem, porém, se você, assim como eu, esperava um livro angustiante e assustador, como se fosse um lado macabro dos contos da Disney, há uma quebra de expectativa e você começa a se questionar se é a própria Disney que é o lado macabro das históricas. Um exemplo disso é o caso da Branca de Neve, que em todos os lugares que você pesquisar sobre ‘’o lado bizarro dos contos da Disney’’ irá aparecer de cara a Branca de Neve e como aconteceu o final da madrasta, porém pelos irmãos Grimm é contado da seguinte forma: ela come a maçã, o pedaço envenenado permaneceu na boca e por isso ela fica morta. Quando o príncipe a viu, quis levá-la para o seu reino, e sim, é bizarro, mas não é verbalizado, no conto não acontece o beijo, apenas o pedaço da maçã saiu de sua boca quando ele tentou transportá-la para o seu reino, consequentemente retirando o veneno e a Branca de Neve retorna a vida, logo na versão Disney há a necrofilia, o que é não só macabro e nojento, como perigoso se considerarmos que os contos de fadas são meios de educar as crianças. A leitura segue e você começa a se perguntar se não já leu aquele conto há 10 páginas atrás, e antes da metade do livro percebe-se que os contos seguem uma fórmula maçante tornando o livro repetitivo e tedioso. Há a segunda quebra de expectativa para aqueles que esperavam um livro enérgico, contrário dos contos que começam com o ‘’era uma vez’’ e terminam com ‘’e viveram felizes para sempre’’, pois a partir daí há uma fórmula que segue exatamente esse início e final de forma camuflada. Alguns contos você tem que pôr a sua mente no devido contexto histórico para entender a moral e lembrar de como era a criação incorreta daquela época para tentar entender a moral da história, mas outros, por mais que você quebre a cabeça para entender, simplesmente não possuem lógica. Inclusive, alguns pareciam ser frutos de LSD. Nas últimas páginas as coisas começam a ficar interessantes de novo, uma vez que aquela angústia que você procurava e já se sentia frustrado por não encontrar, aparece e do nada os contos com finais tristes e verdadeiros são contados, porém são poucos e o fato do início e o final serem interessante, não conseguiu apagar o sufoco que o meio do livro trouxe por tanta história monótona e chata.