spoiler visualizarJessica1241 04/04/2023
"A primeira pedra me atingiu no peito"
23:54hrs. 6 minutos para o outro dia.
E simplismente terminei de ler uma das maiores obras nacionais contemporâneas de minha pequena vida.
Eis então a grande pergunta chave:
Foi amor?
(Respiro fundo e começo a digitar minha sincera opinião sobre essa bomba de palavras regionais)
Dentre os vários conflitos, os vários contextos, enredos e tudo que se some mais a situação. Temos um fotógrafo, Cauby, que com seus olhos cinematográficos capturou a imagem de uma mulher um tanto quanto, diferente. Enigmática para ele, eu diria. No início, interpretei como um jogo, um ceder as tentações, já que estas pareciam tão envolventes.
Ele viu algo nela e ela, com toda certeza enxergou alguma coisa nele. Foi recíproca a curiosidade
00:06hrs. 6 minutos após a meia noite.
Eu digo, o resto da história tmb deixa um grande amargo na boca. O chinês, aproveitador de, bem, é melhor não citar; um jornalista com necessidade de reconhecimento, pequeno estrelinha precisando de um espetáculo onde as cortinas vermelhas se fechem e os aplausos se escutem. Depois um homem que jamais aceitou ser fotografado, mas que, para nosso Cauby, tornava-se ainda mais fascinante, pois o senhor de expressões fortes era respeitado pelo povoado com certa reverência.
Tinha Ernani, o pastor que nada mais fazia que seguir a "vontade de Deus". Casto, metódico, sério. Na história, em minha opinião, não passou de um homem que tentou ao máximo consertar uma alma que, primeiramente, precisava de nada mais nada menos que ajuda psíquica. E tudo tornava-se tão ignorante, tão... Cru de escasso e de "cruel". Mazelas sociais, adormecidas pela importância do banal, a qual a própria cidade é movida a dedicar-se. Um dia um infortúnio regido por garimpeiros era posto em escanteio por uma matéria no jornal feita por um homem já morto (Essa só entende quem leu).
E então, retorno para o foco central. Lavínia e Cauby. Um amante da adrenalina e uma amante do diverso. Talvez? Talvez. Jogo isto no ar. Pois ele sempre preferiu olhar o mundo com as lentes de suas câmeras, do que com os olhos desconfiados dos moradores dali, dos "realistas". E ela, ela lhe sorriu totalmente. Mostrou-lhe tanto, e costurou a teia em que ambos se enrolariam. Uma linda teia, com músicas clássicas, e cigarros. Mas não se engane, foi ele quem terminou de dar o laço.
O autor vai recheando a gente de belas palavras, citações que deixam tudo tão profundo, que nada mais era como no senso comum. Naturalizado, ou mostrando que o amor não é um pequeno átomo formado por elétrons, prótons E nêutrons(de forma clichê, negativo, positivo ou neutro)?? Devo dizer que as exatas 00:35hrs, vi que oque cercou este mundo de injúrias, problemáticas, cochichos, ameaças, medos, era o pequeno afeto que cresceu naquela cidadela cheia de olhares e perigos. Eles construíram um amor torto, no modo deles, na visão deles. Tudo ali foi movido pelo caos externo e interno, isso seria o bastante para julgarmos a impossibilidade de sentimentos?
Dependência emocional? Traumas refletidos? problemas na infância? Psicologicamente as opções são inúmeras, mas após ler a última linha do livro, sinto que sentimentos não se atrelam ao perfeito convencional batizados em livros pacificos ("e cor-de-rosa, porque omitia os fatos mais dolorosos"). Logo, quer você e eu e todas aquelas facetas, ou não queiram, o amor deles foi um sentimento, portanto não se classifica como uma escolha. Não se classifica como algo banal e aventureiro. E se prestarmos atencao ao final, vemos que aquilo tudo não pode tratar-se de uma simples escolha.
Pois quando a primeira pedra atingiu o peito dele, jamais o pensamento contra ela foi presente. Ele acreditava nela. Ele a amava.
"Você não teria esperança?
Ela já permite que eu a chame por seu outro nome. E eu faço isso com uma satisfação intensa, muitas vezes, quantas ela pedir. Não me canso. Recito em voz alta: Lavínia. É música na minha boca. Minha canção e meu estandarte. Meu poema sujo de sangue"