Mialle @mialleverso 03/10/2019nopeO livro começa com um paulistano numa cidade do interior do Pará e nada contra, mas o personagem gosta de fazer citações, ler mil livros, falar de música clássica e se sentir superior na pequena cidade não desenvolvida. Não é meu tipo de personagem principal.
Cauby é um tipo de homem que é chato por si só, apaixonado então...
É aqui que entra nossa mocinha, Lavínia, que é casada com um pastor local e claramente precisa muito de ajuda, terapia, um psiquiatra provavelmente, mas isso não interessa a Cauby, já que ela é toda doida e muito bonita e por aqui que o livro perde completamente para mim. O desenvolvimento da personagem é terrível e recheado de clichês de abuso e maus tratos para validar sua loucura. Já cansei de personagem feminina que precisa sofrer para avançar a própria história. Aqui nem isso acontece, o sofrimento do passado de Lavínia é para validar sua loucura.
Existem duas Lavínias na história, uma mais recatada e outra devassa e sensual e Cauby claramente só demonstra grandes interesses pela segunda. Até mesmo o pastor só se interessou por Lavínia por sua beleza e aqui fica realmente difícil. É possível ver a personagem se perdendo, sua fragilidade, seu trauma, mesmo que isso não interesse a Cauby ou ao autor e ainda assim só importa a beleza e é isso que o autor tenta disfarçar como amor e por isso eu não gostei nem um pouco.
Não tem como ler esse livro e não sentir que a forma como Lavínia sofre e é tratada em nome do amor é errado, isso não é amor de forma alguma. Uma das frases de abertura do livro é que "o amor é sexualmente transmissível" e foi isso mesmo que o livro passou, amor precisa de sexo e beleza, sem isso não vai ser possível e enquanto houver isso, nada mais importa, mesmo que todos se destruam no processo.