Alana N. 06/01/2024
"Suportamos a existência tentando converter o banal em épico."
“Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios” é um livro visceral.
Para começar, quero enaltecer a escrita desse autor. Meu Deus, que livro magistralmente bem escrito. É uma prosa bonita, poética, artística e, ao mesmo tempo, crua. O autor não tentou deixar o mundo mais bonito para caber em algum tipo de ilusão romântica. Não, ele pegou a sarjeta da sociedade, deu palco a ela e mostrou suas belezas e agruras. (Nem sequer o casal de protagonistas, e o envolvimento deles, é dotado dessa beleza ilusória que tantos romances românticos nos vendem.)
Cauby e Lavinia são intensos e interessantes, mas possuem um envolvimento tão problemático quanto o ambiente que os cerca. Você fica o tempo todo se questionando se torce por eles ou não.
Mas, sim, é um livro pesado e com uma boa quantidade de gatilhos. Leitores sensíveis a temas como: problemas psicológicos, bipolaridade, estupro, abuso, pedofilia, etc, talvez devessem entrar com cuidado na leitura, mesmo que, em contrapartida, esses temas sejam abordados de uma forma bem feita e a prosa rebuscada camufle o peso do que está sendo tratado.
Acho que entrar nessa leitura buscando pelo belo, lírico e puro não é a melhor estratégia, uma vez que isso só irá gerar frustração. Entendo que o título traz essa ideia de amor idealizado, mas não é isso que vamos encontrar. Esse é um relato de um amor intenso, repentino, real, mas “errado”, vulgar e contraditório.
Com certeza, é o tipo de livro que indicaria para TODO MUNDO. Foi uma das leituras mais deliciosamente intensas que fiz nos últimos tempos. O envolvimento desse casal é como uma dança muito elaborada, mas fadada ao desastre, da qual você não consegue (e nem quer) desviar o olhar.
Enfim, posso dizer que comecei o ano com o pé direito, mesmo que essa intensidade e magnitude tenham me deixado a um fio de uma ressaca DAS BRAVAS. Leiam, por vocês, de verdade.