gr.will 13/08/2022
leitura rápida, mas que precisa ser digerida
É um conto curto e confuso, mas bem interessante. Depois de ler fiquei achando que não tinha entendido nada, então decidi ir atrás de textos e vídeos de apoio. No final, não descobri grandes coisas que iluminassem minha leitura porque compreendi que eu tinha, de fato, entendido o texto.
O estranhamento que eu experimentei (e pelo jeito todas as pessoas que leram esse conto também experimentaram) é justamente o efeito causado pela própria escrita do Zamiátin: narração fragmentada, reticências que dificultam completar o sentido, metáforas que assumem o lugar dos elementos da narrativa, etc. Na verdade, para mim que já tinha lido "Nós", reconheci em vários momentos esse estilo de escrita do autor o que me deixou mais seguro de, simplesmente, seguir adiante com a leitura por saber que, no final, eu iria entender melhor o que estava se passando.
Outra coisa que ajudou bastante na leitura do texto foi o prefácio. Na minha opinião, uma baita síntese do conto e que, junto com as notas de rodapé, ajudam a entender melhor o conto. Obviamente que o estranhamento com os diferentes tempos históricos justapostos causa certo baque, mas como dito anteriormente é o efeito esperado, provavelmente.
Um último elemento que achei interessante em textos e vídeos de apoio foi o panorama da Guerra Civil Russa. Particularmente, depois de pensar na escrita do texto nesse período (e considerando o estilo distópico e as analogias primitivistas próprias do Zamiátin) ficou mais fácil refletir sobre a história se passar em Petrogrado, sobre a metáfora do Mamute, sobre a queima de livros etc. Mesmo assim, é bom tomar cuidado para não entender a obra de Zamiátin apenas como uma alegoria crítica à Revolução Russa e ao Estado Soviético. Embora tenha tido seus conflitos com o regime antes de pedir exílio, sua obra é bem mais complexa que isso.