spoiler visualizarAdamastor Portucaldo 18/08/2023
A indústria editorial tem que viver...
Segundo a Wikipedia:
["O mundo como eu o vejo" é um livro de Albert Einstein traduzido do alemão por A. Harris e publicado em 1935 por John Lane The Bodley Head (Londres). O livro alemão original é Mein Weltbild, publicado pela primeira vez em 1934 por Rudolf Kayser, com uma edição estendida publicada por Carl Seelig em 1954.]
A versão que tenho tem copyright de 1953. Composto por diversos artigos, cartas, entrevistas e pronunciamentos, formando um mosaico sobre diversos assuntos, mas em português claro, é um catadão quase sem pé nem cabeça, pois os textos são jogados sem data, ordem cronológica e nem onde foram escritos, sem qualquer explicação.
Fora da física, as opiniões de Einstein sobre alguns temas, fica evidente: a autoridade dele não é muito melhor do que a de um afegão médio.
Não sei se é a tradução, a edição ou o quê, mas lá pelas tantas Einstein é citado - e não se imagina quem fez isso. Tem meia dúzia de notas, mas não se vislumbra qual é o critério. Porque não se apresenta a data e o contexto dos escritos?
Será que o povo que elogiou esse livro viu que o grande físico ao palpitar sobre economia era um belo anticapitalista e intervencionista? Na WIKI também encontrei um rasgado elogio dele ao Lenin, nos anos 20. Veja exemplos (pg98): "para impedir uma crise, planificação econômica de produção e distribuição dos bens de consumo." E em seguida elogia a Rússia!! (texto após a WWI?) - OK, só levou uns 60 anos pra cair o muro. Outra pérola: "o estado fixará e controlará preços A FIM DE CONTER A EXPANSÃO DO CAPITALISMO." pg94.
Ingênuo, escreve em 1932 a favor do desarmamento mundial.
E esta: "a introdução do serviço militar obrigatório é a principal causa da decadência moral da raça Branca"??? Racismo, tapado, ingênuo ou o quê?
Sobre a Palestina, escrevia nos anos 30 que a ocupação por judeus "não tinha meta política, mas antes social e cultural". Capisci? Aliás, parece que também ajudou a criar uma universidade em Davos, Suíça, mas "com recusa a qualquer posição política" (pg33). Hahaha...
Ele se revela pacifista e desarmamentista, mas na hora da onça beber água, aconselhou o presidente F. D. Roosevelt a investir no que virou o projeto Manhattan e a bomba atômica! Isso mesmo!!
Na pg30, ao aconselhar uma aluna (de Princeton?) ele escreveu que o texto dela é "tudo tão feminino, quer dizer dependente e eivado de ressentimentos." Pode isso?
Na hora que aparecem os textos sobre física, aí o livro, ainda um mosaico, sem qualquer referência, fica quase absolutamente abstruso, impenetrável para o pobre mortal. Parece que faltou aquele bom revisor com algum conhecimento técnico. E se tem um erro crasso (apresenta uma grandeza imaginária (i) com o termo raiz quadrada de um, positivo - e o i, como se sabe é a raiz de menos um), é certo que tem muitos. Cada macaco no seu galho.