AleixoItalo 21/04/2021O encontro do realismo fantástico com o regionalismo nordestino, num livro curtinho e maravilhosamente gostoso de se ler!
A trama acompanha a história de Samuel, que parte numa peregrinação em promessa feita a mãe no leito de morte. A jornada o levará até a cidade amaldiçoada de Candeia, um lugar mágico perdido no meio do Sertão, onde vozes que ecoam de uma estátua abandonada ajudarão a conectar o passado e o presente dos sobreviventes malditos.
Com influência direta de Gabriel García Márquez, Acioli cria um Realismo Mágico brasileiro com os ares do sertão nordestino. A trama que passa por gerações diferentes, é repleta de mistérios que vão se descortinando e sendo resolvidos graças ao novo porta voz da estátua, numa trama onde realismo e fantasia se misturam com o passado e a tristeza dos personagens, permeados nas areias do tempo.
Candeia se espelha em outras cidades “mágicas” da literatura latino americana e se torna um personagem vivo que respira ou agoniza com o andar da história, mesmo em poucas páginas podemos ver seu desenvolvimento: de cidade fantasma à centro de peregrinação, numa explosão caótica de vida. Personagens carismáticos e exóticos se unem a soturna e árida paisagem local, como elemento definitivo que compõe o cenário do livro.
Não se trata de uma obra de arte ou mesmo de um clássico e ainda assim podemos sentir o ecoar das páginas de ‘Cem Anos de Solidão’ e ‘Pedro Páramo’, suas prováveis maiores referências, isso tudo com uma originalidade excepcionalmente regional.
O livro é curtinho, mas isso não é pecado, mesmo com alguns desfechos acontecendo de forma precipitada, ‘A Cabeça do Santo’ é aquele tipo de história gostosa que os mais velhos adoravam contar com a família reunida ao entardecer e merece ser lida por qualquer um que aprecie uma boa história!