Carous 18/12/2021Clara Averbuck é um nome que reconheço das redes sociais e dos textos feministas encontrados em alguns blogs.
Não fazia ideia de que escreveu este livro curto voltado para um público mais jovem e desconheço o que disse nas entrevistas de divulgação da obra. Vi esta informação em uma resenha no Skoob e parece que ela disse que escreveu algo que ela gostaria de ter lido aos 14 anos.
É, acho que não me faria mal ter lido este livro nessa idade também. Acredito que teria curtido e ainda daria boas gargalhadas com Iracema. Já não tenho certeza se captaria todas as nuances do texto.
Mas também curti ouvir esta história depois de adulta.
Aliás, a narração merece elogios à parte. Eu não sei se há premiação para narradores, mas, sem dúvida, Bruna Matta merece aplausos e reconhecimento pela interpretação espetacular que fez da protagonista. Não acho que a história seria tão imersiva para mim não fosse pela narradora. Duvido que >eu< lendo daria mesma entonação - e nos momentos certos - que ela.
E o texto de Clara Averbuck é bom. Ela escreve bem e retrata com facilidade o espírito adolescente - ainda mais uma rebelde tal qual a própria autora e Iracema -. Os diálogos e a linguagem coloquial combinam com a história. Não pareceu que era um adulto retratando uma adolescente e sim uma adolescente narrando a própria história.
Claro que quem conhece a vida da autora nota algumas semelhanças entre ela e Iracema; talvez por isso foi tão fácil reproduzir o jeito jovial da protagonista.
Tive receios quanto à Iracema. No início ela emanava muito a vibe "diferentes-das-outras-meninas-só-que-melhor-que-elas" E... isso não é legal, nem feminista. Mas a autora conduziu bem esse traço da personagem.
Iracema é engraçada e carismática. Ela tem aquela arrogância juvenil que todo adolescente traz consigo, como se já tivesse decifrado tudo e que só quando nos tornamos adultos é que sacamos como éramos tolos e cheios de si.
Era o oposto de rebelde na adolescência, recebi uma educação tradicional e católica dos meus pais que jamais estranhei ou questionei, me adaptei ao sistema escolar (acho que eu era a aluna eles queriam) e, apesar de ir mal em algumas matérias, sempre enxerguei a utilidade de todas para minha vida. Ainda assim, me identifiquei com Iracema. Prova de adolescente são, essencialmente, iguais.