spoiler visualizarAna Paula Teodoro Benedet 19/08/2024
Bom...
Essa foi a última obra de Machado de Assis, e nela o autor conclui sua fase madura, marcada por uma análise perspicaz da natureza humana. Narrado em forma de diário pelo conselheiro Aires, um diplomata aposentado, o romance oferece uma reflexão melancólica e irônica sobre a vida, o tempo e as relações humanas.
O conselheiro Aires, ao registrar suas impressões diárias, expõe a decadência das emoções e a inevitável passagem do tempo. A trama, centrada no cotidiano de personagens secundários, não é o foco principal; em vez disso, Machado explora a sutileza dos sentimentos e a complexidade das relações sociais.
O romance destaca-se pela sua linguagem refinada e pelas reflexões filosóficas que permeiam o texto. Machado, ao criar Aires, oferece um personagem que, embora observador e distanciado, revela uma profunda compreensão da vida e das pequenas ironias que a compõem. A ausência de grandes reviravoltas e o tom sereno podem causar estranhamento para leitores acostumados com os dramas mais intensos de suas obras anteriores, mas é justamente nessa simplicidade que reside a genialidade de "Memorial de Aires".
Em suma, "Memorial de Aires" é um testemunho da maturidade literária de Machado de Assis. Embora seja uma leitura mais introspectiva e menos vibrante em termos de enredo, oferece uma rica reflexão sobre o sentido da vida e a passagem do tempo, fazendo com que o leitor compartilhe da serenidade e sabedoria do conselheiro Aires.