Giseleonina 30/10/2024Um ensaio sobre o quanto nossa voz é silenciadaQuando Virginia Woolf escreveu este ensaio, o ano era 1929, e ela já notava algumas conquistas femininas recentes em sua época. Fui pesquisar algumas dessas conquistas no Brasil nesse período e não encontrei as mesmas que Woolf citou, apenas posteriormente, na década de 1960.
Claro, a Inglaterra foi a colonizadora que passou pelas revoluções liberais e industriais, enquanto nós fomos colonizados e vivemos até hoje sob a sombra de uma sociedade colonial e patriarcal.
O trecho mais marcante foi este:
"[...] Disse-lhes, no transcorrer deste ensaio, que Shakespeare teve uma irmã; mas não procurem por ela na vida do poeta escrita por Sir Sidney Lee. Ela morreu jovem ? ai de nós! Não escreveu uma só palavra. Está enterrada onde os ônibus param agora, em frente ao Elephant and Castle. Pois bem, minha crença é de que essa poetisa que nunca escreveu uma palavra e foi enterrada numa encruzilhada ainda vive. Ela vive em vocês e em mim, e em muitas outras mulheres que não estão aqui esta noite, porque estão lavando a louça e pondo os filhos para dormir" (p. 137).
É assim que me sinto quando faço algo que a geração anterior à minha não pôde, seja por uma questão de classe, seja por uma questão de gênero influenciado pelos costumes. Pois é importante destacar que, embora não existam mais leis restritivas por ser mulher, os costumes patriarcais, machistas e misóginos ainda estão vivos em muitas regiões do Brasil.