Thalia 23/01/2022
?O mundo não dizia a ela, como dizia a eles?
É uma obra genial, um livro curto (porém denso) mas tão gostoso de ler! Virginia Wolf parte do questionamento sobre o que é necessário para que uma mulher escreva ficção, o que seria, basicamente, possuir domínio de sua própria vida, ter um lugar sossegado para escrever (um teto todo seu) e independência financeira (dinheiro); além de validação social. Mas a autora vai mais a fundo e nos permite enxergar além do óbvio para entender que a situação das mulheres não é favorável, seja em 1920 ou nos dias de hoje. O papel da mulher na ficção também é explicado pela autora, de forma que desfaz um mal entendido histórico: a mulher é personagem de destaque em inúmeras obras literárias ao longo dos anos, mas isso não necessariamente quer dizer representatividade. Ela existiu, em muitos casos, pela visão de um homem e nem sempre foi possível que uma mulher escrevesse sobre os seus próprios desejos e anseios de seu sexo. Ela era o sol, a musa inspiradora para muitos autores, mas em casa ela tinha um papel muito diferente, com uma "importância" social quase irrelevante. Se fossem dadas às mulheres, naquela época, as mesmas experiências de vida que as dos homens, o que será que elas poderiam ter produzido e escrito? é na liberdade intelectual de que nascem os grandes textos.