@tayrequiao 18/04/2024A ilusão do tempo.No compasso etéreo das horas, o tempo dança sua dança silenciosa, tecendo os fios invisíveis que entrelaçam as nossas vidas.
Nascer, crescer, amar, gerar, trabalhar?. Enquanto a vida se desenrola, o tempo trabalha como um ilusionista cruel, que nos embriaga com a ilusão de sua lentidão enquanto secretamente nos conduz a um rápido desfecho.
E ao contemplarmos a finitude, o tempo, tecelão habilidoso, ?um dos deuses mais lindos?, entrelaça o passado, o presente e o futuro para nos questionar: o que fizemos da vida? Com o que consumimos os nossos dias? ??Na história contada por Buzzati, Drogo, um jovem tenente destinado a um posto no afastado forte Bastiani, consome o seu tempo com a espera pelo destino heróico e pelos dias extraordinários que estão por vir. O forte Bastiani, aqui, nada mais que uma metáfora brilhantemente construída pelo autor para representar a zona de conforto que nos aprisiona.
Na vida real, ficamos nós - assim como Drogo que aguardava a chegada dos tártaros para dar significado a sua vida - esperando por eventos significativos que nos complete, projetando esperanças e sonhos em um futuro incerto.
Consumidos por uma rotina vazia, ansiamos pela sexta-feira que chegará para nos libertar. Pela oportunidade perfeita, que transformará a nossa vida. Pelo trabalho novo, que nos fará feliz. Pela viagem programada, que trará finalmente um alívio.
Enquanto isso, ?o tempo não para?, segue tomando posse dos nossos dias, todos eles desperdiçados na espera interminável de um propósito que não se concretiza.
Se você ainda é jovem, talvez as questões levantadas por Buzzati não lhe provoquem grandes reflexões. Mas, se você é uma jovem-senhora 30+, eu indico fortemente que você leia esse livro e que se prepare para repensar toda a sua vida após a leitura.
[ Um pouco além? ]
Como estamos falando sobre o tempo, a brevidade da vida e a inevitabilidade do seu fim, foi impossível não lembrar da obra ?The Voyage of Life?, do Thomas Cole (1842).
Cole criou 04 obras MARAVILHOSAS pra retratar justamente a passagem da vida. Deixei no Instagram (@tayrequiao), vídeos curtinhos explicando cada uma delas. Vale a pena conferir!