Jacques, o Fatalista, e seu Amo

Jacques, o Fatalista, e seu Amo Diderot
Diderot
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Resenhas - Diderot: Obras IV - Jacques, o Fatalista, e seu Amo


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Marcos606 22/03/2023

Uma viagem
Complexo, desconcertante e intrigante por sua mistura de gêneros, suas divagações e sua quebra da ilusão romântica, inspira-se em parte em Life and Opinions of Tristram Shandy de Laurence Sterne.

Múltiplas implausibilidades, assim como as interrupções ociosas de um narrador exasperante e onipresente, o romance zomba abertamente dos clichês do gênero, mesmo que isso signifique irritar seu leitor cujas expectativas parecem ser constantemente frustradas.

Jacques, que viaja na companhia de seu mestre, tem uma personalidade mais complexa do que a de um criado cômico: é falador, mas também um tanto filosófico e é ao seu fatalismo que deve o apelido. Para preencher o tédio, ele promete a seu mestre contar-lhe o resto de seus casos amorosos.

Mas esta narrativa é constantemente interrompida quer pelo seu mestre, quer por intervenções ou incidentes externos, quer por “histórias” que substituem a narrativa inicial, quer por discussões entre o narrador e o leitor.
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kiki.marino 14/12/2021

Então temos uma cena comum no século XVII, dois viajantes à cavalo numa estrada pelo interior da França,numa conversa informal mas logo descobrimos que são de classes sociais diferentes:Jacques o "servo" e o seu "Mestre", sem nome.

Essas barreiras e papéis são logo subvertidas porque Jacques é o protagonista e contador de estórias dessa obra que intriga ,irrita,fascina o narrador.
Um tagarela conversador, que domina as palavras e a narrativa ,com as estórias e causos de sua vida e de conhecidos, por onde passa. Um humilde filosofo,ora vulgar,ora profundo, uma figura irreverente,
carismática, que tem seu modo de viver resumido neste
motif derivado de Spinoza " Está escrito acima " que traz pra trama lições e reflexões filosóficos sobre o livre arbítrio e destino nas ações humanas.

Seu Mestre , um ouvinte, muito curioso da vida amorosa de Jacques ,um "insolente",que começa e termina suas estórias quando quer..

"Mestre: Um bom contador de histórias é um homem raro.
JACQUES: E é exatamente por isso que eu não gosto de histórias - a menos que eu esteja contando.
MESTRE: Você prefere falar mal a ficar quieto.
JACQUES: Isso é verdade.
MESTRE: E eu prefiro ouvir alguém falando mal do que absolutamente nada."

Além de tecer uma olhadela na vida dos simples plebeus e nobres do interior da França, com suas morais tradições e comportamento corrompidas e hipócritas.
Afinal a vida humana debaixo do firmamento é previsível,porém nunca entediante .

"A vida é uma série de mal-entendidos. Existem os mal-entendidos de amor, os mal-entendidos de amizade, os mal-entendidos de política, finanças, igreja, lei, comércio, mulheres, maridos..."

Uma leitura fácil e prazerosa que me lembrou uma das minhas leituras favoritas deste ano :"Lucas Procopio " do Autran Dourado que também tem influencias de Dom Quixote e seu parceiro Sancho Pança.

Como o narrador remete ao leitor, destas histórias tirem sua própria conclusão.
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