ritita 06/02/2018Senta, que lá vem história.Livro quando me pega na primeira página, difícil de ser ruim e este é excelente.
A apresentação do skoob não lhe faz juz “Índia - Região das Sundarbans - mundo selvagem, em meio a uma Índia desconhecida e perigosa.
Piya Roy, jovem bióloga americana, de ascendência indiana, viaja à região para estudar golfinhos. Entre todos os percalços acaba conhecendo um pescador que conhece toda a região e que acaba por ajudá-la em sua pesquisa. Mas o que parece ser um paraíso, acaba se transformando e a agitação política e os perigos naturais cobram um preço alto demais de quem se aventura pela região.”
Maré Voraz se passa nas Sundarbans, região da baía de Bengala, próximo da Índia. O “País das Marés”, como é chamado, é consistido de inúmeras ilhas, rios e mangues e varias comunidades vivem nessas ilhas. É nesse cenário que acompanhamos Piya (uma bióloga marinha norte-americana), Kanai (um empresário especializado em tradução) e Fokir (um humilde e iletrado pescador), cada um em busca de algo no País das Marés.
Marichjhanpi , alternativamente, Marichjhapi é uma ilha instalada nas manguezais dos Sundarbans em Bengala Ocidental , na Índia. É lembrado em grande parte pelo incidente em 1979, quando o governo recém-eleito do Partido Comunista da Índia (marxista) (CPI (M)) governo de Bengala Ocidental expulsou forçosamente milhares de refugiados hindus bengalis que se instalaram na ilha As ações do governo resultaram na morte de muitos refugiados; embora o número exato seja desconhecido, os pesquisadores acreditam que pelo menos várias centenas de pessoas morreram por brutalidade policial , doença e fome. O massacre de Marichjhanpi é o pano de fundo da novela de Amitav Ghosh , mas tem muuuuito mais. Amitav aproveitou para dissecar os costumes e crenças do povo local.
"A idade esina a reconhecer os sinais da morte. Você não os vê de repente; adquire consciência deles muito lentamente, ao longo de um período de muitos e muitos anos".
O autor consegue transformar uma região longínqüa da Índia em algo particularmente interessante e universal. A região das Sundarbans abriga um arquipélago com inúmeras ilhas de nomes e costumes exóticos para nós, mas, apesar da aparente incompreensão que disso poderia surgir, ele explica detalhe por detalhe tudo o que cerca o lugar – incluindo os costumes do seu povo, a origem dos nomes complicados e outras coisas, pena o tradutor não ter explicado alguns vocábulos locais.
Sudarbans não é nada que eu possa imaginar conhecer no ocidente, talvez por isto a história tenha me interessado tanto. A descrição detalhada de alguns cataclismos naturais (ciclones, vendavais, etc), me deixou sem respiração. “Quem vai morrer, quem vai sobreviver”.
A trama em si é muito simples, os capítulos se intercalam muito entre passado e presente e em tramas secundárias. O autor amarra todo o texto em forma de histórias que são contadas por quase todos os personagens.
Vários e vários capítulos são utilizados pra descrever e desvendar cada um dos personagens da trama, sendo que detalhes importantes são adicionados a cada minuto. Ghosh teve um cuidado muito grande ao construir pessoas extremamente verossímeis, tornando cada um deles muito especial.. E mesmo sendo um texto bem direto, as vezes quase técnico, várias sutilezas estão presentes, trazendo assim algumas pequenas surpresas.
Trechinho que identifica muito bem a ideia do livro:
- Ele riu a risada cínica daqueles que, sem nunca terem acreditado nos ideais que um dia professaram, imaginam que ninguém mais irá acreditar.
Suspense, história, drama, ecologia, etc, etc.
E o final? Abrupto, mas que resume toda a ideia do livro.
Pronto! Fiquei fã do moço.