História Universal da Infâmia

História Universal da Infâmia Jorge Luis Borges




Resenhas - História Universal da Infâmia


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Paulo 09/11/2014

desonrados
Costuma-se escrever sobre heróis e histórias com finais felizes. Esta pelo menos é a regra. Jorge Luis Borges neste livro, resolveu percorrer o caminho oposto. Escolheu como protagonistas de seus contos, vilões, facínoras e pessoas que tem características opostas aos heróis. Estes são das mais variadas origens. Uma de cada continente. Talvez a intenção de Borges seja mostrar que a existência de tais "más qualidades" não se restringe a um povo ou uma cultura. Mas, mesmo sendo de tão variadas origens e tendo praticado as mais baixas crueldades, ainda assim existe algo que os unem: a infâmia! A falta de honra, ou mesmo o desejo de se ter esta, em cada um dos seus atos desumanos.
Parece ser, desejo do autor, mostrar que esse infames existem em cada um de nós, mas que são, felizmente, dominados pelos "heróis" ocultos no mesmo lugar. Vezes sim, outras, não!
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Peterson Boll 28/08/2011

Borges e sua maestria única em transformar em poesia metafísica todos os seus escritos. Aqui, baseado em verdadeiras histórias, ele narra os personagens dando-lhes a sua tinta de apaixonante interesse pelas coisas humanas.
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Coruja 29/06/2011

Esse mês no Clube do Livro, continuando com nossa viagem de volta ao mundo, paramos na América Latina, mas especificamente na Argentina do incomparável Jorge Luís Borges.

Adoro Borges. Dos contistas, ele é um dos meus favoritos – Borges consegue conjugar cotidiano e absurdo e fazer daquilo que temos no dia-a-dia algo a ser visto sempre com novos olhos. É também um autor estilo Barsa, que nos espanta com sua cultura e nos deixa curiosos em buscar suas fontes – o que me faz pensar em Eco e Manguel, dois outros autores que sempre me dão enorme prazer e me forçam a estudar e pesquisar.

O História Universal da Infâmia segue essa tradição – embora esteja aquém das obras mais consistentes de Borges. Não é, exatamente, um livro de contos, mas uma coletânea de perfis curiosos e me fez pensar constantemente em um álbum de figurinhas.

Meus infames favoritos: Lazarus Morell, que aparece em Life on the Mississippi (que ganhei do Dé no amigo secreto do ano passado), Bogle e o mestre-de-cerimônias Kotsuké no Suké.

Lazarus Morell era um empresário de visão. Nos tempos da escravidão nos Estados Unidos, ele e seu bando prometiam liberdade e dinheiro para os escravos dentro de um esquema muito simples: os escravos fugiam de sua fazenda original, se deixavam vender pelo bando de Lazarus que, posteriormente, entregaria o dinheiro dessa venda ao escravo uma vez que ele voltasse a fugir.

O mesmo escravo poderia ser vendido e revendido várias vezes até pensar com seus botões que já tinha feito um bom dinheiro, ir atrás de Lazarus para acertar as contas e amanhecer no fundo do rio – o que proporcionava uma excelente campanha de marketing já que vendo que seus companheiros fugidos não voltavam, outros escravos acreditariam na farsa e também se deixariam vender após fugir.

Bogle, o companheiro de Tom Castro, é, para mim, o verdadeiro infame do segundo conto, uma vez que grande mentor da troca de identidades. Tom Castro, contudo, merece o prêmio óleo de peroba, porque, vou te contar, pense numa cara de pau você sair por aí depois de preso por identidade falsa a contar todo o esquema, mudando o final a cada vez...

A história do mestre-de-cerimônias, por sua vez, é bem pitoresca: por uma falha de protocolo, um grande senhor é morto e seus samurais a princípio, comportam-se como se não se importassem, atraindo assim a desonra. Na verdade, tudo não passava de um estratagema para fazer com que o tal mestre-de-cerimônias culpado baixasse a guarda, de forma que os samurais podem vingar seu senhor e em seguida cometer suicídio ritual para poder segui-lo.

Borges viaja por todo o mundo com sua galeria de infames – dos rincões da América Latina aos mares da China, colorindo cada uma dessas passagens com tintas tão fortes que nos sentimos também transportados a cada virada de página.

E pensar que está é considerada uma obra menor do gênio argentino... aí você imagina o que é ler uma de suas obras-primas...
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Guilherme Amin 07/05/2024

Um Borges levinho
?História universal da infâmia? (1935) foi o primeiro livro de prosa publicado por Jorge Luis Borges, que antes deste se dedicara à poesia e a ensaios. Feito de oito contos e um nono texto, composto por pequenas antologias, é uma obra agradável e de leitura muito mais fácil que outras coletâneas magistrais do escritor argentino, como ?Ficções? (1944) e ?O Aleph? (1949).

Aqui a temática é mais acessível. Em lugar de narrativas complexas e abundantemente intelectualizadas sobre o tempo, a eternidade, a morte e a literatura, histórias interessantes de homens e mulheres que em tempos remotos cometeram crimes, fraudes e desonras sem qualquer escrúpulo.

Seja o texto menos ou mais difícil, a prosa concisa e elegante de Borges sempre presenteia o leitor com um deleite estético que resulta também no aprimoramento de seu olhar e de sua própria escrita.
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Regis2020 07/05/2024minha estante
Adorei a resenha, Guilherme! Ainda não li esse, mas já quero. ??


Guilherme Amin 07/05/2024minha estante
Acho que vai gostar, Regis!


Vania.Cristina 07/05/2024minha estante
Pelo visto serve como uma boa porta de entrada para ler Borges né?


Guilherme Amin 07/05/2024minha estante
Vania, talvez a melhor para isso!


Kassio Coimbra 08/05/2024minha estante
Adicionado a minha estante! ?


Guilherme Amin 08/05/2024minha estante
Maravilha, amigo!




lucasfrk 01/09/2024

História Universal da Infâmia ? comentário
Jorge Luis Borges, mestre da narrativa breve e da literatura fantástica, publicou, em 1935, História Universal da Infâmia, uma obra que transcende os limites da biografia e da história para adentrar o reino da lenda e do mito. Nesta coletânea de contos, o autor argentino tece uma tapeçaria complexa, repleta de personagens obscuros e acontecimentos enigmáticos, que nos convidam a uma reflexão sobre a natureza humana e os limites da verdade histórica numa conjugação labiríntica de textos. Inspirado pelas (re)leituras de Stevenson, pela prosa de Marcel Schwob e pelos filme de Sternberg, Borges faz deste livro um exercício de aprendizagem, de reescrita de livros doutros autores, traçando biografias imaginárias repletas de ironia e de uma livre experimentação, capturando a essência estilística do autor, combinando fatos históricos com ficção num jogo literário engenhoso.

Borges, em seu estilo característico, cria um labirinto literário onde a realidade e a ficção se entrelaçam, utilizando-se duma bibliografia pré-existente, apropriando-se do que outros autores e historiadores escreveram acerca destes personagens ? seres complexos e ambíguos, muitas vezes motivados por paixões obscuras e desejos inconfessáveis. Personagens perversos da história povoam as páginas da obra, convidando o leitor a questionar a natureza da infâmia e da moralidade nesses relatos curtos. Os ambientes, por sua vez, são carregados de um ar de mistério e decadência, evocando cidades esquecidas, bibliotecas labirínticas e paisagens inóspitas. A obra não se propõe a apresentar uma história linear e objetiva, mas sim a explorar as zonas cinzentas da existência humana, os mistérios não resolvidos e as vidas que se perderam nas sombras da história.

O autor subverte a ideia tradicional de história, mostrando-nos que os fatos históricos são construídos e reconstruídos ao longo do tempo, moldados pelas narrativas dominantes e pelas visões de mundo de cada época. A obra nos convida a questionar as fontes históricas, a desconstruir os mitos e a buscar a verdade por trás das narrativas oficiais. A linguagem intrincada e precisa de Borges, aliada a uma estrutura narrativa fragmentada e não linear, cria um efeito hipnótico no leitor, que se vê imerso num mundo de mistérios. A obra ainda faz uma reflexão sobre a natureza da identidade, a construção da memória e o papel da história na formação de nossas identidades. Através de uma prosa elegante e enigmática, Borges cria uma viagem pelas sombras da história, explorando os mistérios do humano e a natureza da realidade.
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Gabriel.Larrubia 28/03/2022

Sempre me sinto confuso e perdido com a literatura do Borges (provavelmente porque não dou a atenção devida mas tudo bem) mas também sempre sou muito recompensado com algumas revelações ou coisa do tipo. Esse aqui não me senti assim, mas como tudo do Borges um dia volto nele com mais calma... Não me sinto tão mal dando nota baixa pra isso porque 1 nem o Borges parece gostar 2 minhas notas não querem dizer muita coisa além de como foi mais ou menos minha experiência com aquilo naquele momento então fodase...
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Biblioteca Álvaro Guerra 17/05/2019

Antes de escrever 'Ficções' e 'O Aleph', Borges trabalhou como jornalista e publicou as 'biografias infames' nas páginas do jornal 'Crítica', de Buenos Aires, que introduziu um jornalismo moderno na Argentina, aberto ao sensacionalismo do Cidadão Kane e à participação dos grandes escritores do momento. Dividindo suas histórias com manchetes, entregando-se ao prazer intenso de imaginar crimes violentos, Borges inventa novas versões de casos de infâmia, alguns famosos, outros desconhecidos. Cria um estilo, de enumerações heterogêneas e tom sensacionalista. Borges, já conhecido nos anos 20 como grande poeta e ensaísta, descobre sua vocação de contista. 'História universal da infâmia', publicado em 1935, foi durante anos um livro quase secreto, embora um dos contos, 'Homens da esquina rosada', ficasse famoso pela evocação dos compadritos, os criminosos pitorescos dos bairros de Buenos Aires.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/8525004352
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Paulo Sousa 28/02/2019

História universal da infâmia
Título: História universal da infâmia
Título original: História universal de la infamia
Autor: Jorge Luís Borges (ARG)
Tradução: Davi Arrigucci Júnior
Editora: Companhia das Letras
Ano de lançamento: 1935
Ano desta edição: 2008
Páginas: 96
Classificação: ??????
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"A história sabe os diversos momentos daquele pesadelo tão lúcido: a descida arriscada e pendular pelas escadas de corda, o tambor do ataque, a precipitação dos defensores, os arqueiros postados no terraço, o reto destino das flechas rumo a órgãos vitais do homem, as porcelanas infames, a morte ardente que depois é glacial" (Posição no Kindle 537/51%).
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Eu precisava ler alguma coisa do escritor argentino Jorge Luís Borges, para muitos um dos maiores escritores do século XX.
Acabei topando com este curto "História Universal da Infâmia", um livro difícil de ser classificado, já que, uma vez contada pelo escritor, atravessa séculos, oceanos e dimensões físicas e espirituais para descortinar a vida de criminosos, piratas, canalhas, falsários e profetas, todos tendo deixado em sua passagem por este plano seus nomes marcados nos registros infortunados da humanidade. Borges, nesses curtos contos (acho que podem ser assim classificados) se utilizou de uma bibliografia pré-existente, apropriando-se do que outros autores e historiadores escreveram acerca dos personagens que povoam o livro.
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No final se encontra o melhor conto, sobre o homem da esquina rosada. Fala. Sobre covardia e coragem, sobre modalidade duvidosa, o que facilmente leva o leitor a pensar que na verdade ninguém está isento de, um dia, habitar as páginas da infâmia. Na verdade todo o livro, revisitando existências marcadas não por heroísmo, patriotismo e outros "ismos", mas por existências que se confundem com o próprio ato de errar. Vale!
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Sudan 30/05/2009

História Universal da Infâmia
Já matei 12 homens, sem contar mexicanos. A frase, atribuída pelo autor ao bandido Billy the Kid, é uma demonstração da ironia e do humor que perpassam essa coletânea de curtas biografias romanceadas dos maiores malfeitores da humanidade. Borges faz desse livro uma enciclopédia da crueldade.
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Aribra 05/05/2009


Várias narrativas curtas e que contam a vida de personagens de diversas nacionalidades. Sempre achei fantástica a capacidade de síntese de Jorge Luis Borges, ele consegue num parágrafo pequeno de poucas linhas expor com clareza e sensibilidade a vida de uma pessoa. É como ele mesmo diz no prólogo, reduz a vida de pessoas a duas ou três cenas. É claro, trata-se como tema central a infâmia e então temos uma gama de infames.
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