Kennia Santos | @LendoDePijamas 07/08/2016Cartas de sono aos chatosLaurel é uma adolescente que se transferiu pra uma escola nova. Mas não uma adolescente comum. Depois do grande trauma que passou com May, sua irmã mais nova, ela resolve mudar de escola pra evitar a repercussão dos fatos. Na nova escola, aos poucos, ela faz amizade com Natalie e Hannah, duas adolescentes desencanadas que adoram viver plenamente.
Claro, que também há o garoto, Sky. Totalmente misterioso, ele parece carregar um passado cheio de segredos, assim como Laurel. E, quando parece que o "nós" deles irá engatar, vem algo e se quebra, impedindo-os de seguir em frente com o que quer que seja.
Simultaneamente, Laurel recebe de sua professora uma tarefa peculiar de sua professora, onde ela deve escrever uma carta destinada a alguém já morto. Confusa, saturada e carregada de pesar, ela vê nessa tarefa uma forma de se comunicar com seus astros -Kurt Cobain, Amy Winehouse, Janis Joplin... e expor o tamanho peso e culpa dentro de si, desde aquele dia. Desde May.
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Desculpa, mas pra MIM, não rolou.
O livro todo é transcorrido em cartas, ok. O meu primeiro pensamento é que seria legalzinho como "Simplesmente acontece" que é discorrido em qualquer veículo de informação, como cartas, e-mails, mensagens... mas não é não. NÃO É MESMO.
Primeiro: Laurel é chata. Em momento algum tive realmente aquele momento personagem-leitor onde eu deveria sofrer com ela, sentir aquela sintonia, qualquer coisa.
Segundo: Não é feita uma abordagem dos personagens. Simplesmente são jogadas características evazivas sobre eles. Não são inseridos na história de forma justa. São jogados.
Terceiro: O casal é um saco. Cenas chatas, entediantes. Tudo fica subentendido, mas não de uma forma que te deixa curioso pra saber, mas de uma forma passiva. Em momento algum ansiei pelas cenas deles, não houve apoio mútuo, só duas pessoas que não tinham noção dos problemas um do outro, e ao invés de pelo menos TENTAR resolver isso, só iam e vinham, iam e vinham.
Quarto: A escrita da Ava não me passou qualificação para retratar o assunto do livro. Não tô aqui pra me gabar da quantidade de livros que leio, mas esse livro deveria ser drama. E, quem me conhece, sabe de que DRAMA EU ENTENDO. Não é uma escrita ruim. Tem potencial. Ela só não soube ser profunda, me fazer sofrer e abraçar a história em âmbito geral.
A história em si não é de todo mal. Só que faltou o aproveitamento de elementos-chave que, se propriamente desenvolvidos, dariam uma outra visão.
Pode-se comparar a forma de escrever com a Jennifer Niven, autora de "Por lugares incríveis", mas vale ressaltar que a Jennifer SABE dramatizar e fazer o leitor sofrer. Digo por experiência própria, terminei Por lugares incríveis com grossas lágrimas nos olhos.
Ao meu ver, pra ser melhor, a autora deveria:
1- Alternar os tempos entre passado e presente; pois existem personagens que, às vezes, só conseguem fazer sentido quando exposto o que eles tem na mente e suas verdadeiras motivações e intenções. (May)
2- Ser narrada sob três pontos de vista diferentes: Laurel, May (motivo citado acima) e o Sky, que teve aparições repentinas, e quando é revelado o que aconteceu com ele, fica totalmente superficial, sem sentido. É como se fosse acrescentado por falta do que colocar.
Digo isso porque terminei o livro me arrastando de sono, achando a May uma VACA, a Laurel uma CHATA, e o Sky.... ah, não sei bem.
Sei que, com certeza a intenção da Ava não foi passar isso para os leitores, mas, digo e repito: pra mim não rolou.