Andre.Pithon 18/09/2022
Bingo de fantasia e SciFi do /Rfantasy
3.4: Fantasia Urbana
Em muitos anos de narrar RPG, um dos temas que eu sempre me interessei, mas nunca realmente consegui explorar corretamente, é o feérico. A estranha e incompreensível sociedade de fadas, regida por coortes confusas, promessas que são leis, vontades que mudam com os ventos, completamente imprevisível, e ao mesmo tempo levando um código legal forte. Neverwhere, a primeira obra que eu leio do famoso Neil Gaiman, parece que vai oferecer isso nos primeiros capítulos. E ali ele me ganhou.
Me perdeu incrivelmente rápido também, mas logo chegamos lá.
Neverwhere nos dá a construção clássica de mundo mágico escondido dentro do mundo real, a forma mais preguiçosa de fantasia urbana, mas que eu perdoei já que começaram a falar de promessas e favores bem rápido, e lá fui eu passar pano. Promessas e favores não levam a lugar nenhum, aliás. E beleza, é um mundo ok, competente, que trás uma ou outra coisa interessante, e vem carregado de uma dose boa de humor. Dei umas risadas no começo, mas passando 25% do livro começa a cansar. Em tudo, worldbuilding, personagens, narrativa. Me diverti com o primeiro quarto, e o resto tornou-se maçante. É estranho eu sentir tal fadiga de estilo em um livro tão curto.
O protagonista é genérico. Door não consegue fugir nada de ser a manic pixie dream girl padrão. O vilão principal mal aparece, e seu pouco tempo é sem graça. Os dois capangas que perseguem os protagonistas conseguem entreter por um tempo, mas talvez só porque eu usei uma voz mental engraçada para um deles que combinou bem com o diálogo. Nada é um positivo forte em questão de personagem. Nada é realmente ofensivo também, mas fica ali no meio, padrão, genérico, sem graça. Nada mais errado em algo que se aproxima tanto do caos que fadas podem propagar do que ser simplesmente chato.
E é uma narrativa chata. Anda pra lá. Agora pra outra lugar. Pega tal coisa. Leva tal coisa pra tal pessoa. Fetch quest atrás de fetch quest, jornadinha para ver o mundo nem tão interessante assim que tem construído. O final é previsível. Os coadjuvantes que vão aparecendo não são interessantes o suficiente. Só é chato. Seguro. Incapaz de arriscar.
E o medo de arriscar ao lado das promessas que o começo de Neverwhere constrói é extremamente decepcionante.