Clara dos anjos

Clara dos anjos Lima Barreto




Resenhas - Clara dos anjos


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Luana 26/04/2020

Primeiro livro do autor.
Como citado, este é o primeiro livro que leio de Lima Barreto. Em minha concepção, achei sua escrita um tanto subjetiva; além dos diversos segmentos que o autor deu às histórias das personagens que, no entanto, achei-as interessante, pois justificaram o comportamento atual dos indivíduos - na maioria das vezes.
Gostei de sua ousadia em não seguir a escrita culta da época, de forma a retratar a situação decadente da maioria dos coadjuvantes do livro.

Por fim, gostei de sua dispersiva escrita, apesar de ter um quê de previsibilidade, marcou-me bastante em alguns pontos da estória. É uma obra para ser relida e analisada a fim de compreender a criticidade do escritor à época vigente, uma vez que o mesmo era negro (ou "de cor", como é tantas vezes colocado na obra) e não foi capaz de desfrutar de uma vida próspera.

Despertou-me interesses em ler outras obras suas. Adorei.
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R...... 24/04/2020

Edição Martin Claret (2004)
Lima Barreto, escritor de reflexões sociais, mais uma vez mostra o realismo vigente na sociedade brasileira. Em Clara dos Anjos temos ilustração ao preconceito racial e entre classes, além do machismo fortalecendo-se na malandragem impune.
A protagonista chama atenção pela ingenuidade, uma sonhadora romântica, que se torna presa fácil para as sórdidas pretensões do malandro Cassi Jones, um explorador e corruptor impune. Sedução e desilusão, idealismo e frustração, numa história reveladora.

Interessante também o paralelo entre Joaquim dos Anjos e Cassi Jones. Compartilham de apreço pela música, porém, diferenciado nos objetivos para o pai de Clara e para o malandro. Para um é amor pelas artes e para o outro apenas oportunismo egoísta.

"Nós não somos nada nessa vida", frase final, expressa desilusão da protagonista, que pode ser estendida a lamento dos marginalizados. É o ponto final do livro. Mas não da história, que dizem ter ficado inacabada e, na projeção interrompida no romance, parece instigar também reflexão indispensável entre todos para fim das diferenças. Se no sentido prático não é assim, sem o reconhecimento comum, na provocação reflexiva de Lima Barreto é. A frase tem direcionamento positivo e negativo...

Fiz a resenha acompanhando programa esportivo que assisto regularmente (Redação Sportv). Curiosamente citaram Lima Barreto e o realismo social. Entre os posicionamentos do autor, estava também o repúdio ao futebol. É que em seu contexto era coisa elitizada e preconceituosa.
Quem sabe se tivesse tempo não teria abordado o tema em algum romance ou conto...

Leitura ainda na quarentena...
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Sara Muniz 19/04/2020

RESENHA - CLARA DOS ANJOS
Clara dos Anjos foi escrito em 1922, no mesmo ano da morte do autor Lima Barreto. A publicação foi apenas em 1948. A obra foi parte do movimento pré-modernista.

Clara dos Anjos conta a triste história de Clara, uma garota mulata e pobre do Subúrbio do Rio de Janeiro que foi mais uma vítima da sociopatia de Cassi Jones.

Cassi era loiro, branco, parecia um europeu. Seu talento com o violão e com as modinhas nem é tão grande, mas só pelo fato de ele saber alguns acordes e algumas letras, já chamava a atenção das mulheres. Ele era um grande paquerador, ficava com as novas, com as adultas e com as casadas. As conquistava, conseguia ter intimidades com elas e depois as abandonava, geralmente grávidas.

Além disso, Cassi também causava divórcios, homicídios e vários tipos de traumas. Ele não pagava por nenhum desses crimes porque escolhia mulatas sem dinheiro e estudos. Sua mãe, Salustiana, o defendia, e quando as mães iam à polícia com suas filhas abandonadas por Cassi, o delegado exigia um advogado. As vítimas não tinham dinheiro para pagar um profissional do direito, e nem como conseguir um. Logo, Cassi saía impune.

A família de Clara, inclusive seu padrinho Marrameque, tentaram alertá-la sobre Cassi, mas ela era uma garota muito protegida, saia de casa duas vezes na semana, acompanhada de sua tia Margarida. Tinha curiosidades sobre o mundo fora de casa, sobre a vida de jovens comuns e, claro, sobre o amor e toda a liberdade que um casamento poderia aparentemente lhe proporcionar. Tudo isso fez com que ela tivesse muito interesse em Cassi Jones.

Sobre o retrato do meio que se passa no Subúrbio do Rio de Janeiro, assim como em "O Cortiço", de Aluísio Azevedo, Lima Barreto acaba tornando o subúrbio um personagem. Ele é a base cultural que rege aqueles moradores, é a representação do conjunto dos costumes dos personagens cariocas da época. O grupo social formava o subúrbio, e o subúrbio formava o grupo social.

Sobre a cultura da poesia e da música popular, a cultura é retratada na obra é a das modinhas, músicas tocadas no violão de um jeito autenticamente carioca. As pessoas se reuniam em festas e em praças para tocar. A cultura social era extremamente machista. As mulheres casadas e suas filhas ficavam em casa o dia todo, saiam poucas vezes na semana. Estudavam música em casa, aprendiam a cozinhar e a costurar, ou seja, eram ensinadas a serem donas de casa. Tais costumes eram passados de geração em geração, dando continuidade à personalidade do subúrbio.

A moral da obra é que você deve escutar os seus familiares. Não prender os filhos em casa e não acreditar que as autoridades sempre farão justiça, pois alguns são mais favorecidos e outros são menos, tudo dependerá de uma classe social.

O Naturalismo no livro se dá pela teoria determinista: a raça, o meio e o momento histórico influenciam no comportamento dos personagens. O Realismo, por sua vez, aparece como uma crítica aos feitios do Cassi e as injustiças que as pessoas de classes sociais mais baixas sofrem na sociedade. O amor que nunca existiu e o final terrível são características que tornam a obra realista.

Diferentemente de Monteiro Lobato, que também era um autor pré-modernista, Lima Barreto não escreve uma obra racista, pois sua própria mãe era negra e morreu quando ele tinha 7 anos, ou seja, ele fez parte da realidade injusta que o negros enfrentaram. Monteiro, por sua vez, em O Presidente Negro, é inegavelmente racista, pois ele já era preconceituoso com caboclos, mulatos e negros, sendo influenciado por grande parte da população brasileira da época, que era muito preconceituosa.

PARA A RESENHA COMPLETA COM TRECHOS E IMAGENS DO LIVRO, ACESSE MEU BLOG:

site: http://interesses-sutis.blogspot.com/2018/04/resenha-clara-dos-anjos.html
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Tinho Silva (@cafecomlivrossp) 10/04/2020

Clara dos Anjos - Lima Barreto
Narrado em terceira pessoa, Clara dos Anjos é uma jovem carioca, que mora com os seus pais, Joaquim dos Anjos e Engrácia, no subúrbio do Rio de Janeiro. Ela, uma garota pobre e mulata, o seu pai trabalha como carteiro da cidade, e mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, ela recebeu a melhor educação possível dos seus pais, uma educação que pode ser confundida como uma superproteção. Clara é uma menina sonhadora e inocente, que sentia vontade de sair e conhecer um pouco mais da cidade, como faziam as suas amigas, porém, a sua mãe não saia e nem permitia que a menina o fizesse, as poucas vezes que lhe era permitido sair, era em companhia de uma vizinha, a qual os seus pais confiava. Essa realidade muda na comemoração do aniversário de dezessete anos de Clara, lá ela conhece Cassi, o antagonista do romance, que era conhecido na cidade por seduzir as mulheres e após conseguir o que queria com elas, abandonavam-nas a própria sorte, com isso ele colecionava processos judiciais, os quais sempre eram encobertos, graças a posição social que a sua mãe gozava. Clara e Cassi se conhecem, ela se encanta pelo rapaz, ele deseja a beleza e a juventude dela, as ações anteriores culminam para esse encontro, e a partir desse relacionamento, a trama se desenrola.

“Clara dos Anjos” é uma obra póstuma do escritor Lima Barreto que possui valor histórico, tanto para literatura nacional, como para o entendimento e a construção da literatura afro-brasileira. Ambientada no início do século XX, o valor de atemporalidade da obra se dá pelas inúmeras críticas encontradas no decorrer do texto. Nessa época, o Rio de Janeiro passava por diversos problemas sociais, estruturais e de saúde pública. Por estar inserido no Realismo-Naturalismo, “Clara dos Anjos” tem forte influência científica, assim, como nos romances dessa época, buscavam representar, por meio da sua poética, a visão da sociedade, registrando com base em dados científicos, a realidade social em todos os seus aspectos, bons ou ruins. Nesse sentido, o romance apresenta uma denúncia direta e as injustiças sociais, vivenciadas no subúrbio do Rio de Janeiro por sua população e pela garota chamada Clara dos Anjos.

Tocando em temas espinhosos, como o racismo e os problemas sociais, e tendo como personagem principal uma mulher, negra e pobre, julgando pela citação inicial do autor João Ribeiro “Alguns as desposavam (as índias); outros, quase todos, abusavam da inocência delas, como ainda hoje das mestiças, reduzindo-as por igual a concubinas e escravas”, e às vítimas do vilão, Cassi, percebemos também a crítica áspera ao papel da mulher na sociedade e ao estigma, principalmente da mulher negra e pobre, que sempre foi reduzida, sendo colocada abaixo na escala social.

A escolha por um antagonista com as características de Cassi, malandro, não trabalha, ganha dinheiro com brigas de galo e que se utiliza do prestigio de sua mãe para se safar das pilantragens que comete; o autor imprime no vilão os traços da sociedade que ele tanto repudiava, transparecendo mais uma vez a denuncias aos costumes, qualificado como “baixos” para ele.

Vários personagens aparecem na obra, mas, um merece destaque nessa pequena análise, o Leonardo Flores, considerado o grande poeta. Há um entendimento, segundo alguns estudiosos, que história do poeta se mistura com a história do próprio autor, sendo apontando como uma “autobiografia”. O enredo revela um personagem amargurado, alcoólatra, que sofre com os fantasmas de ter sido um poeta famoso e depois viver recluso, em total esquecimento, conhecido apenas pelas pessoas que convivem com ele. Lima Barreto não foi reconhecido como poeta, somente após a sua morte isso acontece, teve uma vida boémia, entregue à bebida, morrendo aos 41 anos em decorrência da vida desregrada que vivia.

A obra conta também com uma linguagem descuidada, simples e coloquial, reproduzindo vários termos típicos (gírias) utilizados no período em que foi escrita, pois, a principal preocupação de Lima Barreto era demonstrar a realidade social em que as pessoas viviam. Fugindo diversas vezes das regras gramaticais, o que por diversas vezes irritava os letrados da época, percebemos aqui um dos indicativos para o não reconhecimento dele como escritor em vida, lembrando que a cor da sua pele também teve forte influência nesse processo. É preciso salientar também, a destreza do autor ao descrever as pessoas e os espaços, a riqueza de detalhes é tanta que conseguimos imaginar com muita facilidade tudo que é descrito.

Por fim, “Clara dos Anjos” é uma obra interessante e essencial. Demorei um pouco para conhecer mais a fundo as obras desse autor, percebi que com uma linguagem simples e as críticas, muitas vezes ásperas, aos temas mais diversos e espinhosos da nossa sociedade, ler Lima Barreto na atualidade, é uma busca para o entendimento da formação histórica brasileira, assim como entender a sua contribuição para a formação da literatura afro-brasileira.

site: https://www.instagram.com/cafecomlivrossp/
Salomao.Cardoso 27/03/2021minha estante
Se tornou meu livro fav de Lima Barreto quando li ??




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ciih 06/04/2020

Clara dos Anjos é um romance para todos os que se deleitam em histórias e aos que anseiam pelos quês que aguardam nas entrelinhas. Muito a par da sociedade da época, visto que viveu na pele os desmazelos para com os negros e as classes baixas, Lima Barreto é fiel ao que parece propor: escancarar a realidade, escondida sob muitos holofotes.
As personagens exprimem os papéis sociais muito demarcados, vemos em Cassi as virtudes burguesas do Rio de Janeiro da época, e quiça atuais: um homem branco, abastado e que age por sua inversa moralidade sem impedimento qualquer. Seu oposto está em Clara, ingênua, de classe baixa, sem qualquer instrução que a prepare para o destino.
É um bom livro, escrito mesmo em linhas um pouco mais acessíveis ao leitor, embora para mim não tenha sido uma leitura tão fluída.


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rebeccavs 23/03/2020

A persistência da figura de Clara dos Anjos na sociedade
Olá, antes de ler esta resenha, ressalto que a síntese a qual li pode ser diferente da que tu, caro(a) leitor(a), tenhas lido e, dessa maneira, adverto-o que há, nesta resenha, enaltecimentos que, por ti, podem ser considerados spoilers.


Inicialmente, tive conhecimento da sinopse de "Clara dos Anjos" através de uma aula de literatura da professora Dayana Mendes e achei-o muito instigante e delego que foi uma experiência que mexeu não somente com a situação do Brasil em que se encontram as pobres meninas vítimas de maus caráteres, mas com minha consciência sobre a persistência dessas barbaridades no respectivo país.


O enredo e a narração são bem formulados por Lima Barreto e, confesso, julgo-o melhor que sua Magnum Opus "Triste fim de Policarpo Quaresma", talvez em virtude da proximidade social e analista que "Clara dos Anjos" trouxe-me.


Ao analisar o fim (que não o direi, mas, em parte, é explícito na sinopse) da protagonista, pude perceber a falha da educação dos jovens no que diz respeito sobre a iniciação à vida sexual, cujo conhecimento acerca das consequências de tais ações pode acarretar não somente na vida do próprio indivíduo, mas tornando-se espelho da sociedade, pois, visto o filho de Inês, as mazelas acarretadas pelo abandono paterno fizeram-no criminoso logo cedo.


Não somente o mencionado fato, como também a importância da educação sobre a responsabilidade que, nesse contexto, Cassi não recebeu de seus progenitores e, principalmente, as ignorâncias de sua mãe acerca do assunto e de compromisso com as pobres vítimas.


Senti ódio de Cassi do início ao fim, pois é um delinquente inescrupuloso que se aproveitou da situação socioeconômica - ressaltando o preconceito sofrido pelos negros nessa época - de meninas ingênuas e inocentes a fim de usá-las como objeto sexual e o pior é a continuidade de tais erros nos dias atuais.
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jujuhtavares 03/03/2020

Uma história de amor e desesperança
O livro retrata uma coisa muito comum: o efeito avassalador da manipulação emocional. Quem já se viu em uma situação dessa certamente se identifica com a história de Clara dos Anjos.

Apesar de a história ter sido escrita em 1921, hoje, quase 100 anos depois, ainda podemos identificar tipos como o de Cassi Jones, que mente e manipula para satisfazer seus prazeres, deixando as vítimas lidando sozinhas com as consequências; como o de Clara dos Anjos, que por enxergar o mundo com tanta inocência se deixa envolver por um homem que todos apontavam como sendo de mau caráter, acreditando que com ela é diferente; e como o de Dona Salustiana, que com sua criação irresponsável incentiva as atitudes de Cassi Jones, seu filho, sem permitir que ele seja punido pelo o que faz por acreditar que ele não é culpado, jogando a responsabilidade para os "desejos que o homem não sabe controlar" ou, pior, para a própria vítima.

O autor ainda explora o quanto a diferença de classe determina, de uma certa forma, a sorte de cada um. Mostrando que o mundo nem sempre é justo e que cabe a nós nos protegermos do mal que existe, bem como tentarmos alertar àqueles que nos cercam sobre os perigos que estão sempre por perto.
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Vicencia 01/03/2020

Obra repleta de crítica aos preconceitos raciais e sociais. Não gostei muito da escrita do autor, porém é uma leitura relevante.
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Biblioteca Álvaro Guerra 18/02/2020

Clara dos Anjos é um livro póstumo do escritor brasileiro Lima Barreto, pertencente ao pré-modernismo brasileiro. Concluído em 1922, ano da morte do autor, foi publicado em 1948.

Empreste esse livro na biblioteca pública.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788508150236
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Beatriz3345 05/02/2020

Uma leitura sútil
Meu primeiro clássico lido. Achei a história cativante e em muitos momentos aborda de maneira leve questões importantes. Alguns personagens te dão raiva (muito) e outros são o alívio. Pra mim a leitura fluiu super bem, é um bom livro.
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Carol 10/01/2020

Aí gente
Me desculpem, não entendi bulhufas. Fiz uma leitura forçada no primeiro bimestre do meu terceiro ano do ensino médio. Pretendo ler com mais atenção para entender todo o contexto.
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Mikhaella 19/11/2019

O real Brasil
Nesta obra incrível, Lima Barreto, mostra a realidade do subúrbio do Rio de Janeiro. A trama conta como Clara dos Anjos, uma pobre mulata, é seduzida pelo mulherengo Cassi Jones, rapaz já acostumado a inúmeras vítimas de defloramento e sedução, não escapando das suas investidas nem mesmo mulheres casadas.

Cassi é um rapaz ignorante e de pouca instrução, mas cuja família tem uma situação confortável. Ele usa da influência, principalmente, materna para sair das suas inúmeras complicações com a justiça, sempre encontrando uma brecha para escapar de suas consequências.

Trata-se do retrato da sociedade preconceituosa, onde a cor da pele é o suficiente para manter crimes sendo cometidos de forma impune. É um livro que merece ser lido; mas tem que ter estômago, pois não é fácil ver tantas injustiças serem perpetradas de forma imune.

Obs: O personagem do Cassi Jones é desprezível e repugnante, mas de igual modo a mãe dele chega a ser até pior. Inventando nobreza e encobrindo tudo que o filho faz.
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Everton 31/08/2019

A realidade brasileira em Clara dos Anjos
Fantástica obra, na qual Lima Barreto descreve os mais comuns vícios de nossa brasilidade, em início de século XX. O machismo, discriminação social e racial, a qual presente até mesmo entre as classes menos abastadas, onde a hierarquia determinada por diferenças de tom de pele ou posses se faz presente.
A família da jovem e ingênua mulata Clara, representa a classe pobre carioca e por extensão representativa, brasileira, desassistida pelo poder público, estando à mercê dos infortúnios e perversidades que sua condição vulnerável torna-lhes alvo.
Cassi Jones, malandro deflorador de moças virgens, desgraçando-as com posterior abandono à pobreza e reprovação social em uma época que a mulher tinha como obrigação casar virgem, com a possibilidade de ser mãe solteira sendo pecado social gravíssimo, almeja vitimar Clara em seu desejo maníaco, colecionista, de usufruto e descarte de jovens vulneráveis.
Demais personagens, mesmo periféricos, são apresentados com notável importância, fazendo-os peças-chave da mescla de vidas brasileiras lamentáveis e fracassadas, oprimidas pelo azar do destino e do poder dos maus e indiferentes, situação esta tão cara ao autor.
Clara dos Anjos, obra curta, com sua extensão abarcando tanta riqueza em tão poucas páginas, é leitura indispensável para quem deseja - ou precisa - perceber a alma brasileira, quase que imutável na sua essência, a despeito dos quase 100 anos de mudanças científicas, tecnológicas e sociais que separam a criação deste livro e nossos dias atuais, ano de 2019.
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Fayetsho 31/07/2019

Terceira leitura
Essa foi minha 3ª leitura do livro (viva o vestibular) e gostei menos do livro.
O enredo é simples: Cassi Jones é um homem branco perto dos 30, de classe média, e tem uma vontade, quase animal, por "deflorar" meninas mulatas, ou pobres. E, numa festa, a protagonista Clara dos Anjos -mulata e pobre- entra na sua mira. Porém, o que não gostei foi a construção do texto. Os 10 capítulos são muito permeados pela descrição e história das personagens: os pais de Clara, de Cassi, os amigos da família Anjos, etc. Assim, o enredo principal fica quase que de lado. Talvez seja porque o autor estava preparando para uma história maior, visto que Clara dos Anjos é um romance inacabado. É um livro bom, mas não gostei da estrutura.
P.S. Um adendo sobre a edição que li da Penguin e Companhia é que tem notas de rodapé com bastante conteúdo e muito boas, mas várias vezes as notas ocupavam mais espaço que o texto original.
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