Camila Lobo 20/02/2017Resenha: A Escolhida (Por Livros Incríveis) Ari é uma jovem atraente e de feições delicadas. Entretanto, ninguém imagina que ela é um anjo sedenta por sangue e que gosta de atrair pessoas para matá-las com seu arco e flecha para depois provar de seu sangue. Por ser um anjo na Terra, ela logo é capturada e levada ao Círculo, lugar onde moram os feiticeiros. Agora refém, Ari é percebe que tudo que era convicta e tinha como verdade pode não ser tão verdade assim, quando descobre um lado de si mesma que era totalmente desconhecido, onde pode amar e ser amada. Ela precisa descobrir então qual lado dela reinará, onde ela finalmente pode sentir, ou onde ela continuará destruindo a tudo e todos.
“Sozinha, eu sou melhor que vocês todos unidos.”
A Escolhida é o primeiro livro lançado pela autora Amanda Ághata Costa e consequentemente, meu primeiro contato com a escrita dela. Confesso que pela sinopse, não fazia ideia de como a história se desenrolaria ou até sua abrangência e devo dizer que todo o conjunto foi muito agradável.
Ao começar pela escrita, a de Amanda é deliciosa. É envolvente e muito bem feita, cheia de metáforas e frases belíssimas que me fizeram marcar o e-book todinho (e foi difícil escolher apenas duas pra pôr aqui). Além disso, por ser narrado em primeira pessoa, os leitores acompanham e têm as mesmas dúvidas que a protagonista. Um fato que eu particularmente achei curioso é que sempre que eu tinha uma pergunta e me questionava mentalmente, ela era sanada umas páginas depois. A autora escreve de forma a induzir a curiosidade, mas sem enrolar para nos dar algumas respostas. Ainda assim, a leitura pode ser meio lenta nos primeiros capítulos, onde eles são muito extensos. A partir de certo ponto, a leitura fluiu melhor, sem ter capítulos rápidos ou longos demais. Também tive certa dificuldade em imaginar os ambientes retratados, mas nesse caso, acho que foi falha minha, onde uma hora imaginava que o ambiente era algo mais medieval, e em seguida, eram descritos carros e avenidas.
Os personagens também são, em sua maioria, bastante amáveis. Ariali, a protagonista, é particularmente surpreendente. Sua personalidade é algo totalmente diferente do que vemos nas protagonistas por aí. Ela é badass, mas de um jeito realmente ousado, onde demonstra sua revolta e não leva desaforo para casa. Logo, a leitura já ganha um novo frescor com tamanha diferença se comparado a outras obras que li, mesmo que muitas vezes ela acabe sendo imatura por não saber lidar com os novos sentimentos. Ela também faz um par convincente e extremamente foto com Luke, que não ganhou meu coração, mas que é o garoto dos sonhos de muitas garotas. Particularmente Vincy foi minha personagem favorita, pois foi a que mais me identifiquei. (ainda que na parte de festas e bebedeira ela seja o oposto de mim!)
“Um detalhe tão pequeno nos mostra que, por mais que seja a escuridão presente no mundo ou especificamente em cada criatura, sempre haverá uma fagulha de esperança. No centro, por mais imperceptível que venha a ser, ela está ali silenciosa... Esperando por sua fuga.”
Ao meu ver, há duas mensagens principais que a autora quis passar. A primeira, é que toda e qualquer pessoa possui os dois lados; cabe a ela seguir o que acha mais válido. Nenhuma pessoa é inteiramente boa ou má, todos cometem erros, possuem falhas e podem fazer algo bom por alguém. Independente de quem ela é ou julga ser. E Ari é a perfeita combinação sobre o que Amanda A. Costa quis passar.
O outro ponto, diria eu, é sobre uma sociedade que não tem liberdade alguma de escolha, basicamente ditadorial. Onde pede-se solenemente que não se faça. Mas caso faça, morre. Ao longo de toda a obra, Ari narra sobre como Egran, o mestre do Círculo, manda e desmanda e obriga os outros a realizarem suas vontades. Foi uma crítica sutil, mas ainda assim, presente.
A história termina em aberto, para ser continuada quase que prontamente no próximo volume. O final foi satisfatório, respondendo parte das possíveis dúvidas cruciais dos leitures. Por outro lado, deixa mais uma porção de questões em aberto, como por exemplo como será a relação com Vincy e se um dos personagens que apareceu logo no final ganhará mais destaque.
A Escolhida mostrou-se um romance bem elaborado, mesclando com sucesso a fantasia e várias criaturas míticas, sem que se tornasse cansativo ou repetitivo. Além disso, é uma história criativa e original, sem semelhança com as que vemos por aí, logo, extremamente recomendado para quem gosta do tema. Aguardo agora ansiosamente pela continuação, e espero que não demore a chegar.
Sobre a série:
A Escolhida é o primeiro livro da saga que leva o mesmo nome e foi lançado em 2015. O segundo livro, A Subestimada, está em processo de finalização e será lançado ainda esse ano.
site:
https://porlivrosincriveis.blogspot.com.br/2017/02/resenha-escolhida-amanda-aghata-costa.html