Ileana Dafne 01/04/2015Simplesmente fantástico!Para iniciar essa resenha, é necessário esclarecer que se trata de um romance onde lidamos com a interpretação pessoal da autora sobre a música Hotel California, da banda norte-americana Eagles. Que depois de anos sendo desenvolvida, foi passada ao papel.
A história é narrada por ninguém menos que Chronos! Sim, o próprio senhor do tempo. E devo dizer que é muitíssimo agradável conhecer os acontecimentos sob sua perspectiva, onde ele mesmo avisa que tentará ser imparcial. Ele como um bom deus é onipresente, podendo nos colocar em contato com todos os personagens, inclusive com ele mesmo, posto que além de narrador, também é personagem ativo e extremamente cativante, diga-se. Ele entra na história estando dentro do corpo de um rapaz de dezesseis anos, mas tendo preservado todo o conhecimento próprio do deus e desfrutando os prazeres de estar num corpo humano pela primeira vez.
No início da história nos é apresentado Mathew Roberts, um homem de 35 anos que vive uma vida sem paixões de qualquer tipo. Tem uma namorada que só permanece junto por puro comodismo, já que há tempos ele havia matado seu maior sonho, por nunca o ter realizado. E isso fez com que seu caminho se cruzasse com o da hospedaria S’mentry Manor, uma hospedaria incomum que se localiza entre mundos e que só pode ser encontrada por pessoas na mesma situação do Mathew, ou seja, que tivessem sonhos mortos.
No momento em que os próximos hóspedes avistam a hospedaria sua memória é alterada, seus pensamentos embaralham-se e seu único anseio é chegar até a hospedeira que os aguardam na porta com uma vela na mão. O mesmo ocorre com Mathew que lembra-se de uma reserva feita por ele e que havia resolvido tirar uns dias de folga de tudo. Ele não se lembrava que estava a caminho do hospital para visitar seu irmão que tinha sofrido um grave acidente e encontrava-se em coma.
Chronos, durante sua narrativa, intercala de forma magistral acontecimentos atuais com os que antecederam a chegada do Mathew na hospedaria, nos apresenta cada “funcionário” da hospedaria e alguns dos moradores permanentes do local. Chronos se mostrou hábil em intercalar os acontecimentos independente de quando ocorreram, pois apesar de fazer incursões ao passado, nada altera a fluidez da narrativa. E, não podemos deixar de citar, ele é apaixonado por nossa hospedeira, desde o primeiro momento que ele a viu e por isso se encontra na hospedaria num corpo de um rapaz, pois somente assim poderia estar próximo ao objeto de seu amor... Por conta dessa paixão ele não é tão imparcial nas suas narrativas, mas isso dá um toque a mais de encantamento à história e me conquistou mais ainda!
A autora criou seres dignos de pesadelos para tomarem conta da hospedaria e em um capítulo em especial podemos conhecer seu real perigo. E vemos, pela primeira vez, a fada Linumê, nossa hospedeira, hesitar diante de sua função e com isso causar um imenso desequilíbrio no submundo, trazendo perigos para todos os envolvidos.
Linumê não é qualquer fada. Ela é uma fada da morte, guardiã do portal e responsável por “recolher” dos seus inquilinos seus sonhos mortos, posto que é com eles que as coisas no submundo funcionam. Ela não é boa, mas cruel. Afinal os seres humanos que ela hospeda são apenas um meio para adquirir o que precisa. Mas com o passar das páginas vemos outros aspectos e nos encantamos com a hospedaria e seus moradores. Eu acho até que gostaríamos que algo assim fosse real...
O final foi simplesmente assombroso e inimaginável... Durante a leitura, principalmente nas últimas páginas não conseguia imaginar como a história se resolveria, pois me parecia não haver como terminar bem...
Achei a diagramação muito boa e a capa formidável!! Amei a capa desde o primeiro momento que a vi. Como não pode deixar de ser, principalmente sendo uma primeira edição, alguns erros de digitação, mas nada que incomode ou atrapalhe a leitura.
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http://www.livroseflores.com/2015/04/resenha-historia-esquecida-da.html