Todo Maldito Santo Dia

Todo Maldito Santo Dia Paulino Júnior




Resenhas - Todo Maldito Santo Dia


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Luciano Otaciano 24/01/2024

Livro excelente!
Aqui temos vinte contos ligados ao trabalho e suas relações, sejam profissionais ou familiares. O primeiro conto versa sobre o competitivo mundo corporativo, onde os profissionais são considerados “mercadoria”, como diz o próprio título. O interessante é que eles se tratam como tal, assumindo a condição que lhe é imposta pelo mundo dos negócios. Já “Maquinomem Feliz” me fez lembrar do famoso filme de Charles Chaplin, “Tempos Modernos”, onde a produtividade deve ser privilegiada a todo custo, mesmo que o sangue escorrendo do dedo de um personagem se misture com o lanche produzido. Ainda que Paulino não diga o nome da rede de fast food (que está evidente no título do conto) posso garantir que o leitor pensará duas vezes antes de comer lá!


“Rock Pesado”, por sua vez, me lembrou a infância. As festas com muito rock n’roll. O cabelo comprido. As camisas pretas de banda metaleira. No mesmo conto Paulino transmite a constatação que muitos sentem ao sair de sua cidade natal, ou seja, a relativa decepção de voltar em outras oportunidades e perceber que tudo está como antes. 


O conto “Debate sobre o Cheiro do Cupim Operário” não chama atenção apenas pelo título. A trama fala sobre o cheiro de um operário que trabalha com dedetização e tem a “calda cupinicida” impregnada pelo corpo. Acredito que se existisse um adicional de insalubridade para a mulher dele possivelmente o desfecho teria sido outro, contudo, o precedente que abriria seria muito perigoso.


Também merece destaque “Segurança é Tudo”, pela brilhante capacidade do autor em transpor para o papel o cotidiano, como se o leitor estivesse observando o diálogo sem ser visto, uma mera testemunha dos fatos.


“Prisão do Aplauso”, porém, supera os demais. Por ser o reconhecimento máximo do mérito e sucesso, os aplausos constantes na cabeça do executivo, que após um sonho insistem em não deixá-lo, acabam por levá-lo a uma situação completamente indesejada e contrária às suas aspirações. A escrita de Paulino prende o leitor, as palavras são bem colocadas e o ritmo cadenciado dos acontecimentos torna a leitura pra lá de prazerosa.
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Parreira 09/07/2015

Todo Maldito Santo Dia - impressões
Todo maldito santo dia — Paulino Júnior


Abro a porta da geladeira e retiro de lá Todo maldito santo dia, primeiro livro de contos de Paulino Júnior, nascido em SP e morador de Florianópolis.
Abro a porta da geladeira, repito, e não por acaso: o frio me acompanhou do primeiro ao último dos 20 contos que fazem parte dessa coletânea.
Num país em que o conto tem o status de ‘literatura menor’, só comparável às eternas ‘maldições’ da poesia, Paulino Júnior é o sujeito (mais um deles, ainda bem!) que coloca esse rótulo de escanteio com uma escrita escrota, fina e afiada, uma prova de que o gênero vai muito bem, obrigado, e cego é aquele que não abre os olhos pras surpresas que surgem uma após as outras.
Já na orelha, escrita por Nilo Oliveira, encontro um subtítulo que é a cara (e também a definição) do livro: A Estética do Osso. Porque Paulino Júnior não trabalha com a delicadeza da caneta ou com a suposta fragilidade dos teclados: seus instrumentos de ofício são as facas, os machados, as serras elétricas que, antes de construir a linguagem, a desnudam de qualquer excesso bonitinho ou politicamente correto. Até o osso.
E é justamente da linguagem de Paulino que vem o frio que sinto até agora: ela é de uma precisão que a muitos pode parecer incômoda, uma prosa que evita e explicita a sua aversão à linha reta, aos lugares comuns dos fast foods nos quais tropeçamos diariamente na linha de produção cada vez mais sem pudores dessa coisa estranha e sem alma que insistem chamar de mercado editorial.
O trabalho e suas relações, que o próprio autor insiste em proclamar como fio condutor do livro, pra mim são pura cortina de fumaça, mais um artifício muito bem utilizado por Paulino: o trabalho, ou a “labuta”, são apenas o ponto de partida de um mergulho profundo que o autor faz na alma contemporânea. Paulino fica ali no canto, talvez fumando um cigarro e coçando o saco, em silêncio, filmando com lente apurada os pequenos desencontros dessa gente que rala em busca de um lugar ao sol. É uma crítica, sim, ao sistema ao qual estamos todos condenados, façamos parte dele ou não, o que é tão ruim quanto. Falar mais sobre a Estética do Osso, no entanto, é insuficiente. É preciso vivenciá-la.
Faça, portanto, como falei lá em cima: abra a porta da geladeira e tire de lá o seu Todo maldito santo dia. Vai fazer frio, eu sei. Mas quem disse que não é bom?
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Patricia 19/06/2015

Um depoimento
Repasso aqui o depoimento que enviei ao autor (um querido e talentoso amigo): "Há alguns dias concluí a leitura do livro TODO MALDITO SANTO DIA do amigo Paulino Júnior. E o resultado foi: Uau! Precisei de alguns dias para refletir sobre a leitura. Paulino escreve muito bem. Suas palavras parecem que foram escritas e ordenadas de forma que atingissem diretamente nossa alma. E como tive a "oportunidade" de perturbar o autor durante todo o meu processo de leitura, contando minhas sensações e minhas impressões, toda a experiência literária foi ainda mais agradável. 'Rock Pesado', 'A Mascote', 'Deleite', 'Debate sobre o cheiro do cupim operário', 'Prisão do Aplauso', e outros, foram uma ciranda de emoções! Só tenho a agradecer, Paulino. Minha alma se sente mais rica após a leitura do seu livro."
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