A Crise do Mundo Moderno

A Crise do Mundo Moderno René Guénon




Resenhas - A Crise do Mundo Moderno


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Ramon98 04/11/2024

O Esquecimento da Tradição: A Raiz da Crise do Mundo Moderno
Em "A Crise do Mundo Moderno", René Guénon critica a civilização ocidental moderna, vendo-a como um período de declínio espiritual. Para ele, a crise não é um evento isolado, mas sim o resultado do afastamento da "Tradição", ou seja, dos princípios tradicionais. Guénon identifica a "filosofia profana" como a raiz da crise. Essa forma de pensamento, que se originou na Grécia Antiga e se consolidou na modernidade, se limita à razão humana, rejeitando qualquer conhecimento superior. Para Guénon, a filosofia profana é sinônimo de materialismo, individualismo e relativismo, doutrinas que negam a existência de princípios universais e absolutos.

Essa "filosofia profana" levou a uma crise de intelectualidade no Ocidente, segundo Guénon. A ênfase no racionalismo, na quantificação e na utilidade prática resultou em uma fragmentação do conhecimento e na perda da capacidade de compreender a unidade dos princípios. Guénon acredita que o contato com a tradição oriental, preservada em sua integralidade, poderia auxiliar o Ocidente a despertar "o que está mergulhado em uma espécie de sono", restaurando a compreensão perdida e reavivando a verdadeira intelectualidade. Apesar de o termo "verdadeira intelectualidade" soar pedante, Guénon esclarece que se trata de um acesso profundo e desinteressado à verdade por meio da intuição intelectual, não de uma exibição superficial de conhecimento.

Uma leitura comparativa interessante pode ser realizada entre Guénon e Nietzsche, especialmente em relação ao conceito da "morte de Deus". Nietzsche viu a "morte de Deus" como o fim de uma era, marcada pela perda de valores tradicionais e pela necessidade de criar novos valores. Guénon, por sua vez, fala do esquecimento da Tradição, que é a fonte de toda ordem e conhecimento verdadeiro. Ambos concordam que a Modernidade representa uma ruptura radical com o passado e um período de crise profunda. As soluções propostas por ambos os pensadores, no entanto, divergem. Nietzsche via a superação da crise na afirmação da vontade de poder e na criação de novos valores, enquanto Guénon buscava a restauração da Tradição e a reintegração do homem em uma ordem superior.

A crítica de Guénon se concentra na perda da espiritualidade e do conhecimento metafísico, enquanto Nietzsche, apesar de crítico à moralidade cristã, não se propunha a restaurar qualquer forma de religião.

É interessante observar como diferentes autores abordam os mesmos problemas, explorando diferentes perspectivas e roteiros. Essa diversidade de abordagens amplia a compreensão e nos permite analisar os problemas de forma mais bidimensional. Talvez esse seja o maior ganho para o leitor ao se arriscar em leituras que fujam da sua zona de conforto.
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Marion 11/10/2023

Fim da tradição
No livro o autor fala sobre tradição , religião, metafísica e teologia, relacionando tudo a crise da alma e das instituições ocidentais e orientais.
Mary 25/10/2023minha estante
Só piora




Marcio 31/01/2023

Tradição VS Modernidade
"A verdade, no entanto, é que o Ocidente tem efetivamente grande necessidade de ser defendido, mas unicamente contra si próprio, contra as suas próprias tendências que, se forem levadas até ao fim, conduzi- lo- ão inevitavelmente à ruína e à destruição."

"Querendo separar radicalmente as ciências de qualquer princípio superior, sob pretexto de assegurar a sua independência, a concepção moderna retira- lhes toda a significação profunda e mesmo todo o verdadeiro interesse, do ponto de vista do conhecimento, e conduz a um impasse, visto que se encerra num domínio irremediavelmente limitado."

"A civilização moderna visa multiplicar as necessidades artificiais e, como vimos anteriormente, ela criará sempre mais necessidades do que aquelas que poderá satisfazer porque, uma vez que se entrou nesse caminho, é muito difícil parar e não existe mesmo qualquer razão para se deter num ponto determinado."
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Luiz 25/10/2021

O fim de um mundo...
Livro: A Crise do Mundo Moderno
Autor: René Guénon

Neste livro René Guénon irá abordar os motivos que levaram o Ocidente a decadência atual, decadência está que causará o fim da civilização ocidental que conhecemos, e que teve o seu principal ápice na modernidade, uma crise que já era prevista pelas doutrinas tradicionais.

Estudioso da filosofia e da religião, Guénon irá apontar como principal sintoma, desta crise, o progressivo abandono do metafísico e transcendental, que foi substituído pelo saber racional, puramente humano, que converge, em última instância, no materialismo e pragmátismo da época atual. Nesta perspectiva o ser humano em sua grande arrogância, abandonou a verdadeira intelectualidade e corrompeu o conhecimento e a sociedade, e à levou ao estado de degenerescência progressiva em todas as suas instituições.

"[...] Daí por diante nada mais houve além da filosofia e da ciência "profanas", isto é, a negação da verdadeira intelectualidade, a limitação do conhecimento à ordem mais inferior, o estudo empírico e analítico dos fatos que não estão mais ligados a qualquer princípio, a dispersão numa multidão indefinida de detalhes insignificantes, o acúmulo de hipóteses sem fundamentos, que se destroem incessantemente umas às outras, e vistas fragmentárias que a nada podem conduzir, salvo a essas aplicações práticas que constituem a única superioridade efetiva da civilização moderna; superioridade aliás pouco invejável, e que desenvolvendo-se até abafar qualquer outra preocupação deu à esta civilização o caráter puramente material que a torna uma verdadeira monstruosidade."
(René Guénon, p. 18-19)

De forma assertiva, o autor, apresenta um "diagnóstico" preocupante a era atual, as consequências da ruptura ocidental ao verdadeiro conhecimento são brutais, o caos é a única resposta possível a esta marcha que o Ocidente trilhou, porém ainda que esta desordem seja monstruosa, ela foi prevista pelas doutrinas tradicionais como fazendo parte de um ciclo que se encerra, correspondente a uma lei universal.

Ler este livro é uma verdadeira experiência de conhecimento, ainda que se possa discordar de Guénon em alguns pontos, é extremamente difícil não concordar com as suas conclusões. É uma obra com valor singular e que é de importante leitura, ainda que requeira um certo "background" anterior.
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