Caverna 03/04/2015
Narrado em primeira pessoa, conhecemos Mia Prescott, uma autora hiper-famosa (a la J.K.) em seu país, o Lar, que busca se vingar de Théo - e descobrimos, logo nas próximas páginas, que Théo a agrediu e abusou sexualmente da personagem, há alguns anos.
Agora, Mia tem Stevie e Rose a seu lado, seus dois melhores amigos, sendo ele seu agente e Rose uma policial que a ajuda com treinos de defesa pessoal.
Mia mergulha em uma ideia absurda de vingança contra Théo que "destruiu" sua vida - apesar de parecer que ele destruiu muito mais a sua vida amorosa, visto que mesmo com todo esse trauma, ela se tornou super famosa.
Sozinha, ela parte em um trem para uma cidade no interior do Lar, deixando sua amada Capital para trás, indo ao encontro de sua vingança, após contratar um detetive particular para investigar a vida de Théo, após anos sem vê-lo.
Contudo, Mia tem uma surpresa ao dar de cara com ele e descobrir que, na verdade, o homem que ela estava atrás era o irmão gêmeo de Théo, Gael, que também quer se vingar de seu irmão.
Gael é um personagem maravilhoso desde o primeiro instante, mesmo eu tendo ficado com um pé atrás com ele por muuuito tempo, mas acho que isso também é culpa da Mia, que também ficou!
Após voltar para Capital, com Gael em seu encalço, Mia sai em uma aventura para sua fase de "treinamento" contra Théo ao lado de seus melhores amigos e o irmão gêmeo de seu inimigo, indo parar até na Resistência, contra uma política que ganha força no Lar.
Ponte de Cristal se passa em um mundo distópico, não muito JV ou Divergente, mas distópico. Contudo, achei que faltou um pouco de desenvolvimento nessa parte, pareceu que algumas coisas simplesmente foram jogadas, começaram a acontecer e a população aceitava tudo com tanta facilidade! O Lar é uma ideia maravilhosa que, na minha concepção, deveria ter sido mais explorado, ainda mais o passado dele, de como chegou até onde chegou.
Outra coisa que me deixou um pouco encasquetada. Théo e Gael são gêmeos univitelinos ou seja, são idênticos de cabo-a-rabo, e a própria Mia se assusta com tanta semelhança. E com tudo que ela sofreu com o Théo e mais: o que ela sofreu DEPOIS do Théo, achei que ao dar de cara com Gael, alguém que apesar de ser uma versão melhorada do Théo, ainda tem a cara dele, ela teve muita facilidade em aceitá-lo. Imagino que alguém que tenha sofrido o tanto que ela sofreu, ao se deparar com alguém igual, mesmo que não seja a mesma pessoa, o psicológico não assimila isso, ainda trás tudo à tona - portanto, senti falta disso. Um pouco mais de bloqueio com ele, mesmo que só de convivência.
Com muitas reviravoltas, gostei muito de algumas coisas do final que a Thati nos deu, e até me emocionei com outras.
A escrita da Thati é bem direta, gosto muito disso, mas senti falta de alguns pontos serem mais desenvolvidos. O porquê do nome do livro ser "Ponte de Cristal" eu achei muito criativo e muito legal, também! Apenas lendo para entender, faz total sentido.
Não posso revelar também muito mais da história, se não o spoiler acontece! Mas muita coisa me surpreendeu, e fica aquele ar de "Será que ela vai conseguir? Será que Fulano vai sobreviver? Será que ela conseguirá mostrar a todos quem Théo realmente é?".
O começo foi um tanto difícil, principalmente porque não entendemos logo de cara o porquê de Mia querer tanto essa vingança cega contra Théo, e as misturas do livro que Mia escreve em alguns momentos me confundiram, visto que eu ainda estava conhecendo as personagens; por outro lado, deu um toque interessante à história. Théo foi outro personagem que eu só passei a entender da metade pro final, porque o que nos é apresentado dele, é só o que ele fez à Mia e nada mais. Quando ele aparece na TV e a população inteira aplaude, o leitor fica confuso porque, afinal, quem é ele? Na explicação, ele é só um cara que salvou um garoto, um herói do momento, e como que com isso ele se torna tão famoso e politicamente influente? Mais pra frente, porém, nos é apresentada uma outra face dele, explicando o porquê de tanta influência - e talvez isso devesse estar mais no começo, para o leitor não ficar tão perdido.
Enfim, a partir da página 90, a leitura fluiu muito bem pra mim, principalmente porque algumas coisas começaram a serem melhor explicadas (como o Théo) e tudo começou a se encaixar.
Me apeguei a diversos personagens e quando uma nova personagem entrou, meu mundo ficou mais alegre, assim como o de Mia. Torcemos pelos personagens e há muito ensino sobre amizade, perdão e amor durante o desfecho. Mia é uma personagem maravilhosa, espelho para muitas mulheres - extremamente forte em todos os sentidos.
Os personagens são todos muito bem construídos, e adorei alguns dos secundários (Mathiiiaaas)! E o Gael eu nem preciso falar nada, né?
Sobre a edição, a capa combina totalmente com a Mia! E, infelizmente, há bastante erro de ortografia (acentuação, principalmente) que me incomodaram bastante, mas nada que uma boa revisão e a segunda edição não resolva!
Um livro nacional distópico, romance de abertura da autora, que nos mostra seu grande potencial, principalmente por se tratar de uma publicação que apesar de ter editora, foi revisado por ela mesma!
site: caverna-literaria.blogspot.com.br/2015/03/booktour-ponte-de-cristal.html