Paulo 31/07/2024
Mais atual do que nunca
Neste terceiro volume da série “Cartas de um Terráqueo ao Planeta Brasil”, temos artigos e editoriais de Olavo de Carvalho publicados pelo Diário do Comércio no ano de 2007.
Li esse volume matreira e vagarosamente, nos intervalos de café no trabalho, entre outubro de 2023 e julho de 2024. Olavo continua infinitamente melhor e mais atual do que qualquer outro colunista brasileiro hoje.
De fato, uma das melhores decisões que tomei foi substituir o acompanhamento das notícias do dia pela leitura de Olavo e da filosofia grega.
O artigo que inicia o livro, “O inimigo é um só”, descreve as ondas históricas do movimento revolucionário, que se iniciou com o movimento messiânico já no século XIV, e que se pode reduzir em quatro pontos: a humanidade será salva não por Jesus Cristo, mas por ela mesma; os maus (ricos) devem ser mortos ou subjugados; os pobres são puros e inocentes e devem ser subjugados pela elite dirigentes; o morticínio redentor gerará a distribuição de riquezas, a eliminação do mal e do pecado e o advento de uma nova humanidade.
A segunda onda do movimento revolucionário assume a forma do anticristianismo e antijudaísmo explícito, como defendiam os iluministas do século XVIII.
A terceira e quarta ondas, respectivamente, são representadas pelo Contrato Social de Rousseau e o comunismo de Karl Marx.
Enfim, vivemos após a quinta onda, da Nova Era, com a primazia de pseudo-religiões organizadas e milionariamente financiadas pelas mesmas forças auto-incumbidas de transformar a ONU em governo mundial.
Nessa mesma linha de raciocínio, em “A apoteoses da burrice nacional” Olavo descreve os novos critérios morais difundidos em escala planetária: o casamento gay, o abortismo, o feminismo, a eutanáisa e o controle publicitário e judicial de qualquer resistência, tudo com o objetivo final de uspressão da tradilçao religiosa judaico-cristã e sua substituição por uma religição biõnica mundialista, com fortes tonalidades ocultistas e ecológicas.
Embora tenha se notabilizado por suas opiniões polêmicas, Olavo esbanja moderação e sabedoria em diversas passagens da obra. Em “O tempo dos assassinos”, ensina que “a História nunca é uma escolha entre o céu e o inferno, a felicidade integral e o infortúnio absoluto: é uma permanente opção entre a mediocridade do mal menor e a santificação psicótica do mal maior”.
Ainda sobre a História, ensina que atualmente encontram-se em disputa quatro sujeitos tradicionais: as religiões cristã e judaica, com suas concepções tradicionais de civilização, o movimento revolucionário mundial, a oligarquia globalista e o expansionismo islâmico. Os cristão e judeus estão sozinhos contra todos, mal articulados em movimentos conservadores que só têm expressão nos EUA.
Em “O patinho feio da política nacional”, Olavo demonstra que o liberalismo político, desde suas origens, é um movimento revolucionário e anti-religioso, baseado na liberdade e na propriedade privada. Diz que a sacralidade da vida não cabe na perspectiva liberal e profetiza que quando se apresentasse um político que se identificasse com o verdadeiro conservadorismo, ele seria eleito pelo povo brasileiro.
Crítico atroz do que denomina de “gayzismo”, Olavo assevera que o heterossexualismo, enquanto tal, não é moralmente superior ao homossexualismo. Exemplifica que o espertalhão que traça a mulher do vizinho, o professor que abusa das alunas, o estuprador de mulheres, todos são heterossexuais e muito mais imorais do que dois adultos que trocam voluntariamente carícias gays. O que se deve defender contra a propaganda gay não é o heterossexualismo em si, mas sim a superioridade intrínseca da devoção religiosa em comparação a qualquer conduta sexual que seja.
Temas recorrentes do autor, como o Foro de São Paulo e a islamização da Europa são repetidamente tratados.
Uma obra-prima, cada vez mais atual.