Faca

Faca Ronaldo Correia de Brito




Resenhas - Faca


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Renata CCS 29/03/2014

Árido, cortante e comovente.

"Eu sou do nordeste, nordestino eu sou...Vi tanta coisa nessa vida...Tristeza e muita dor...Vi meu sertão pegando fogo,do calor o sol fazia.Vi o gado morrer de sede e de fome, vi a terra seca e vazia, pois todos que ali moravam...Foram felizes um dia." (Sheilatribus)


Portador de verdadeira maestria narrativa e com escrita marcada por cenários e relações fortes, impactantes, Ronaldo Correia de Brito nos presenteou com FACA, um livro de onze contos com tradição literária oral própria ao Nordeste, complementado com um pouco de poesia e fantasia do imaginário popular.

É um livro de rica tradição nordestina, inclusive na ilustração que é feita com xilogravuras como as de literatura de cordel, incrementado com histórias de amor e coragem, solidão, honra, ciúme, traição, vingança e morte,e com finais quase sempre surpreendentes.

O que mais me encantou na narrativa de Brito foi que, ao contrário de outros escritores que mistificam o sertão nordestino, ele optou por trabalhar com o imaginário sertanejo de uma maneira mais real, mesclando as fronteiras entre o mundo como conhecemos e o que imaginamos, com uma linguagem contemporânea - e longe de serem confortáveis para quem as lê – algo que ele conseguiu com grande naturalidade. É daqueles livros bem escritos que colocam a gente em cada cena: sentimos o calor, a poeira e o suor nas palavras do autor.

Na verdade, o que Brito faz é nos reunir numa roda de conversa e contar suas histórias para expor as sombras e mazelas da alma humana. E nos conquista aos poucos, com golpes pequenos, porém certeiros, fazendo com que os leitores caiam de joelhos e se rendam a força precisa e impactante de sua bela, árida, cortante e comovente narrativa!

Em tempo: obrigada a amiga Nanci pela sugestão de leitura e ao amigo Arsenio pelo lindo presente! Vocês tornaram-se uma dupla de vozes constantes e imprescindíveis em meu pequeno mundo literário!

Resenha publicada originalmente em 05/03/2014.
Catharina 05/03/2014minha estante
Sem dúvida, Ronaldo Correia de Brito é uma das vozes mais originais da literatura brasileira contemporânea!


Nanci 05/03/2014minha estante
Renata:

Por esse trecho da sua resenha "Brito nos conquista aos poucos, com golpes pequenos, porém certeiros, fazendo com que os leitores caiam de joelhos e se rendam a força precisa e impactante de sua bela, árida, cortante e comovente narrativa!", vou reler Faca, que mereceu o brilho dos seus olhos.

Eu que te agradeço pela presença tão delicada nesse mundo literário que compartilhamos.

Beijo.


Arsenio Meira 05/03/2014minha estante
Renata, você merece muito mais. Resenha afiadíssima, sem trocadilhos, rsrsr!
Abraços
Arsenio


Renata CCS 28/03/2014minha estante
Ah! As obras, autores e amigos que descobrimos aqui no Skoob... inestimáveis!
Grande abraço!




Gildeone0 17/07/2010

NA PONTA DA FACA.
Com histórias ambientadas numa sociedade patriarcal e de conflitos cortantes, como sugere o título Faca, o escritor dialoga com a narrativa oral e extrai dessa tradição tipicamente nordestina uma paisagem ao mesmo tempo humana e mitológica. Sua linguagem está a serviço do ambiente seco, onde os diálogos são silenciosos e os choques culturais acontecem de forma violenta. Para traduzir a voz taciturna das narrativas, as ilustrações em moldes de xilogravura da artista plástica Tita do Rêgo Silva enriquece ainda mais a obra.


Os textos intensos de paixões, desejos e crimes são narrados por uma voz pós-moderna que assiste todo o dilaceramento de um tempo e de um povo embebido na lei da faca. Desde o primeiro conto, A espera da volante, o livro rememora um sertão literário regionalista, onde o tempo se liquefaz no rodopear do redemunho que funde vida e morte, num desatino existencial severino. O escritor cearense se quer e se constrói universal, revigorando a prosa regionalista não no sentido geográfico, mas que parte de um contexto social e cultural para dialogar com o mundo essencialmente sertão.

Veja o texto completo em:http://www.gilsantoslinguagens.blogspot.com/
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She 15/09/2013

O Sertão sob os olhos do sertanejo
Faca – Ronaldo Correia de Brito

“— Um homem me pediu pouso. Era como você quando chegou aqui naquela primeira tarde. Sabia dele como sabia de você. Não perguntei nada e tratei das suas feridas. Os olhos dele não paravam de me fitar. Tinha fome e comeu muito. Quando dormiu, vi o seu abandono. Os homens, quando dormem, não escondem nada.” Trecho do conto “A espera da volante”

O livro “Faca” trata-se de uma coletânea de contos, nos quais Ronaldo Correia de Brito tem como cenário o sertão nordestino, especificamente pequenas cidades e vilarejos do interior do Ceará. Nas histórias o autor brinca com o tempo, conectando passado e presente por um longo fio de sangue que escorre da lâmina da faca, objeto vulgar, cortante, capaz fazer justiça e de lavar a honra do sertanejo; de trazer a luz segredos ocultos; ou de guardá-los por tempo indefinido. Neste livro, o autor nos fará viajar pela mente do sertanejo, seus valores, suas tragédias, caminhando pela diversidade cultural nordestina, por seus códigos de conduta estritos, e pelo sistema ainda arcaico que rege a vida das pessoas que habitam o sertão brasileiro.
“Faca” também é um dos livros mais curiosos que já li, porque embora não haja nada nele que surpreenda, tendo em vista que nas 11 narrativas são abordados temas e situações familiares – traições, assassinatos, amores, solidão, violência, mentiras, inveja, ciúme, escolhas e até o sobrenatural –, a forma como é escrito me chamou a atenção, é uma leitura dura e seca, talvez como o mundo hostil em que se passam as histórias, transmitindo ao leitor certa veracidade a estas histórias fictícias. Outra característica marcante dos contos é o sentimento de fatalidade que os acompanha, e o envolvimento do elemento familiar nas tragédias subsequentes, não incomum, muitas das narrativas não tem um final explicito, deixando a angústia de não saber o vem a seguir.

Enfim, “Faca” foi uma surpresa muito bem-grata, é um livro bom e recomendável para os que gostam de contos, eu particularmente não conhecia o autor e não sabia absolutamente nada sobre ele. Adquiri o meu exemplar no último Cosac Day, e na escolha dos livros algo nele me chamou a atenção e decidi comprar para conhecer o autor, que além deste também publicou outro livro de contos, e dois romances, os quais espero ler em breve.
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