Patrick Rosário 27/12/2015
(Corujando nos Livros) Resenha: EU, INABALÁVEL - Josué Matos
Eu, inabalável foi o primeiro livro publicado pelo autor Josué Matos, um romance policial com uma trama envolvente e assustadora. Fatores polêmicos numa história de busca por vingança, contribuem para a construção do enredo, como por exemplo: Adoção de criança por casal homossexual, abuso sexual, entre outros.
O livro se passa no Brasil, precisamente no Rio de Janeiro, e inicia com o assassinato de Alan, esfaqueado numa noite, onde pretendia encontrar seu professor de História, Humberto. Embora Humberto já tinha um companheiro, onde viviam juntos há 10 anos, ele mantinha um caso escondido com o jovem Alan.
"Sentiu o metal insensível rasgar entre suas costelas. Bateu pernas, mas estava sem ângulo para chutar. A lâmina entrou ainda mais, com força, sem piedade e sem explicação. Quando a lâmina saiu, seus pulmões se encheram de ar impuro. A dor aumentou. Tentou gritar, a voz não saiu.
Alan tombou pesado. Ainda teve tempo de balbuciar um porquê? O assassino de um passo atrás:
- Essa é a melhor maneira de provar meu amor."
(Página 10)
Partindo deste princípio, a família é totalmente desestruturada e ruma ao precipício.
A mãe Lia entra em choque pela perca de seu filho favorito e é internada num instituto psiquiátrico para tratamentos, o irmão Leonardo totalmente frustrado e desamparado e o pai Ricardo tomado pelo ódio, decide vingar a morte de seu filho com suas próprias mãos.
"Ricardo tombou no chão, seu sangue jorrava pelo ferimento do peito. Tossiu, não conseguia respirar direito, havia sangue saindo, também, da sua boca.
Sentiu um toque em seu rosto, era seu filho que correra para acudi-lo. Olhou para o rosto de Leonardo, parecia que morria de ódio.
- Vingue seu irmão, Leonardo, mate esse desgraçado! - tossia sangue.
- Aguenta firme pai, o socorro tá vindo! ... Ele vai pagar por tudo pai, eu prometo!"
(Página 34)
E é nessa promessa de vingança, que Leonardo arquiteta um plano para matar o assassino de seu irmão e destruidor de sua família.
Após passar dois anos nos Estados Unidos, ele retorna para o Brasil para pôr em prática o seu plano, e consegue encontrar o principal suspeito de cometer o crime, o professor de História, Humberto.
"De repente, a imagem de seu pai surgiu em sua mente para lembrá-lo de que Humberto estava esperando por ele. Abriu os olhos, encheu os pulmões de ar e disse.
- Chegou a hora de fazer justiça."
(Página 151)
Nesse jogo de vingança e terror, várias mortes vão sendo cometidas, todas com certas ligações ao primeiro assassinato e Leonardo percebe que precisa repensar em seu plano e sua vida.
A agente Valéria, responsável por desvendar este crime enigmático, vai dividindo a cena na história e gerando em nós, leitores, apreensões e curiosidades sobre o crime e seu mistério.
Eu gostei da forma inteligente como o autor externou e explanou as ideias sobre o fator família, tanto na parte da adoção da pequenina Dora, quanto nas escolhas finais de Leonardo com sua mãe e consigo próprio.
Mais uma vez, fui surpreendido e tocado com a sensibilidade de criação e escrita de Josué Matos, ele conseguir transmitir claramente todas as informações, fechou as pontas soltas, interligou os personagens com uma maestria aplausível. Amei a trama e a mensagem de recomeço e escolhas.
E por fim, encerro esta resenha com uma frase simples, porém cheia de verdade, significado e poder, dito pela agente Valéria:
"... pessoas boas não fazem o mal. Fazem o bem, e em troca, recebem o bem. Quem faz o mal só recebe o mal."
(Página 202)
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