@thereader2408 04/04/2022Histórias do brasileiro comum"Sábado dos meus amores" apresenta seis histórias em quadrinhos sobre pequenos dramas cotidianos do brasileiro comum de diferentes lugares do Brasil, retratado de forma poética em uma união perfeita entre crônica e graphic novel. Os personagens têm motivações simples, são perfeitamente humanos, cheio de falhas e imperfeições. Podia ser qualquer um de nós, nos lugares mais corriqueiros, onde ocupados com as preocupações diárias esquecemos de admirar a beleza das coisas simples, como no conto 1, “Plena de Flôroi”, onde uma borboleta passeia desapercebida.
O segundo conto, “De como Djalma Branco perdeu o amigo em dia de jogo” é meu favorito, e apresenta algo que é visceral para o povo brasileiro, a paixão pelo futebol e suas superstições. O conto 3, “Dorso”, apresenta Humaitá, um trabalhador que guarda um importante segredo, e por isso levanta questionamentos. No conto 4, “Escola primária”, veremos Selma uma estudante evangélica, moradora de uma vila pesqueira que está aprendendo a ler e pede ajuda a Tiago, por quem é secretamente apaixonada.
O conto 4 é sensacional, me lembrou "O velho e o mar". O Santiago de de Hemingway e o Tiago do Quintanilha conseguem passar toda a sua sabedoria e percepção do ambiente que os cercam, em uma simplicidade que denota um conhecimento que poucos sabem passar, vi isso também no jagunço Riobaldo de "Grandes Sertões: Veredas" do Rosa. O conto 5, “Atualidade”, fala de uma prática que é tão tão comum no Brasil que é interessantíssimo ver essa nossa realidade em um conto em quadrinhos, o costume de jogar na loteria. Nota mental: lave as suas mãos, priorize o que for urgente, depois o importante. O último conto, “A fuga de Zé Morcela”, mostra a confusão em um circo numa pequena cidade do interior por causa de um jogo de carteado.
O Quintanilha fez um trabalho excelente ao retratar as nossas peculiaridades, costumes e manias em arte colorida e super original. A beleza está desde o voo solitário de uma borboleta, um jogo de loteria até a paixonite de uma moça recém-alfabetizada. Quintanilha mostrou o burlesco, o fatídico e o real em situações banais com uma simplicidade genial.
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