spoiler visualizarCauany3 23/04/2022
Minhas impressões sobre "Sangue Azul"
Ana Carolina possui uma boa escrita e conseguiu encaixar quotes maravilhosos na história, tanto que foi o livro que mais me rendeu citações no meu caderninho. O fato de ser historiadora também foi uma boa influência para o livro, pois ela conseguiu encaixar a história dos seres fantásticos com excelência dentro da história da sociedade humana que conhecemos hoje. Sem falar que ela trouxe uma mesclagem interessante de seres fantásticos de culturas e mundos diferentes. Entretanto, o livro tem uma série de pontos negativos...
Primeiramente, o par romântico não me cativou por ter se baseado numa paixão à primeira vista que parece, aos meus olhos, ser algo bobo demais. E também, como o desenvolver da mesma, continuou a não me cativar porque era platônico demais. No final piorou, pois Nicolas se mostrou ser bem tóxico e controlador. Ah, e a hora do beijo sempre foi sem graça que se resumia a "um beijo sem fôlego".
Achei interessante como a autora buscou a fantasia dentro de um contexto moderno, trazendo uma série de explicações de como os seres fantásticos se escondiam de todos, mas convenhamos: como que eles esconderam uma guerra do resto do mundo??
E como assim a garota era uma elfa, tinha poderes e simplesmente não sabia disso? Como ela simplesmente se esqueceu que conseguia mudar de forma?? Isso não faz sentido, foi apenas uma saída fácil para explicar uma inocência impossível que Olívia poderia ter.
Os diálogos me causaram bastante desconforto pois eram bastantes travados e sem fluidez, parecia até que era uma peça escolar ensaiada. Pelo menos, no final do livro isso diminuiu.
Outra coisa que me incomodou foi a quantidade excessiva de personagens secundários, que foram se acumulando e não sendo desenvolvidos. Chegou a tal ponto que quando aparecia uma lista, literalmente, de nomes eu apenas pulava pois nem sabia mais a quem se referia.
Além disso, a autora estava indecisa sobre quem narrava os acontecimentos. Não digo que não gosto de ver diferentes perspectivas de uma mesma história, mas nesse caso, a troca acontecia abruptamente e constantemente entre a Olívia, o Nicolas e o narrador em terceira pessoa.
Se a intenção era mostrar uma protagonista feminista empoderada, a autora errou em diversos pontos. Olívia, apesar de ser descendente de seres poderosos e de ter enorme vontade de ajudar a todos, sempre ficou submetida às decisões que a família e/ou amigos tomam para ela, em especial Nicolas, e em todas às vezes que fazia o contrário, seu par romântico a convencia de que isso era errado chegando a tal ponto que ela pedia milhares de desculpas e promessas de que não mais tomaria decisões sozinha. Isso lembra muito a relação de Feyre e Tamlin em Acotar, no qual Feyre não tinha o direito de tomar uma decisão própria e ir a qualquer lugar que desejasse, ou seja, sendo manipulada por Tamlin, papel similar ao de Nicolas. Nesse caso, a vontade própria da mulher fica submetida a de um homem e em todas as vezes que ela, Olívia, discordou do seu par foi apenas porque a situação exigia isso dela.
Ademais, foi um livro que torci para acabar logo. Entretanto, entendo que isso se deve ao fato de que a Ana Carolina ainda não estava madura o suficiente para este livro, que por sinal foi o seu primeiro.