Mycaelle 28/09/2024
É tudo o que dizem e mais um pouco!
Esta leitura foi indicação do clube e minha primeira da Jojo. Quando ouvi sobre a trama, achei bem absurda, meio Sessão da Tarde e nada interessante. Porém decidi dar uma chance após ouvir comentários de colegas, e graças a Deus por isso.
Acompanhamos primeiramente duas linhas narrativas: de um lado, a multifunções Jess, que tem diversos empregos para tentar não morrer de fome com sua filhinha Kenzie, gênia da matemática, e seu filho adotivo (de seu ex-marido com outra mulher) Nicky. Do outro lado, temos o ricaço da TI Ed Nicholls. Sem traquejo social, tenta se livrar de uma ficante dando a ela informações financeiras privilegiadas e, assim, acaba sendo processado e quase mandado para a cadeia. A trama se alterna entre seus POVs e os das crianças.
Surge então uma oportunidade de a pequena Kenzie, atormentada pelos vizinhos criminosos que logo serão seus colegas de escola, entrar numa escola de elite e nível A em matemática com 90% de bolsa. Jess, sua mãe, é basicamente uma Pollyana adulta, uma otimista incorrigível que batalha muito, muito mesmo, para alcançar as coisas. Desesperada, Jess busca N alternativas para cobrir os 10% de custos restantes do primeiro ano de estudos de Kenzie.
Diante de muitos desafios, a única solução possível para essa família acaba sendo a menina participar de uma olimpíada de matemática em outro país e ganhar o maior prêmio. Nesse ponto, as duas linhas narrativas principais se encontram. Jess e Ed se lançam de carro na estrada (já que Jess não tem dinheiro para pagar por uma viagem de trem para todos) com as crianças e Norman, um enorme cachorro babão.
Nesse trajeto rumo à Escócia, eles passam por poucas e boas: dormem dentro do carro e em lugares insalubres, lidam com os peidos de Norman e os enjoos de Kenzie... A vida de Ed parece virada do avesso, mas aos poucos ele e Jess incrivelmente se aproximam e se apaixonam; e todos encaram suas fraquezas, más escolhas e desgraças da vida.
Até então, só tinha visto roadtrips no cinema e achei interessantíssima a execução disso como livro. Os diálogos e situações são divertidos, dramáticos e realistas na medida certa também. A Jojo consegue trabalhar questões difíceis e importantes (como abandono parental, condutas morais questionáveis, a ignorância dos ricos quanto à extrema pobreza vivenciada por algumas pessoas etc.) sem ser algo maçante e opressivo para o leitor, mesclado com um romance fofinho.
Se tinha achado a sinopse absurda, no livro vi que tudo se articulava de maneira muito convincente e coerente. Fui arrastada pela leitura e não conseguia parar. Parecia que eu estava vivendo tudo aquilo com eles: ri, chorei, fiquei indignada, fiquei reflexiva... Mesmo vindo de uma realidade bem distante, me apaguei bastante aos personagens e torci demais por todos eles, especialmente a Jess. É muito satisfatório topar com personagens que não são umas mulas insossas, um peso morto no mundo. Pelo contrário, nossos queridos personagens são determinados e profundos, e vão evoluindo ao longo da história.
Enfim, realmente amei a leitura e já estou em busca de outros livros da Jojo, pois a escrita dela é tão boa que me fez terminar esse romance pastelão surreal.