Caverna 24/02/2015
Durante longas primeiras páginas, nós conhecemos Ed Nicholls, que se enfiou numa fria ao acabar falando demais sobre projetos de sua empresa pra mulher com quem estava saindo, no desespero de conseguir se livrar dela. Isso acabou sujando sua imagem, e os advogados estão fazendo de tudo pra que ele não vá preso, mas até a poeira baixar, Ed precisa ficar afastado do trabalho, de preferência até mesmo escondido da sociedade.
Já do outro lado, somos apresentados a Jess Thomas, que trabalha como faxineira e garçonete, e ainda assim o dinheiro está sempre apertado. Não é nada fácil sua rotina tendo que também cuidar de sua filha, Tanzie, super tagarela e com uma inteligência bem avançada em matemática; do seu enteado, Nicky, que vive apanhando por ser estranho e gótico; e o cachorro deles, Norman, sempre babando pelos cantos. Além disso, o pai das crianças, Marty, se mudou para longe após uma crise de depressão, e alega não conseguir arranjar emprego pra pagar a pensão.
Um dos lugares onde Jess faz faxina é justamente na casa de Ed, mas ele nunca aparece por lá, é como uma casa apenas para passar o verão. Mas como ele precisa fugir de todos, ele acaba por encontrar seu refúgio naquela casa, o local onde lhe restava. E precisando desesperadamente de uma bebida pra esquecer dos problemas, ele vai ao pub onde Jess trabalha. Vendo a condição lastimável que ele se encontrava, ela se negou em deixá-lo dirigir daquela forma, e pede pra que um táxi o leve pra casa, são e salvo.
Mas Ed nem se lembra direito do que aconteceu naquela noite. Só quando passa pela estrada e encontra o carro de Jess com sua família sendo abordados pela polícia que ele a reconhece e sente que precisa pagar a dívida. E ele caiu como um anjo, bem na hora certa. Tanzie fora convidada a participar de uma Olimpíada de Matemática na Escócia, e se passasse, ganharia dinheiro o suficiente pra pagar uma das melhores escolas particulares que havia a procurado. Então Jess enfiou a família no carro, mesmo com os documentos vencidos, e arriscaram não serem pegos. E se não fosse por Ed parar e oferecer carona, já que o carro dela tinha sido detido, realmente nada daria certo. E no meio de enjoos, peidos e sorrisos inesperados, Ed acaba se tornando mais do que apenas um motorista bondoso para aquela família.
Penei pra conseguir avançar na leitura. As primeiras páginas são extremamente arrastadas, parecia que a rotina deles ia ser descrita eternamente. Muita informação desnecessária, só encheção de linguiça pra reforçar o quão de cabeça pra baixo estava a vida deles. Foi só no momento em que Ed ofereceu carona a Jess e sua família que pegou no jeito. Os dois são super diferentes, o que torna as primeiras horas no carro desconfortável. Mas no final, todo mundo tem suas semelhanças após algumas taças de vinho né?
Fora isso, a autora foi muito pertinente em ressaltar as características dos personagens. Acima de tudo, eles são humanos. Jess principalmente, que no meio de tanta confusão, acaba as vezes tomando atitudes imprudentes, algumas que eu mesma não aprovei, mas que foram entendíveis. Eu me coloquei no lugar dela e percebi que não sei se eu teria a mesma força que ela teve pra lidar com todos os dilemas que apareciam pela frente. Jess podia ser pequena, mas tinha um coração gigante, principalmente no que se tratava de seus filhos, e esse esforço e dedicação toda por eles foi realmente bonito.
Esses sentimentos se tornam tão palpáveis graças também à narração. Os capítulos são intercalados pelo ponto de vista dos quatro personagens, e foi uma boa sacada mostrar o que estava passando pela cabeça das crianças também. Em síntese, Um mais um é uma história que retrata luta, desafios, superação e, acima de tudo, o amor incondicional que pode ser construído a partir de coisas pequenas. No entanto, ainda assim não me agradou completamente :/
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