Teletema - 1964 à 1989

Teletema - 1964 à 1989 Guilherme Bryan...




Resenhas - Teletema - 1964 à 1989


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Lali 26/11/2023

Leitura arrastada, perde o propósito após a metade do primeiro capítulo. As curiosidades começam a ficar escassas e se inicia uma sequência desesperada de tentativas de trazer algo além do básico falando de cada produção. Além de algumas palavras bem problemáticas que, por se tratar de uma edição de 2014, não deveriam existir na construção do livro. Promete muito e entrega quase nada.
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Laís 20/11/2022

Não digo que li as 500 e tantas páginas, a maioria descritivas de todas as trilhas sonoras das novelas até 1989. Mas esse é um livro cheio de detalhes e esmero, que serve como uma base extremamente rica tanto para quem é fã, tanto para ser consultado em pesquisa (ambos são o meu caso). Recomendo muito!
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Luis 07/01/2018

Músicas e cenas dos próximos capítulos
Mesmo que muitos não concordem, o fato é que há pelo menos 60 anos, novelas são uma verdadeira instituição nacional. Passando pela era do rádio e se consolidando na TV, poucos produtos da chamada “cultura de massa” tiveram ou tem tanta influência sobre o público e até sobre outras manifestações artísticas, especialmente a música. Esse aspecto é brilhantemente explorado no enciclopédico “Teletema- A história da música popular através da teledramaturgia brasileira- Volume 01- 1964 a 1989” (2014, Dash Editora), assinado pelos especialistas Guilherme Bryan e Vincent Villari.
A obra é o tipo de iniciativa que, uma vez lançada, traz imediatamente o questionamento do “porque” tal ideia não tinha sido levada a cabo antes. A resposta está no próprio volume : um hercúleo trabalho de pesquisa que consumiu mais de uma década de dedicação dos autores e produziu pouco mais de 500 páginas nessa parte inaugural. Tarefa que poucos teriam resistência física e intelectual para executar.
Ao contrário do que a princípio possa parecer, “Teletema” é um título que interessa não só aos noveleiros, mas também, e principalmente, aqueles que se debruçam sobre o desenvolvimento do mercado da música popular no Brasil, notadamente na segunda metade do século passado, fazendo aqui desde já parte de uma bibliografia fundamental, composta também pelos excelentes “Dias de Luta “ (Ricardo Alexandre), “Pavões Misteriosos” (André Barcinski), “Eu não sou cachorro não” (Paulo César Araújo), “Chega de Saudade” (Ruy Castro) e os dois volume de “A Canção no tempo (Zuca Homem de Mello e Jairo Severiano), não por acaso, todos citados entre as referências.
Utilizando uma narração cronológica e dividido em quatro capítulos que agrupam períodos característicos das trilhas (64-68, 69-74, 75-84, 85-89), o volume conta com textos específicos para cada disco, com direito à reprodução das capas, além de introduções que exploram de forma mais geral o cenário de cada época.
O livro abarca desde os primeiros lançamentos, basicamente coletâneas de temas instrumentais das tramas de então, calcadas em um modelo baseado na adaptação de textos latino americanos, advindo daí, inclusive, o primeiro grande sucesso de nossa teledramaturgia, “O Direito de Nascer”, criado pelo cubano Félix Cagnet, produzido pela Tupi Paulista e transmitido no Rio pela TV Rio. Nessa fase inicial, são destacados o papel de produtores musicais, que faziam a sonoplastia dessas histórias, e foram os responsáveis pelos discos pioneiros, como Salathiel Coelho, que trabalhava para Tupi paulista e Lyrio Panicelli, que compunha para as primeiras produções da Globo, ainda na fase Glória Magadan. Ambos lançaram volumes que eram coletâneas de seus trabalhos para várias novelas do período e que traziam seus respectivos nomes; “Salathiel Coelho apresenta temas de novelas” (abrangendo as músicas de “Alma Cigana”, Se o Mar contasse”, “ Quando o amor é mais forte”, “O sorriso de Helena”, Tereza”, “ O cara Suja” e “O Direito de Nascer”) e “Lyrio Panicelli e suas novelas” (faixas para “O Sheik de Agadir”, “A Rainha Louca”, “A sombra de Rebeca”, “O Homem proibido”, “Sangue e areia”, “ A grande mentira”, “Passo dos ventos”, “ A gata de vison”, “ A última valsa”, “Rosa rebelde”, “ A ponte dos suspiros” e a “A Cabana do Pai Thomás”). Seria o embrião de uma relação ainda incipiente mas que se mostraria extremamente vantajosa para todos os envolvidos, gravadoras, emissoras, compositores e cantores, como demonstrado nos capítulos seguintes.
A segunda parte marca justamente a virada das histórias das novelas no Brasil e consequentemente das trilhas que as acompanhavam. Conforme a maioria já sabe, a exibição de Beto Rockfeller pela TV Tupi, trouxe para as tramas uma atmosfera contemporânea urbana que marcaria definitivamente o gênero a partir de então, refletindo inclusive nas outras emissoras, como a própria Globo, que dispensou Glória Magadan passando a contar com a dupla Janet Clair/Daniel Filho no comando de suas novelas. Não por acaso, isso trouxe um frescor para as trilhas que privilegiariam um cancioneiro moderno em lugar de temas instrumentais.
Nesse cenário, torna-se emblemática a trilha de “Véu de Noiva” (1969), que inaugura o modelo “disco de novela” que seria consagrado pela Globo. Produzido por Nelson Motta, o LP é um misto de canções ainda inéditas, mas que de alguma forma se ajustavam à história, ou podiam ser ajustadas para tal. Dois exemplos marcantes são “Teletema”, composta por Antônio Adolfo e Tibério Gaspar e que se tornaria um clássico do gênero (por sinal, título da obra) e “Irene”, de Caetano Veloso. Nesse último caso, a canção fazia parte de um disco inédito que Caetano deixara pronto para a Polygram antes de partir para o exílio Londrino. Nelsinho ouviu a fita máster antes e se empolgou pela música a ponto de decidir inclui-la na novela como tema para a personagem de Betty Faria, Lúcia. Em uma reunião com Daniel Filho e Janete Clair, mostrou a gravação e sugeriu que a personagem tivesse seu nome alterado para Irene, o que acabou acontecendo.
Curioso é que muito anos depois, em 1980, Janete por iniciativa própria, alteraria o nome da novela “Vernissage”, por ter sido arrebatada pela canção “Noturno”, de Fagner, que viraria tema de abertura e teria um de seus versos rebatizando o folhetim, que virou “Coração Alado”.
O êxito de “Véu de Noiva” firmou a parceria da Globo com a Polygram que lançaria os discos até 1971, quando a própria emissora, já plenamente consciente do filão que estava sendo aberto, criou a Som Livre.
No período entre o final dos anos 60 até meados dos 70, as trilhas eram basicamente compostas por composições inéditas, na maioria dos casos feitas sobre encomenda para as histórias, tendo como responsáveis um grupo restrito de compositores, o que em tese garantia apuro artístico, mas não necessariamente sucesso comercial. No caso das trilhas internacionais, comercializadas a partir de 1971 com a novela “O Cafona”, o primeiro lançamento da Som Livre, eram licenciados fonogramas da gravadora Top Tape, parceira da Globo na empreitada, e que em vários casos contemplavam artistas de pouca repercussão no Brasil que, graças à essas coletâneas, atingiam status de sucesso superior ao seu próprio país de origem, como é o caso de B.J.Thomas, intérprete de “Rock and Roll Lullaby”, tema do casal Cristiano e Simone em “Selva de Pedra” (1972) e que apesar de versar sobre os dilemas de uma mãe adolescente, virou sinônimo de música romântica em telenovelas, garantindo ao longo dos anos várias turnês do obscuro cantor por aqui.
A novela “Pecado Capital” (1975) marcaria uma nova dinâmica na produção das trilhas, que então abandonavam o modelo de encomenda a um grupo de compositores, para adotar um mix de garimpo entre os lançamentos que as gravadoras preparavam com eventuais canções produzidas especialmente para a trama. Foi o modelo definitivo e que alçou os discos ao patamar das maiores vendas do mercado fonográfico brasileiro, sendo decisivo para o lançamento e consolidação de muitos artistas. Notadamente em “Pecado Capital”, uma história praticamente concebida `as pressas por Janete Clair para substituir a censurada “Roque Santeiro”, a autora sai da sua zona de conforto para abordar o subúrbio carioca, o que propiciou uma trilha popular, marcada pela presença inédita do samba, comercialmente forte na época, inclusive na abertura da novela, pela canção composta por encomenda e gravada em cima da hora, praticamente no dia da estreia, pelo mestre Paulinho da Viola. Martinho da Vila aparece com “Você não passa de uma mulher”, tema de Lucinha (Betty Faria), outro grande sucesso que alavancaria o seu álbum de então “ Maravilha de Cenário”. O disco representou também a consagração de Luiz Melodia, já aclamado desde a estreia dois anos antes, e que aqui aparece com “Juventude Transviada”, que viraria clássico.
São muitos os exemplos da verdadeira revolução que representou para vários artistas ter uma música escolhida para a novela. São inúmeros os depoimentos que ilustram isso : Guilherme Arantes, Roupa Nova, Simone. Ednardo, Wando, Djavan, Fábio Júnior. Todos tiveram essa alavanca em momento crucial de suas carreiras, mas é interessante notar que mesmo para artistas já veteranos, as trilhas também serviam como uma espécie de tábua de salvação, capazes de exumar uma carreira, como no caso de Celly Campelo, o que aconteceu quase por acaso : Em 1976, Guto Graça Mello estava trabalhando na trilha de uma novela de época, ainda sem nome e que contava a história de um grupo de jovens em uma cidade fictícia do interior, no começo dos anos 60. Ao entrar no avião em São Paulo, vindo para o Rio, senta por coincidência ao lado de Tony Campello, ídolo pré Jovem Guarda. Vieram batendo papo e ao ser perguntado por sua irmã, Celly, Tony responde que a mesma virou dona de casa em Campinas. Chegando no Rio, Guto se reúne com Boni e comenta sobre esse encontro. Os dois tem então a ideia de batizar a novela de “Estúpido Cupido”, utilizando gravações originais da época na produção. Acabou sendo a trilha mais vendida até então (mais de 700000 cópias) e ressuscitou a carreira de Celly.
Outro caso interessante envolve o grupo “The Fevers”; Célebre durante a Jovem Guarda, os músicos cariocas eram considerados bregas no início dos anos 80. A novela “Elas por elas” tratava de um reencontro de amigas dos tempos de colégio. Com essa sinopse em mente, Guto Graça Melo encomendou a Nelson Motta e ao vocalista da banda, Antônio César, uma música que remetesse ao iê iê iê. A canção foi aprovada e representou um upgrade para os Fevers, que emplacariam ainda a abertura de “Guerra dos Sexos”, feita no ano seguinte, 1983.
Por sinal, a década de 80 representaria o apogeu desse tipo de lançamento com uma série de artistas que associaram sua produção ao gênero, como Rita Lee (Chega Mais, Baila Comigo, Final Feliz), Ronaldo Resedá (Marrom Glacê, Plumas e Paetés), Roupa Nova (Um sonho a Mais), Ney Matogrosso (Jogo da Vida, Vereda Tropical) e Marina (Corpo a Corpo, Roda de Fogo).
Há muitos outros aspectos tratados, como a relação entre os autores e a seleção musical, cujo o principal ícone é Gilberto Braga, entre os escritores de primeiro time o que mais se envolve nesse quesito, além de uma ligeira discussão sobre o outro lado da super exposição,. que pode prejudicar um artista pela massificação de suas canções na televisão, exemplificada por um pungente depoimento de Zizi Possi.
“Teletema” é uma obra que por sua própria monumentalidade abre inúmeras perspectivas de abordagem, inclusive no âmbito acadêmico, sem dúvida, gerará desdobramentos.
Sou de um tempo em que o último bloco das novelas eram embalados pelas cenas dos próximos capítulos, sonorizadas por músicas das respectivas trilhas. Mal posso esperar pelas próximas cenas desse volume seminal.
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