Lucas.Silva 21/09/2024
Esse livro de Jorge Amado foi um prato cheio para mim. Nele, há um ótimo retrato da sociedade brasileira: marcada pelo Coronelismo, pessoas que acreditam ter poder sobre a vida das outras, uma economia cuja maior característica é a produção agrária, na mão de poucos latifundiários que ?conquistaram? suas terras pelo assassinato.
A década de 20, em que se passa a história, é apresentada por um desejo de progresso, mas que muitas vezes se limitava aos aspectos financeiros e tecnológicos, com pouca mudança nos costumes. Esses, no entanto, às duras penas, alteram-se, ainda que em ritmo mais desacelerado que as demais coisas. É interessante também perceber o reacionarismo e conservadorismo das pessoas que se encontram no poder e seu desejo para que as coisas permaneçam como estão, com absurdos e hipocrisia sem limites.
Por fim, não deve ser deixada de lado a história de Gabriela com Nacib, um encontro que causou grandes repercussões na cidade e na vida dos envolvidos. É também representativo de uma mentalidade de posse que existia (e ainda persiste). O homem se acha no direito e dever de ?educar? a mulher que escolheu para ser sua companheira, enquanto esta deve acatar a tudo passivamente. Se ela rompe com a lógica, é vista como degenerada. Gabriela, na realidade, representa um amor tão livre que não pode ser medido ou contido. Ela é alguém que ama viver e vive intensamente.