spoiler visualizarnmstoppa 17/07/2024
Demorei três anos para ler esse livro, e acredito que não seja pela obra em si, e sim por minha conta. Não estava sabendo apreciar a obra e a escrita de Jorge Amado nessa história. Eu já tinha lido Capitães da Areia na escola e né apaixonei, não sei o que houve para demorar tanto para engatar nesse, mas gostei de ter continuado, que delícia que foi.
A ambientação é tão rica, com personagens tão fortes, que faz eu me imaginar nela. Os personagens parecem mega reais e que os conheço, impressionante.
Me incomoda Gabriela e como as pessoas a tratam. Ela sempre me pareceu muito infantilizada, e se não me engano, é de idade nova também, e os homens que babam, praticamente e literalmente por ela, são bem mais velhos. E essa infantilização com a performance dela no sexo me deixa mais incomodada com isso tudo, parece uma fantasia sexual de alguém. Além disso, pegam no corpo de Gabriela as vezes só porque querem, e é retratado como se ela sempre gostasse. Assim quando Nacib bateu nela por ter descoberto a traição, e ela achava mais que certo aquilo, e continuava gostando dele mesmo assim.
Quando é retratado a liberdade sexual de Gabriela, acho bem pra frentex mesmo, o pensamento que gosta tanto de homem ao ponto que não entende porque não poderia ficar com quem quisesse, pois isso é diferente de amar. E concordo, acho bacana que isso foi trazido na história.
Além disso tudo, o contexto daquela região é bem bacana, a produção e comércio de cacau está crescendo, e esse contexto político me é muito interessante, faz eu realmente me sentir em uma cidade pequena, onde todos se conhecem.
Enfim, gostei muito da ambientação da história e achei os personagens mega interessantes. Gostei bastante de Gabriela, mas não desses dois extremos dela que foram somados a ela, ela poderia ser livre sexualmente sem ser infantil, ela ser ela e ter prazer de viver por ter contato com o simplório e sem luxo poderia ser uma narrativa possível sem a infantilização.
Animada para outras obras do autor. Doida para ver o museu dele em Salvador quando eu voltar. E achei interessante também que ele morreu no dia do meu aniversário de 3 anos. Coincidências.