Jeane Esquivel 12/06/2022
Maravilhoso! A beleza da simplicidade!!!
Stoner por John Williams ou John Williams por Stoner?
O título confunde, a princípio. Não se sabe quem é o autor e quem é o personagem título - se o próprio John Williams ou se o resignado Stoner, conforme a disposição dos nomes na lombada.
Stoner só fora reconhecido mais de 50 anos após ter sido escrito e seu local de sucesso maior foi a Europa. John Williams, embora soubesse que escrevera uma obra primorosa, não recebeu em vida os méritos por ela, mas como disse à sua agente literária em 1965: "a única coisa de que estou certo é que é um bom romance; em algum momento, talvez seja considerado realmente um bom romance". O acadêmico não poderia estar mais certo.
A obra retrata a vida, suas intempéries e alegrias. Acompanhamos, em seus capítulos, a jornada de um homem simples, nascido e criado no campo, que muda para a cidade a fim de se graduar em ciências agrárias e, assim, auxiliar seu pai na lida com a terra.
Contudo, ao se deparar com a literatura inglesa, há a primeira e talvez única reviravolta da vida de Stoner. Ele muda de curso e resolve se dedicar à vida da Academia, sua grande e inabalável paixão. Motivado pelo professor Sloane, ao lado dos seus primeiros e únicos amigos, Finch e Masters, seguimos as vivências desse taciturno jovem, um pouco das consequências da primeira guerra mundial, seu casamento, nascimento de sua filha, suas perdas e conquistas, a segunda guerra,enfim, o desenrolar de toda uma vida.
Ao longo do livro, sentimos um grande carinho por Stoner. Ficamos revoltados com a sua passividade e resignação diante das dificuldades e, ao mesmo tempo, encantados pelos seus princípios morais e pelo seu amor à literatura e à sua atuação como docente.
Em suma, essa produção é um retrato da vida como ela é, como deveria ser ou como poderia ter sido. E a beleza do conjunto reside justamente nesse aspecto, pois, na singeleza da história e do retrato das miudezas do cotidiano, você descobre uma grande e genuína obra-prima, sensível e que nos mostra que a alegria, enquanto fugaz, está, sim, nas pequenas coisas.