Suor

Suor Jorge Amado




Resenhas - Suor


84 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


dianatenorio 16/10/2024

Suor
Exploração, falta de direitos dos trabalhadores e miséria compõem o pano de fundo do terceiro romance escrito pelo Jorge Amado quando ele tinha, em 1934, 22 anos. ?Suor? não tem um personagem principal, mas conta, em pequenas narrativas, as histórias de algumas pessoas que vivem nesse prédio, que é uma espécie de cortiço, localizado no Pelourinho. Eu me senti totalmente imersa nas primeiras páginas do livro porque as condições subumanas são descritivamente denunciadas. A escrita do Jorge é tão simples e objetiva, que chega a ser palpável. Vi pessoas dividir pequenos espaços com ratos, vi mulheres vendendo os seus corpos em troca de comida, vi homens roubando para sustentar suas famílias, vi o patrão enricar e o empregado definhar cada vez mais em sua pobreza, vi gente doente de corpo e alma. Eu vi o suor dos trabalhadores sendo derramado. Eu vi a revolução não acontecer. A corda só quebra do lado mais fraco.

Me revoltei, me compadeci e me diverti com os personagens da história que contavam as suas histórias. A gente precisa rir pra não chorar e eu vi isso na vida dessas pessoas. Terminei com um sentimento estranho de vazio, talvez seja porque a injustiça ainda impera e a maioria seja subjugada a condições tão desiguais. É utopia acreditar em um mundo justo, mas torço para que, pelo menos, quem sabe que deve fazer o bem, assim o faça.

O jornal estava com muita matéria política, de forma que deu apenas uma notícia de meia coluna com o retrato do morto, no necrotério. O título, em letras gordas, opinava:

COVARDE COMO ESTAVA SEM TRABALHO ENFORCOU-SE.

Vinha a notícia: Os moradores do sobrado nº 68 à ladeira do Pelourinho acordaram esta manhã com a notícia de que um homem se enforcara num quarto do terceiro andar.
Tratava-se de Miguel de Tal, português, operário, que há meses fora despedido da Fábrica Ribeiro. Achando-se sem trabalho, devendo três meses de casa, enforcou-se nas traves do seu quarto com um lençol. O desditoso suicida contava 54 anos e há 38 residia no Brasil. Não deixa parentes.
É mais um caso de covardia ante a vida. Porque perdeu um emprego, preferiu desertar, sem se esforçar por conseguir outro. Porque, com o maior orgulho o dizemos, se há um país onde a situação do operário seja de absoluto bem-estar, esse país é o Brasil, onde não falta trabalho para os que não são preguiçosos. (páginas 94 e 95).
Ibn.Al-Ahlam 16/10/2024minha estante
Adorei a resenha! Procurarei esse livro para que seja o próximo do Jorge a ser lido.


dianatenorio 16/10/2024minha estante
ps: tá com uma dedicatória da minha professora de Português no ensino médio, e sinceramente, não sei como veio parar em minhas mãos, já que data o ano de 2002. Também tá com o carimbo da escola. Talvez eu tenha dado uma passada na biblioteca e esquecido de devolver o livro que a professora doou ?. Professora Regina, se tiver lendo isso, saiba que ele me fez muito feliz e que não poderia está em posse de pessoa melhor. A senhora estaria orgulhosa da sua aluna. Fique em paz ??


Lucas1429 16/10/2024minha estante
Me senti dentro do cortiço só pela sua resenha, parece muito bom. Demorou 22 anos para você ler o livro, mas parece que valeu a pena ?


Matheuspinheiro47 16/10/2024minha estante
N conhecia , vou correr atrás do livro


luizrantunes 17/10/2024minha estante
Que resenha, Diana! ?

Acho que é algo do Jorge Amado, essa característica imersiva, pois, do pouco que li de Capitães da Areia, esses detalhes de locais paupérrimos me fizeram sentir um vazio esquisito também ?

E olha, gostei muito de saber da história do livro nos comentários. Eu acho que toda resenha tem que ter um pouco da sua história e experiência pessoal com o livro para enriquecer ainda mais e tornar única ?

ps: eu tenho livros da época da escola que penso eu, ter esquecido de devolver também ?


Gleidson 17/10/2024minha estante
Impressionante sua resenha! Tenho esse livro aqui em casa e quero ler.


dianatenorio 25/10/2024minha estante
Obrigada, Luan. Espero que goste quando ler ?


dianatenorio 25/10/2024minha estante
Mérito do Jorge Amado, Lucas, que descreve tão bem. A leitura demorou pra sair, mas a espera valeu a pena kkkkkk


dianatenorio 25/10/2024minha estante
Você vai gostar, Matheus, perde tempo não! ?


dianatenorio 25/10/2024minha estante
Obrigadaaa, Luiz ?
Acredito que essa sensibilidade seja uma marca nas obras do Jorge, e eu amo isso! É sentir que você vive aquilo ou conhece alguém que vive.
E quem nunca ?esqueceu? de devolver um livro a biblioteca da escola que atire a primeira pedra ?


dianatenorio 25/10/2024minha estante
Muito obrigada, Gleidson. Espero que goste da leitura. Estarei de olho nas suas impressões ??




talzhatd 25/09/2024

Suor
?Ladrões são vocês, que enriquecem com nosso suor!?

Um livro muito feliz em retratar o cotidiano de pessoas em um cortiço minúsculo e insalubre. Pensei que a obra se comparasse com o impecável "O Cortiço", mas são obras totalmente diferentes, apesar das semelhanças.

Jorge Amado diverte, traz reflexões e ousa ao abordar temas que são tabu até os dias atuais, como homossexualidade, direitos trabalhistas e sociais, independência feminina, sexo e outros temas. Um obra curta mas muito bem conduzida e contente em sua execução.
comentários(0)comente



Sagwa1 01/09/2024

O Novo Cortiço
Para mim essa obras é impactante, explorando com maestria o ambiente opressivo de um cortiço em Salvador.

Habitado por uma diversidade de personagens que, juntos, formam um retrato coletivo das classes trabalhadoras da época. O livro destaca a luta diária dessas pessoas pela sobrevivência em meio à miséria.

Ricardo, um dos personagens de Cacau, aparece em Suor como uma figura que remete diretamente ao seu papel anterior. Em Suor, Ricardo surge brevemente, mas de forma significativa, como um símbolo de continuidade na luta dos trabalhadores.
Laura 01/09/2024minha estante
Suas resenhas são ótimas, fiquei com vontade de ler ? Tá maratonando Jorge Amado?




rato loiro 22/08/2024

Suando
Com o calor da Bahia que só Jorge sabe trazer, suor para os leitores mais acostumados com as densas florestas e as confusões do cacau, terão um susto, ou uma surpresa ao acompanhar o que acontece com os moradores desse prédio na ladeira do pelourinho. histórias rápidas pois também estamos apenas passando por lá, conhecer cada morador é impossível, então usamos a política da boa vizinhança e descobrimos o importante de cada um!
comentários(0)comente



steffaniaurelio 10/07/2024

Um café forte e amargo
Um dos primeiros livros do autor, mas já com a qualidade da escrita conhecida.

O livro retrata de maneira quase palpável a realidade de moradores de um cortiço, sem romantização, sem firula, a carne sangrando como ela é.

Mais um pra lista de lidos desse autor.
comentários(0)comente



Felippe.Alrosa 14/05/2024

Pra mim a escrita do Jorge Amado merece mais que Nobel de Literatura.
Por diversas vezes nessa leitura me maravilhava ao lembrar que ele lançou essa pedrada de livro aos 21 anos de idade.
Genial usar de cada habitante do casarão/padaria/cortiço 68 para construir um herói comum, diverso em sua face e viveres, mas igual em sua situação de pobreza e solidariedade com a justiça.
comentários(0)comente



Mateus1259 13/05/2024

Quem leu o cortiço provavelmente vai gostar desse aqui também. Quando li Quarto de Despejo de Maria Carolina de Jesus, senti que a fome era o personagem principal durante todo o livro. Agora lendo Suor, sinto que a miséria retratada aqui é o personagem principal. Miséria de um povo sofrido, trabalhador, e muito explorado. Nunca esquecer que estamos mais próximos dos miseráveis do que da verdadeira elite econômica. Voltando ao livro, cada capítulo é um universo próprio que prende a atenção do leitor que fica na expectativa daquelas vidas miseráveis conseguirem algum alento.
comentários(0)comente



Flavio.Vinicius 12/04/2024

Suor
Romance escrito quando Jorge Amado ainda era muito jovem, um escritor iniciante com 22 anos. Publicado em 1934, o livro possui influências de acontecimentos como a revolução russa de 1917, e segue estilo narrativo parecido ao d'O Cortiço de Aluísio de Azevedo.

O romance apresenta várias histórias misturadas, como eram misturadas as existências das personagens que habitavam aquele cortiço, localizado no Pelourinho. Na época, aquela era uma região onde moravam os pobres e miseráveis de Salvador.

Muitos personagens não são sequer nomeados, o que leva a crer que o autor queria dar ênfase ao coletivo. São apresentadas vidas miseráveis e sofridas: a exploração, as enfermidades, as incertezas, mas também o sexo, a festa, a alegria. Esse é o livro mais triste e difícil que li de Jorge Amado. Nessa época, o autor estava envolvido pelas ideias comunistas. Ele era filiado ao Partido Conunista e demonstrava a filiação com esse ideário por meio das histórias que contava. Por exemplo, as narrativas sempre terminavam numa greve.

O livro pode ser visto como um registro histórico, atualmente a parte de Salvador onde a história se passou é uma região de artes e efervescência cultural. Outrora, havia sido região de morada de brasileiros ricos, depois passou a ser um bairro abandonado, habitado pelos expurgados do capitalismo. O livro carrega o tom de ativismo político do começo ao fim.

É uma obra bonita e triste, difícil de ser lida.
comentários(0)comente



Kat 18/03/2024

"Suor" é uma obra vibrante e envolvente do renomado autor brasileiro Jorge Amado. Ambientado na Bahia, o romance narra a história de uma mulher forte e determinada, Dona Flor, que enfrenta desafios e conflitos em sua vida cotidiana. O enredo se desenrola em torno das lutas de Dona Flor para sustentar sua família após a morte do marido, enquanto enfrenta a exploração e as dificuldades impostas pelo ambiente hostil e pelos interesses comerciais da região.

Amado tece uma narrativa rica em detalhes, que captura a essência da cultura baiana e retrata vividamente a vida das classes trabalhadoras e marginalizadas. Os personagens são vibrantes e autênticos, cada um com suas próprias lutas e aspirações. Através de seus personagens e cenários coloridos, o autor aborda questões sociais, como a desigualdade, a exploração e a resistência, enquanto celebra a resiliência e a vitalidade do povo brasileiro.

"Suor" é uma leitura cativante que combina drama, humor e crítica social de forma magistral. Com sua prosa envolvente e sua perspicácia narrativa, Jorge Amado mais uma vez demonstra por que é considerado um dos maiores escritores brasileiros do século XX.
comentários(0)comente



Philippe.Trindade 18/03/2024

O Cortiço no Pelourinho
Livro intenso. Livro de Jorge Amado com seu clássico, e isso é muito bom. Porém, intenso. O livro narra a vida de diversas pessoas que moram em um cortiço na Ladeira do Pelourinho, 68. Não há personagem principal e nem um acima do outro. São vários personagens. O principal é o cortiço. E ele te transporta pra lá. Alguns trechos que marcam muito:

"Com a cabeça caída sobre a máquina, deixava ver os cabelos brancos que começavam a dominar os pretos como um partido político fraco que aos poucos vai adquirindo adeptos."


"Quando acabou, disse: — Você lembra dessas histórias que você sabe, minha tia? — Que histórias? — Essas histórias de escravidão. — O que é que tem? — Você vai esquecer elas todas. — Quando? — No dia que nós for dono disso... — Dono de quê? — Disso tudo... Da Bahia. .. do Brasil... — Como é isso, meu filho? — Donos dos bondes... das casas... da comida. . — Quando é isso, meu filho? — Quando a gente não quiser ser mais escravo dos ricos, titia, e acabar com eles. — Quem é que vai fazer feitiço tão grande pros ricos ficar tudo pobre? — Os pobres mesmo, titia. — Ah! Já sei! Cabaça e esse gringo velho vivem falando nisso. Indagora tavam conversando aqui. Mas isso não vai haver, meu sobrinho. — Por quê? — Negro é escravo. Negro não briga com branco. Branco é senho…"


"— Você sabe qual é a coisa mais melhor do mundo? — Qual é, minha tia? — Adivinhe. — Mulher... — Não. — Cachaça. — Não. — Feijoada... — Não sabe o que é? É cavalo. Se não fosse cavalo, branco montava em negro."

"— A guerra só traz resultados para os que estão governando. Enriquecem... Para os ricos que fazem mais dinheiro vendendo mantimentos... — Bem dito! — Se todo o mundo pensasse assim acabavam tomando conta do Brasil. — E eles lá pensam no Brasil... Querem é dinheiro. Na guerra é o soldado quem morre... Morto pelos camaradas... Para servir aos interesses dos ricos. O soldado procurou uma réplica. Mas estava sozinho e ouvia os passos do rapaz subindo a escada. Meteu o sabre na bainha, continuou: — Mas era só os alemães que comiam rato..."


"Mulheres sem sobrenomes. Marias de nacionalidades as mais diversas. Casadas umas, com maridos que também não possuíam sobrenomes; solteiras outras, magras ou gordas, doentes ou sãs, com um único traço de ligação: a pobreza em que viviam. Algumas juntavam outro nome ao primeiro: Maria da Paz, Maria da Conceição, Maria da Encarnação, Maria dos Anjos, Maria do Espírito Santo. Outras levavam apelidos: Maria Cotó, Maria da Sandália, Maria Doceira, Maria Visgo de Jaca, Maria Machadão. A maior parte, porém, era somente Maria de Tal, ilhas de Antônio ou Manuel de Tal, casadas com Cosme ou Jesuíno de Tal. Mulheres que vendiam frutas, lavavam roupas, trabalhavam em fábricas, costuravam, vendiam o corpo. Mulheres sem sobrenome, mulheres do 68 na Ladeira do Pelourinho e de outros sobrados iguais, para quem os poetas nunca izeram um soneto, elas simbolizam bem a humanidade proletária que se move nas ladeiras e nas ruas escuras. Tiveram uma frase anônima: — Gente sem nome... Gente sem pai... Filhas da puta..."


"— Quem é o locatário do sótão? O árabe olhou com ar espantado em redor de si. O magro perguntou: — Perdeu alguma coisa? — Não. Tou procurando o cachorro com quem seu amigo falou. Nem sabe pedir por favor."
comentários(0)comente



Andreia 23/02/2024

Dureza
O que eu posso dizer sobre esse livro?
A vida era literalmente dura, mas ainda há quem queira lutar por dignidade e necessidades básicas...
comentários(0)comente



Mari 07/02/2024

Fedorento e Pegajoso
Simplesmente uma das melhores leituras de Jorge até o momento. Terceiro romance do escritor, Suor nada mais é do que a vida que habita o casarão 68 da Ladeira do Pelô. Com vida própria, o casarão é palco pra inúmeras histórias de vida e morte.

Parece que o tempo não passou para o romance, atemporal, poderia facilmente relatar a realidade de muitos brasileiros: falta de higiene básica, moradias sem dignidade, calor e suor.

Pra quem é de Salvador: ler Jorge Amado tem sempre um gostinho especial.

Ansiosa para o que Jorge tem mais a me oferecer ao longo do projeto de leitura de suas obras. ?
comentários(0)comente



alicefnevs 02/02/2024

O despertar do 68
"esquecidos da escravidão de que vinham, sem pensar na escravidão para que marchavam"
particularmente eu adoro o jorge revoltado e irônico e esse livro trouxe exatamente isso dele. o olhar e a revolta para a desigualdade.
"interessa o drama coletivo, o drama da massa, da classe, da multidão. Tudo tem importância decisiva. O mínimo detalhe, a personagem mais sumida"
comentários(0)comente



Leitorconvicto 26/01/2024

Um outro cortiço
Quando li Suor fiquei pensando: ele atualizou O cortiço. As realidades miseráveis de uma habitação coletiva precária, seus personagens com seus tristes dramas de uma realidade nacional que bate à cara do leitor.
comentários(0)comente



Matheus656 21/01/2024

Suor
Mesmo sendo, no todo, um romance fraco, a narrativa merece destaque, pois é crítica, questionadora e perspicaz. Jorge Amado exibiu as chagas e as necessidades da classe trabalhadora. Por isso, ?Suor? adquire um peso social relevante em debates relacionados à desigualdade.
comentários(0)comente



84 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR