Homem-massa

Homem-massa Jéferson Assunção




Resenhas - Homem-massa


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Henggo 11/11/2023

Provocador
Foi assustador ver essa discussão sobre homem-massa e homem-indivíduo hoje, em 2023, diante de uma realidade cada vez mais massificada - e agora diante de uma telinha nas palmas das mãos. Ortega y Gasset faz uma defesa pujante da cultura heterogênea como forma de transformação e fortalecimento social, uma discussão que entra em confronto, por exemplo, com a realidade educacional brasileira que agora praticamente rejeita matérias como Filosofia e Sociologia. Lendo esse livro neste dia 11 de novembro de 2023, véspera da segunda fase do ENEM, comecei a me questionar se o próprio Exame Nacional do Ensino Médio não é um alimento (ou um resultado) dessa massificação. Quando você exige que adolescentes de 16, 17, 18 anos decidam nessa idade o que querem "fazer para a vida" você não está impedindo o amadurecimento mais natural das ideias? Será que exigir que esses adolescentes, sem maturidade, entrem logo na universidade não é uma forma (desesperada) de fomentar o mercado de trabalho? De "nivelar os pensamentos" para ajustá-los ao que seria "uma vida próspera"? Por que o medo de matérias que fazem pensar? Por que os políticos amam a cultura como forma de entretenimento, mas ficam com raiva quando ela questiona o status quo? Como ser "eu" uma sociedade massificada que desconsidera até o "nós", temerosa que a noção de comunidade reforce revoltas sociais? E aí, no posfácio, tudo ficou ainda mais bizarro porque o autor projeta um tal "homem-comum", que utilizaria das possibilidades fornecidas pela internet para alcançar cultura e desenvolver o pensamento heterogêneo. Bom, infelizmente, não consideraram o surgimento de uma "coisinha" chamada redes sociais. E outra chamada Whatsapp. E uma específica chamada TikTok. "Coisinhas" que têm massificado em massa a massa. O homem-massa virou homem-oco: com tanta informação, perdeu a noção do tempo, vive à mercê de vídeos de 30 segundos, desaprendeu a silenciar, transformou a própria vida banal em conteúdo e agira é oco, sem essência, desprovido de opinião - tanto própria, como de massa.

P.S.: o livro já começa elogiando o Brasil por ter "(....) políticos que souberam responder às necessidades e incitações desta mesma sociedade." Cara, aonde??? Aí depois o prefaciador admite que"(...) eu sei muito pouco sobre a sociedade brasileira para ousar responder" o fato de Ortega y Gasset ser tão interessante para os brasileiros. Achei peculiar... Ainda mais considerando os últimos anos de ascensão de um homen-massa-gado produtor massivo de fake news. :/
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