Lígia Colares 30/01/2017Resenha de A hora da históriaEsse livro foi enviado como cortesia pela Globo editora para o blog. Eles perguntaram pelo twitter se havia algum blogueiro interessado, eu li a sinopse e me interessei. Além, é claro, do histórico de qualidade da editora!
Lakshmi se mudou para os EUA quando se casou. Sua vida longe da natureza, dos familiares e dos costumes acabou levando-a a uma atitude extrema: a tentativa de suicídio. Sem sucesso, conhece a psiquiatra Margaret, que deve acompanhar o caso para descobrir se ocorrerá uma nova tentativa. E a cada consulta descobrimos um pouco mais sobre essas mulheres, o que elas possuem em comum, e suas diferenças.
"Eu não tem medo de morrer. Só medo de ficar sozinha depois de morrer. Se eu suicidar eu vou pro inferno, será? Se o inferno é todo quente, lotado e barulhento como o pastor diz na TV, então eu não ligo porque vai ser igualzinho na Índia. Mas se o inferno é frio e silencioso, com um monte de neve e árvore sem folhas e pessoas que sorri com lábios tão fininhos que nem pedaço de barbante, então eu fico com medo. Porque vai parecer muito com a vida na América."
Lakshmi, sem inglês fluente, se expressa por histórias sobre seu passado, demonstrando a saudade que sente e também a mulher que ela realmente é com comentários espirituosos. Enquanto isso Margaret se envolve cada vez mais com ela, que inocentemente quebra os protocolos e se torna sua amiga. Os maridos, inicialmente coadjuvantes, se tornam parte importante na história de forma suave, conquistando a simpatia do leitor.
O livro fala sobre relacionamentos, amizades, família e principalmente, escolhas. Aos poucos acompanhamos a descoberta de novas opções, as consequências de más escolhas, e principalmente o desenvolvimento improvável de uma amizade baseada inicialmente na sinceridade médico-paciente.
A leitura fluiu com uma velocidade incrível. Thirty introduz a personagens com velocidade e de forma muito eficiente. Nas primeiras páginas já temos um panorama geral sobre essas duas mulheres, criando um vínculo com a história, mas é só com a leitura que descobrimos que nem tudo é o que parece.
Eu não conhecia a escritora, mas adorei como ela aborda os temas sobre a vida, e também nos leva a reflexões. A leitura ao final me trouxe aquele sentimento bom, de ter participado da história, de saber o que aconteceu… De ter conhecido essas duas mulheres e suas famílias, e também aquela simpatia que faz com que eu deseje que elas sejam felizes afinal!
Indico muito a leitura, principalmente para quem gosta de não-ficção. A temática, a abordagem, a fluidez das palavras, Thrity facilmente fisga o leitor tornando-o parte da história.