Terra das Mulheres

Terra das Mulheres Charlotte Perkins Gilman




Resenhas - Herland


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priscillacarriel 14/11/2019

Neste livro de ficção distópica, 3 amigos partem numa expedição por territórios jamais desbravados. No meio da floresta de árvores frutíferas encontram um país composto somente por mulheres: adultas, jovens, crianças e bebês. Elas são altamente inteligentes e autossuficientes. Plantam, constroem, organizam e mantém tudo. Procriam através de partenogênese e não conhecem os homens. Nesse país onde não há a existência de um patriarcado, elas não são podadas, nem socialmente submissas. São fortes, unidas e se desenvolvem sem as amarras sociais de civilizações compostas de ambos os sexos. Não são feminilizadas, não compreendem as relações sexuais e são devotas à maternidade compartilhada. Possuem uma estrutura sólida de educação e irmandade. Não há crimes, nem doenças, nem fome e guerra. Elas trabalham pra manter um país que é de todas e conseguem fazer isso perfeitamente. O livro cria uma expectativa de como seria o mundo (ou um país) sem os homens: não haveriam guerras, invasões, colonizações e crimes. É uma história cheia de críticas sociais, bem sólida e bem escrita, prende a atenção e se desenvolve de uma forma muito boa, apesar de ter sido publicado pela primeira vez em 1915, a linguagem é bem simples, com uma compreensão fácil. Achei muito boa a ideia de uma visão que diferencia nossas civilizações mistas de uma civilização somente de mulheres, onde elas entendem que a palavra mulher abarca pessoas do sexo feminino capazes de fazer tudo: estudar, trabalhar, construir e educar e a palavra homem significa somente: sexo masculino. O inverso do que enxergamos dentro do patriarcado, onde a palavra mulher se resume à servidão, submissão e maternidade.
Recomendo pra todo mundo justamente por essa visão diferenciada de um lugar livre da masculinidade.
phannickel 14/11/2019minha estante
perfeita!




Nelson.Lima 20/12/2021

Um bom ponto de partida
Porém não mais do que isso. Em alguns momentos os personagens masculinos parecem verosímeis e soam como aquele cara machista que todo mundo conhece. Em outros momentos me parecem pouco desenvolvidos, sem profundidade... aliás, nenhum personagem tem profundidade real salvo talvez o narrador.

O livro ao falar da terra utópica em que só existem mulheres, fala mais, na verdade, das incongruências da nossa própria terra, ou seja, o mundo real. Porém como ficção é pouco convincente.

Me parece um tanto ingênuo pensar que um país só de mulheres funcionaria tudo perfeito... e não digo isso simplesmente pelo fato dessa terra ser povoada por mulheres como se elas fossem inferiores ou algo assim, ou tampouco porque eu, como os personagens, acredite que as mulheres sejam competitivas, cruéis e mesquinhas umas com as outras. Colocar esses valores como rótulo para as mulheres seria puro machismo.

Essa utopia não convence por que as mulheres pertencem, afinal de contas, ao gênero humano e conflitos fazem parte da humanidade independentemente de gênero. Em outras palavras, a utopia não convence porque na vida real homens e mulheres no fundo são iguais.

O livro ignora varias coisas também como, por exemplo a importância do sexo (evidentemente homoafetivo naquela sociedade); aliás fala pouco das afetividades em geral. Temos uma terra só de mães, mas há pouca informação sobre amigas, namoradas, irmãs ou outras formas de relacionamento entre humanos. Reduzir essa terra à maternidade é também reduzir a própria complexidade das relações humanas. Pior ainda, é reduzir a mulher ao papel de mãe.

Para 1915 a visão da autora pode ser revolucionária, no entanto, com os óculos de 2021, soa raso, como uma discussão em que alguém municiado pelo senso comum argumenta que mulheres são mais maduras, mais estruturadas psicologicamente, aliás são psicólogas natas, são mais responsáveis e mais intelectuais que os homens. Embora muito reproduzido pelo discurso cotidiano, existem evidências que as mulheres não possuem essas qualidades como algo inato à sua natureza, mas sim porque foram ensinadas a serem mães para cumprir o seu papel numa sociedade tomada pelo patriarcado.

Nos moldes patriarcais, o homem é a força que move a sociedade e a mulher é o intelecto voltado para o cuidado. O que a autora fez foi pegar esse ideal sexista e apenas retirar uma variável da equação, ou seja, o homem. No fim das contas está lá o patriarcado disfarçado de feminismo. Trata-se no fim das contas de machismo estrutural que a própria autora perpetua.

Logo, me parece que o argumento de que a sociedade só com mulheres seria algo assim tão diferente da nossa não cola muito bem e, principalmente, não serve às pretensões feministas porque reduz as mulheres aos mesmos predicados que o patriarcado impôs para elas. Ou seja, o de mães diligentes.

À autora todo o meu respeito porque foi pioneira e denunciou bem o machismo principalmente quando mostra o comportamento e a oposição entre os 3 personagens masculinos. Ainda que na sua narrativa venham ideias que hoje evidenciam o problema estrutural na sociedade, ela não tem culpa de ser uma mulher de seu tempo.

Portanto, apesar da importante denúncia e apesar da importância como registro histórico, como literatura o livro é fraco e como panfletagem feminista é ultrapassado e, para ser honesto, pior do que isso, é impertinente para um debate contemporâneo sobre o papel da mulher na sociedade.
Lilly 13/07/2022minha estante
Tem que ter uma resenha tua em revistas, sites e jornais. Gosto do teu ponto de vista, amigo. Muito assertivo!




Barbara.Castro @maniareflexiva 27/02/2019

Terra das mulheres
Pensar no coletivo, ter uma vida extremamente organizada em que tudo funciona corretamente, uma sociedade que educa crianças de forma educada e precisa, uma sociedade sobretudo científica. Essa é a terra das mulheres.
No início da leitura achei estranho um livro chamado "terra das mulheres" ser narrado e colocado na visão de 3 homens (machistas cada um a seu modo). Mas depois entendi que essa foi uma escolha da autora para mostrar que aqueles homens tinham muito mais a aprender com elas do que ao contrário, e precisaríamos estar na cabeça deles para que conseguíssemos apreender melhor essa informação.
Elas têm uma inocência racional que constrage aqueles homens, somente pelo fato de que o óbvio para elas, era exatamente o que eles fazem tentavam escamotear.
Aline Teodosio @leituras.da.aline 05/03/2019minha estante
Creio também que a autora escolheu um homem como narrador, justamente para mostrar esse machismo enraizado na sociedade e que é tido como normal. É também de certa forma uma denúncia e um convite à reflexão.




Nanda 20/01/2019

Esse foi o livro do mês de Janeiro que escolhi para o desafio #leiamulheres.

Terra das Mulheres foi escrito em 1915 por Charlotte Jennin Perkins. Conta sobre a invasão(chamo de invasão, ok?) de três amigos ao país das mulheres. Esses 3 personagens trazem características bem distintas de masculinidades: Terry é machista e dominador, Jeff é um romântico que acha que as mulheres são princesas indefesas e Van que seria um meio termo entre os dois, trazendo para os dias atuais ele seria aquele homem em desconstrução.

Apesar de só um dele ser escancaradamente machista, é visível o comportamento de “broderagem” entre eles, pois em nenhum momento Terry é repreendido pelas babaquices que faz.

Também achei a maneira como eles se reportam às mulheres colonizadora. Sempre oferecendo presentes e tendo a ideia pre concebida de que as mesmas são selvagens.

Com relação as mulheres achei todas com a personalidade muito parecida, todas muito pacientes e benevolentes, até mesmo quando houve uma tentativa de estupro.

Não gostei da monotonia da história, o livro todo é muito linear, nada de inesperado acontece. Basicamente é uma troca de informações entre os invasores e as mulheres. Tive a esperança que em algum momento a autora fosse abordar relacionamento afetivo/sexual entre as mulheres, mas isso não ocorreu, porém é aceitável pela época em que foi escrito.

Não posso deixar de mencionar a Terra das Mulheres poderia se chamar Terra das Mulheres Brancas, pois não existem mulheres negras por lá. Aliás, um personagem faz menção à mulheres negras e amarelas de forma racista e hipersexualizada.

É uma história que retrata os estereótipos sexistas da nossa sociedade patriarcal. A autora refuta características que eram atribuídas as mulheres brancas da época e transforma em mito a superioridade masculina.

Achei que fosse gostar e me surpreender muito mais, na verdade não me encaixei em nenhum momento da narrativa. Contudo, é uma leitura válida. Recomendo que leiam e tirem suas impressões.
Camila.Ferreira 21/02/2019minha estante
Eu n consegui terminar, apesar d história ser realmente interessante, como vc disse, é um pouco arrastado..dai cansei antes de finalizar




Eliz 04/08/2021

Terra das Mulheres Idealizadas
Tudo bem, é um livro de 1915, então esperava-se que a autora não tivesse a liberdade nem a mentalidade que temos hoje. Mas alguns pontos devem ser levantados sim, para reflexão.

Mulheres ?perfeitas? no livro são arianas, atléticas, passivas e assexuadas.

A questão da maternidade, eu até curti a forma como foi abordada. Claro, presumi que como o livro é narrado por um macho, a visão dele das mulheres é 100% não confiável e com certeza existiam mulheres que simplesmente não queria ser mães. Sim, passei vários panos com essa ideia da visão limitada e distorcida do macho sobre mulheres.

Aliás, achei muito interessante a autora narrar a história pelo ponto de vista de um homem machista, que hoje em dia poderia ser chamado de esquerdomacho.

Enfim, a leitura valeu muito a pena. Com certeza foi um livro que quebrou muitos tabus em sua época. Mas os pontos negativos devem sim ser postos na mesa para discussão. Desconstrução é um trabalho diário
Julia5343 04/08/2021minha estante
Vc resumiu tudo oq eu pensei mdssss, é legal a experiência mas me estressou mto em alguns aspectos




Brenda 08/01/2019

Gostei, mas poderia ser melhor
Um livro utópico, onde existe uma terra habitada somente por mulheres. Muitas histórias e boatos circulavam por toda parte a respeito dessa terra.
Como era possível um lugar sem homens? É impossível somente mulheres sobreviverem ao menos que sejam muito primitivas.
Todos os homens que tentaram ultrapassar aquele limite, não retornava com notícias. E todos os turistas foram avisados do perigo dessas terras. Pele menos era isso que dizia o guia da expedição que levava Vandyck, Jeff e Terry nossos protagonistas.
Os 3 exploradores decidem que precisam descobrir se tudo o que dizem é verdade.

O livro foi escrito em 1915, uma época onde o conservadorismo dominava.
Então durante toda a leitura é possível se deparar com textos machistas, e até um pouco preconceituosos para com as mulheres. Mas é muito legal ver que desde aquela época a mudança já estava acontecendo, mesmo que a principio só na cabeça das mulheres.
Deste modo Charlotte Perkins Gilman, nos apresenta uma terra onde as mulheres não se conformam em serem somente donas do lar, não poderem trabalhar, ou serem apenas submissas de seus companheiros, onde suas vozes nunca são importantes ou ao menos ouvidas.

A narrativa é feita através da visão de um homem Sr. Vandyck, que juntamente com Jeff seu amigo mais romante e Terry o machão.
Muitas resenhas que li, falam muito mal do Terry, apresentam ele como um personagem muito chato e insuportável de ler, eu mesma já achei que ele foi uma peça essencial para toda trama, trouxe os pensamentos mais óbvios da maioria dos homens e da sociedade, e claro que esses pensamentos podem trazer muito desconforto quando expostos assim como está no livro.

Jeff era o cara doce e sensível que via as mulheres como donzelas que precisavam ser cuidadas e galanteadas e Terry o Machista ao extremo, que acreditava que existia somente dois tipos de mulheres, as que lhe causavam interesse e aquelas que não causavam.

Eles conseguem entrar nessa cidade e se impressionam com o maravilhoso lugar, a organização, a preservação e como tudo é muito bem pensado.
E o mais surpreendente para eles, habitada somente por mulheres.
Portanto elas eram construtoras, agricultoras, professoras, e o mais importante de tudo para elas, ERAM MÃES.
O que mais importava para elas era a maternidade, e tudo isso acontecia de uma forma muito peculiar (Sem Homens).

Elas desenvolveram uma terra perfeita onde não existia mal algum, nem guerras, brigas, doenças, nada que pudessem se preocupar, diferente do que qualquer outra parte do mundo tinha.

Pontos Negativos
O livro tem tudo isso de muito interessante para nos apresentar e acho até que é uma leitura validade.
Mas para mim não funcionou.
Posso dizer que minha opinião sobre o livro foi um pouco diferente das demais que antes lendo por ai...
Infelizmente não gostei do livro tanto quanto eu gostaria.

- Os personagens falam pouquíssimo o nome do narrador (Van), e durante a leitura por diversas vezes me esquecia que era narrado por ele, só me dava conta quando ele se referia a ele mesmo em algumas partes da história.

- O livro fica no mesmo ritmo até próximo do fim, nada acontece, fica boa parte do livro os três homens trocando figurinhas com as mulheres da terra, sobre as diferenças do mundo exterior e da terra das mulheres, isso foi bem chatinho.

- Como elas não tem "Nada de mal a oferecer", nada acontece com eles, mesmo quando faziam coisas que elas não permitiam. Como se fossem sempre plenas, isso me deixou um pouco irritada, pois senti falta de ação na história.

Vinha aquela sensação de "AGORA VAI DAR RUIM", mas nada demais acontecia.

Mas existem lados positivos em todo contexto, recomendo sim que leiam e tirem as próprias conclusões sobre a história.

www.aceitacafe.com

site: https://www.aceitacafe.com/2019/01/terra-das-mulheres.html
skuser02844 09/01/2019minha estante
Concordo com você. Terminei agora mesmo e fiquei meio decepcionada. Vale a leitura especialmente considerando a época em que foi escrito, mas me pareceu um livro bobo e muitas vezes arrastado.




Mari 20/08/2023

Chatinho
Chato demais, tu é doido. Distopia chatinha, não valeu a pena pra mim. As reflexões também nada demais
waleska 22/08/2023minha estante
exaaaato, parece que a autora nunca leu um livro.




Andressa | Baú Literário 12/12/2018

Terra das mulheres
Terra das Mulheres me surpreendeu muito, o livro é de 1915, mas ao longo da leitura vemos que não evoluímos muito quando o assunto é a imagem da mulher, seus direitos e sobre machismo. 💪
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O livro é narrado por um homem, ele e seus amigos estão a procura da até então lendária "terra das mulheres". Eles acham que se eles encontrarem, elas estarão quase mortas, passando fome, cheia de doeças, etc. Mas quando finalmente chegam, percebem que não poderiam estar mais enganados. Elas vivem em uma sociedade sustentável (econômica e ecologicamente), onde o respeito pelo próximo impera, onde todas se ajudam, tudo é próspero, e logo vamos ver esse choque de cultura, inclusive nossos protagonistas irão sentir isso também e perceber como a sociedade deles (nossa) é falha.
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A narrativa da autora é bem fluida, as vezes, quando ela começa a detalhar as diferenças de mundos, fica um pouco mais lento, mas nada que atrapalhe. O que me chamou mais a atenção é que aqui vamos encontrar muitos discursos(machistas) que ouvimos até hoje - e o livro é de 1915!!! 😱
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O final e a explicação para os novos bebês me deixou um pouco decepcionada, mas sem dúvida esse livro é uma obra que vale a pena ser lida 😍
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Esse livro foi a inspiração para o mundo de Mulher Maravilha (inclusive esse termo aparece no livro) 💫💓

site: youtube.com/bauliterario
Andresa 12/12/2018minha estante
Tô doida pra ler esse livro! Adorei sua resenha!




Lari 10/04/2022

Interessante mas com ressalvas..
Uma utopia feminista de 1915. O livro que inspirou o criador de Mulher Maravilha.

Aqui temos três amigos, que em uma expedição descobrem um país composto apenas por mulheres, narrado do ponto de vista masculino, e trazendo pensamentos machistas, estes homens encontram um país extremamente organizado, sem doenças e conflitos. Composto por mulheres fortes, trabalhadoras, que priorizam a educação, o desenvolvimento pessoal, são extremamente empáticas. São mães, e a maternidade é o que centraliza tudo de fato, não sendo necessário o ato e desejo sexual.

O que achei mais interessante são as comparações de mundo entre os personagens, e os questionamentos que elas fazem aos homens.

Porém não consegui me prender tanto a historia, alguns momentos foi arrastado, e tambem incômodo perceber que os pensamentos machistas da época ainda se mantém hoje em dia. Mesmo assim gostei da leitura e valeu a pena conhecer a escrita desta autora.
Perdida_nas_Estrelas 24/06/2022minha estante
Sou doida pra ler!




danimaccedo 31/03/2020

Ok
Um livro muito comentado nas redes sociais, teve sua importância para a época, mas não consegui engolir toda a perfeição da Terra das Mulheres, muito menos as comparações.
Janine.Oliveira 31/03/2020minha estante
gosto de sinceridade, tbm não gostei de assassinato no expresso do oriente.




Queria Estar Lendo 17/09/2018

Resenha: Terra das Mulheres
Terra das Mulheres foi originalmente publicado em 1915; a autora, Charlotte Perkins Gilman, imagina nele um mundo utópico habitado unicamente por mulheres - e usa esse cenário para trazer críticas intensas e poderosas ao patriarcado e ao machismo.

Exemplar foi cedido pelo Grupo Editorial Record para a resenha.

Por dois mil anos, nenhum homem pisou naquele país. Quando a expedição de Van, Terry e Jeff acaba por ouvir falar da "terra das mulheres", eles decidem que precisam conhecê-la. Quando o fazem, acabam prisioneiros-convidados das habitantes do misterioso e secreto país. E, através dos relatos de Van, Charllote Perkins Gilman ilustra o que seria o mundo ideal se a história tivesse sido construída sem a presença da figura masculina.

E que mundo ideal, senhoras e senhores! O país em questão foi criado a uma perfeição absurda. Tecnologia e avanços na medicina, na psicologia, nos estudos, na criação das meninas. É tudo impecável. Não existem doenças, guerras, rivalidade. Não existe nada além da coexistência pacífica de uma sociedade grandiosa e amorosa.

"Hoje, agora, imaginemos uma sociedade livre da opressão do patriarcado. Como ela se organizaria, e o que faríamos com a liberdade conquistada? As rachaduras e os problemas insolúveis de Terra das Mulheres são um terreno fértil que nos permite sonhar com novas utopias, assim como Charlotte Perkins Gilman ousou sonhar um dia. [Prefácio]"

O livro se inicia com um prefácio da editora, onde ela relata os ideais e a construção de mundo feita por Charlotte. É bem distante do que seria uma utopia feminista nos dias atuais porque a luta das mulheres, naquela época, se distanciava do que conhecemos hoje. A palavra "igualdade" difere do que se é exigido nos dias atuais, mas isso não torna Terra das Mulheres um livro ruim. Muito pelo contrário. É uma obra poderosa em seus questionamentos.

A partir do momento em que esses três homens caem no país dessas mulheres, toda a diferença de criação, tratamento e posição entre ambos os sexos é devidamente questionada. Charlotte usa a visão machista e misógina de seu protagonista - bem menos perturbador do que Terry, por exemplo, mas ainda fadado aos males do patriarcado abusivo - para levantar críticas a tudo que é tóxico e aterrorizante na sociedade longe daquele pedaço de terra.

As mulheres de Charlotte são matriarcas. A sociedade dessa terra é construída em volta da Mãe, da figura materna, da ideia de que as mulheres existem para continuar a existir - que seu ciclo de vida gira em torno de "dar a vida" a outras mulheres. Elas se reproduzem através do desejo de ser mãe; não existem relação sexual, não existe prazer. As mulheres não se relacionam amorosamente no sentido homoafetivo da palavra. Elas se amam como irmãs e mães; não existe nada além dessa ordem estabelecida.

"- Elas parecem não perceber que somos homens. Tratam-nos... bem... como tratam umas às outras. É como se sermos homens fosse um detalhe menor."

Com os homens ali, o interesse da sociedade matriarcal é de entender como funciona o mundo deles. Um mundo devastado por guerras e inconsistência, erguido à base de desigualdade e da inferiorização das mulheres. A cada questionamento de uma das personagens do livro e a cada resposta de Van, o narrador, para explicar tal situação, meu sangue fervia mais e mais.

É um livro que abre seus olhos para as injustiças, e escancara tudo ainda mais caso você já as perceba no dia a dia. Por se tratar de uma publicação de 1915, era de se esperar que algumas críticas fossem ultrapassadas, mas não. É tudo exatamente atual. A posição da mulher como mãe, trabalhadora, esposa, como indivíduo dentro da sociedade. Tudo isso é trazido à tona pela narrativa e comparado entre a sociedade patriarcal e aquela utopia edificada pelas mulheres.

"Para aquelas mulheres, na extensão ininterrupta de dois mil anos de civilização feminina, a palavra "mulher" evocava esse amplo contexto, em todo o seu desenvolvimento social; e a palavra "homem" significava para elas apenas macho - o gênero."

Mulheres que nunca conheceram o sexismo, a violência, a luxúria, a obsessão, o ciúme, a rivalidade. Mulheres que são mães acima de tudo e que por dois mil anos trabalharam, estudaram, pesquisaram, evoluíram e se fortificaram sem a presença de um homem. Que criaram um mundo perfeito à sua imagem e semelhança e mostraram ao trio de invasores que subjugar um gênero com base em ideias preconceituosas e ofensivas não significa nada. Em sua calmaria e paz, aquelas mulheres mostraram o quanto são melhores do que toda a História do homem.

E foi interessante como, através dos olhos do Van, Charlotte expôs a aceitação do personagem e a maneira com que ele reagia aos novos conhecimentos. Jeff era uma figura bem mais aberta, um homem disposto a se curvar à verdade e a aceitá-la, a fazer parte dela. Van, ainda que relutante, via naquelas mulheres o avanço e as melhorias e o quanto a civilização da sua terra era tão melhor e mais ideal do que a conhecida por ele.

"- Bobagem, Terry. Você sabe quem, em geral, homens gostam mais de cachorros.
- Porque o amam tanto, principalmente os homens, esse animal é mantido preso ou acorrentado."

Alguns pontos do machismo nos relatos do personagem ainda me deixaram pistola ao extremo; justificar estupro marital e "desculpar-se" pela situações ao qual Terry, o mais babaca e abusivo, foi "forçado" a viver, sem dúvidas encabeçam a lista. Mas são coisas que estão ali exatamente para incomodar. Nada que Charlotte usa no livro existe por qualquer razão. É tudo parte da grande crítica, do gigantesco questionamento que a obra deixa.

O próprio Terry está ali como alegoria ao mundo masculino. Ele é a representação precisa do machismo, com sua postura opressora, com a voz relutante em entender a igualdade, com a postura resoluta em não ceder espaço para que essa igualdade se faça totalmente presente. É de um nojo enfurecedor o quanto o Terry é parecido com muitos homens que vemos hoje em dia; de 1915 até aqui, muito pouca coisa mudou.

Terra das Mulheres pode ter ideais ultrapassados e que se distanciam do que o feminismo clama nos dias atuais. Contudo, em suas discussões, tira de letra tudo que coloca em pauta.

"Pensávamos nelas como "Mulheres", e, portanto, tímidas, mas havia dois mil anos que não temiam nada, e certamente mais de mil desde que esqueceram essa sensação."

Como a editora questiona no prefácio, uma das coisas mais impressionantes desse livro é a interrogação que deixa em nossas cabeças. O que seria a Terra das Mulheres hoje em dia? Qual seria o cenário utópico de igualdade para se construir um mundo ideal regido apenas por mulheres? Se Charlotte já levantou tantas questões em sua época, o que poderíamos produzir hoje em dia? O tanto que esse livro deixa em aberto para fazer pensar é absurdamente indescritível.

Terra das Mulheres foi uma leitura impressionante, carregada em simplicidade narrativa e em criatividade questionadora.

site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2018/09/resenha-terra-das-mulheres.html
Lígia 08/11/2018minha estante
Livro pré-feminismo... Já vi que não vou gostar. Sou conservadora e o feminismo NÃO me representa.




Campos63 12/10/2015

O livro que toda pessoa deveria ler
Um dos meus livros preferidos, no entanto é extremamente desconhecido. Tanto o livro, quanto a escritora. Uma pena, já que apresenta uma linguagem fácil e uma leitura leve e fluente.
Que um dia o mundo o conheça.
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livia156 11/11/2024

Legal
Demorei mais do que o normal pra ler esse livro mas gostei bastante da experiencia. tudo a respeito do país das mulheres me interessou bastante. a cultura matriarcal, a religiao, o modelo educacional e o respeito e valorização da infancia me deixaram de boca aberta. em relação aos 3 unicos personagens masculinos: odiei o terry com todas as minhas forças e os outros dois sao neutros pra mim.

gostaria que no final tivessem mostrado o primeiro contato da bicha lá com o mundo fora da terra das mulheres, queria mt ter visto o choque cultural.
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Gramatura Alta 18/03/2019

http://gettub.com.br/2019/03/16/terra-das-mulheres/
ERRA DAS MULHERES é uma utopia feminista escrita em 1915 por Charlotte Perkins Gilman, a mesma autora da obra O PAPEL DE PAREDE AMARELO, também precursor do feminismo. É importante destacar o significado de utopia, que seria um lugar ou estado ideal de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos, já que precisamos ter esse conhecimento para compreendermos a proposta de Charlotte.

Gilman foi uma mulher bastante peculiar, com ideias futuristas consideradas “insanas” em sua época. Nesse livro, ela expõe opiniões muito interessantes acerca do posicionamento da mulher na sociedade, feminilidade, sexualidade, maternidade e independência, por exemplo; além de criar um local onde as mulheres não necessitam enfrentar problemas, como machismo, estereótipos, falta de empregos, dentre outros. O diferencial seria a independência completa do sexo feminino, desde a reprodução até o desenvolvimento social.

Três amigos, Terry, Jeff e Vandyck, decidem embarcar numa jornada a fim de conhecerem novos lugares, e ouvem lendas sobre um país chamado Terra das Mulheres. Com a curiosidade aguçada, programam uma excursão até aquele lugar e acabam descobrindo que aquela terra realmente existe e esperam encontrar mulheres inofensivas, que irão se jogar aos seus pés. Porém, eles se deparam com uma população autossuficiente, que não necessita de nenhum auxílio masculino.

Esses homens são bem estereotipados, cada um tendo uma personalidade distinta, o que é determinante na adaptação deles nesse novo ambiente. Terry é um conquistador que gosta de fazer tudo o que bem entende e sem se importar com consequências, sendo um grande aventureiro e causador de problemas; Jeff é um médico bastante sensível e romântico, que se apaixonou logo de cara por aquela sociedade feminina e se submeteu facilmente a ela; e Vandyck, nosso narrador personagem, é apaixonado por sociologia e sedento por conhecimento, sempre questionando tudo. Assim, Jeff e Vandyck se adaptam mais facilmente, levando em consideração a personalidade de ambos; em contraposição, Terry sempre age de modo inadequado com seu temperamento tempestuoso.

Nessa expedição, eles pensavam que se houvessem homens, lutariam contra eles para terem acesso ao local, e se houvessem apenas mulheres, não haveria nenhuma resistência. No entanto, nem tudo foi como o esperado. Aquelas mulheres não eram medrosas e nem frágeis… eram inteligentes e corajosas! Um dos pontos mais interessantes da história é a forma como elas vivem em irmandade, todas se apoiando e se protegendo, sempre respeitando os preceitos definidos e os papeis sociais de cada uma. Ou seja, numa época com pensamentos extremamente arcaicos (que ainda existem, infelizmente), Charlotte já falava sobre sororidade.

Nesse país, as mulheres se desenvolveram ao máximo em todos os setores: governo, educação, saúde, cultura, maternidade, reprodução (sem necessitar da sexualidade), justiça, agricultura, ciência, etc. Ao longo da narrativa, acompanhamos os questionamentos dos próprios personagens sobre como tudo isso foi possível, e as respostas surgem gradativamente, sendo tudo explicado, desde o surgimento daquele lugar com a primeira mulher que foi capaz de engravidar sem o processo de fecundação.

No início da narrativa, quando os protagonistas ainda não compreendem a realidade daquele lugar, eles afirmam veementemente não ser possível que aquelas mulheres façam tudo sem a ajuda de homens, muito menos terem filhos (quanto à isso, entendemos a confusão!); então, acreditam que eles estejam escondidos ou sendo escravizados. Esse seria somente um exemplo, porque várias outras situações se desenrolam e culminam em preconceitos bastante característicos do patriarcado, como: mulheres são sempre competitivas e incapazes de viver juntas harmonicamente, são frágeis e menos espertas, devem se dedicar somente à família, serem femininas e delicadas, gostam de serem cortejadas e disputadas,…

Aos poucos, os três protagonistas começam a interagir mais com as moradoras, que propõem a troca de conhecimentos sobre a realidade de civilizações tão distintas. Após aprenderem um pouco da língua local, eles narram o funcionamento do lugar onde vivem, suas viagens, o papel social dos homens e das mulheres em outros países, a organização dos continentes no globo, dentre outros diversos assuntos que são abordados. Isso acontece porquê, apesar de toda a evolução conquistada, aquelas pessoas nunca saíram dali, não conhecendo nada além da felicidade e harmonia completa da Terra das Mulheres.

Infelizmente, algumas situações preconceituosas apresentadas na obra ainda acontecem na nossa vergonhosa realidade, principalmente em momentos onde os visitantes demonstram suas opiniões e relatam como tudo acontece em seu país. Mas é tão interessante acompanhar o aprendizado dos três sobre aquela nova sociedade tão evoluída, pois eles mesmos começam a perceber os problemas da própria realidade e a falta de lógica de seus preconceitos, sentindo-se extremamente embaraçados ao serem contestados. Percebemos então a grande sátira feita pela escritora.

Para essas mulheres, a maternidade é a coisa mais preciosa existente, como uma espécie de religião para a qual se dedicam integralmente. O desenvolvimento completo delas é baseado na criação dos filhos, visando progressos para as novas gerações, métodos educacionais atrativos e eficazes, ambientes adequados, mães e educadoras ideais… Apesar disso, existe o controle de natalidade para evitar a superpopulação, ainda mais ao considerarem o tamanho do país onde se instalaram, o que é explicado ao longo da história, assim como a geração de bebês sem fecundação.

Antes de iniciar a leitura, tive um pouco de receio de me deparar com palavras rebuscadas e expressões refinadas, porém encontrei uma leitura extremamente atraente e tranquila, que deixa o leitor cativado por aquela sociedade feminina. A trama é muito inteligente e curiosa, possuindo uma escrita bastante simples e fácil de entender; além disso, há diversos trechos super bacanas que valem a pena serem destacados. Então, para aqueles leitores que gostam de grifar e/ou colocar flags em suas partes favoritas, preparem-se para muitas marcações…

TERRA DAS MULHERES é uma leitura incrível que vale a pena ser feita por todos!

site: http://gettub.com.br/2019/03/16/terra-das-mulheres/
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13/03/2019

A terra das amazonas
13.03.2019
Quero deixar bem claro que terei que reler essa obra vasta, minha mente ainda não conseguiu absorver toda sua riqueza.
A terra das mulheres é um livro que vem recheado de ensinamentos sobre a condição da mulher em nossa sociedade, o interessante é que foi escrito em 1915, ou seja, ainda não temos efetiva melhora.
Considero que foi minha porta de entrada ao feminismo e ao método Montessori. As mulheres daquele mundo me provaram que os preconceitos que vem ligados a nossa sociedade são algo que nós consideramos como verdade, e vemos isso pela revolta dos personagens principais em entender como aquelas mulheres não estão mortas de fome.
Ensinou-me que temos que tentar nos ajudar ao máximo, amando infinitamente nossas companheiras, uma questão de sororiedade, unidas seremos mais fortes e felizes. Que os bebês criados fora dessa cultura da palmada são mais felizes e inteligentes. Que o sexo e a feminilidade são construções sociais e psicológicas, e que as mulheres não são invejosas e briguentas por natureza.
Aprendi que em grande parte nosso mundo se considera extremamente evoluído, mas não solucionou nem parte dos problemas de doença e problema, me mostrou como somos individualistas, mesquinhos e egoístas.
Como a relação homem natureza é importante e que temos que explorar a fim de conhecer as vastas culturas que temos por aí.
Não consigo fazer uma resenha super densa, preciso reler a obra. Mas deixo registrado que Charlotte Perkins Gilman já virou uma autora do meu coração e minha tutora para assuntos feministas.
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