Paulo Silas 24/08/2024"Microfísica do Poder" é uma das obras clássicas de Foucault em que a temática do poder é abordada e discorrida pelo autor em diferentes oportunidades e ocasiões, revisitando inclusive muito do seu pensamento constante em outros de seus livros. Não se trata de uma obra que foi escrita enquanto algo único e pensada enquanto tal. Antes, o livro reúne diversos e diferentes textos de Foucault, além de entrevistas e diálogos, resultando em 430 páginas que são divididas em 17 capítulos que foram unidos por um eixo temático em comum.
As relações de poder (que não existe enquanto tal, mas é exercido nas mais diversas dinâmicas de relações entre as pessoas) são analisadas em seus diversos âmbitos ao longo da obra, presente estando as abordagens naqueles meios tantos que Foucault estudou e explanou com sua visão crítica ao longo da vida. Os títulos dos capítulos evidenciam bem isso: Verdade e poder, Sobre a justiça popular, O nascimento do hospital, A casa dos loucos, Sobre a prisão, Sobre a geografia, Sobre a história da sexualidade, A governamentalidade e alguns tantos outros que são explorados tendo por base as relações de poder que aí sempre estão.
Na introdução do livro, Roberto Machado destaca que "não existe em Foucault uma teoria geral do poder. O que significa dizer que suas análises não consideram o poder como uma realidade que possua uma natureza, uma essência que ele procuraria definir por suas características universais". Antes, como o próprio Foucault pontuou sobre o poder, "ninguém é, propriamente falando, seu titular; e, no entanto, ele sempre se exerce em determinada direção, com uns de um lado e outros do outro; não se sabe ao certo quem o detém; mas se sabe quem não o possui". Pela leitura da obra é possível notar com clareza a forma pela qual o autor trata e pensa o tema, tendo-se assim aqui mais uma grande contribuição de Foucault para o pensamento moderno.