Murillo Bertolini 09/03/2023
Histórias legais com arte soberba de Tim Sale
Antes de tudo, é interessante destacar que, de longe o maior atrativo dessa edição é a arte de Tim Sale, ainda mais realçada com o tamanho oversized dessa edição. Algumas páginas são tão lindas que dá vontade de parar e ficar olhando, mesmo com o traço muito estilizado do artista que pode desagradar alguns - não é o meu caso.
Falando das histórias, temos 3 narrativas que se passam no dia das bruxas, cada uma focando em um vilão diferente do homem morcego.
Temores é uma história básica do Espantalho com seu gás do medo que leva o Batman a ter delírios e se questionar fortemente se deve continuar sua eterna cruzada contra o crime para preencher o vazio interno que existe desde a morte dos seus pais, ou se não já está na hora de superar e buscar a felicidade. História bem legal com uma conexão interessante do vilão com a trama e a reflexão que ela busca trazer acerca do personagem.
Loucura traz uma das melhores histórias que já li do Chapeleiro Louco, mostrando toda sua loucura com algumas páginas horripilantes mostrando o potencial do vilão, mesmo em poucas páginas. Como em todas as histórias do encadernado, Jeph Loeb utiliza a trama maior para discutir temas do Batman, e aqui o elemento principal gira em torno do livro Alice no País das Maravilhas e a importância que ele tem para Bruce em sua infância. Destaque também para a construção da relação de pai e filha entre Jim e Barbara Gordon. Boa história.
Por fim, Fantasmas é uma história no estilo Um Conto de Natal de Charles Dickens, com alguns fantasmas (na forma de vilões), visitam Bruce a fim de trazer-lhe reflexões sobre sua vida e como ele pode levar a vida de maneira mais leve ao invés de ficar preso às obsessões que o Batman o traz. É a história mais fraca do encadernado.
Como um todo, o encadernado traz histórias legais, que desenvolvem e questionam aspectos internos do personagens, trazendo pontos para Bruce a discussão acerca de si mesmo. No entanto, o desenvolvimento de tais temas por vezes soa como um pouco raso demais (talvez pelo pouco número de páginas), o que tira um pouco a força do argumento. Por outro lado, Tim Sale arrasa do início ao fim com seu design estilizado e traço único. Bom material, que vale sobretudo pela arte.