Rayanne Costa 12/12/2018Quando a quantidade de páginas se faz sentirAdoro livros de suspense e mistério, e como também sou encantada por narrativas históricas foi naturalmente que decidi ler o Labirinto, uma narrativa dupla, que mostra a vida de duas mulheres que viveram com 800 anos de diferença entre si, mas que tem muito em comum, inclusive a possibilidade de encontrar e o dever de defender o mistério do Graal.
A sinopse me fez pensar e relacionar a narrativa diretamente as obras de Dan Brown, o que imagino seja o natural a qualquer um que também já leu as obras dele, foi meu primeiro erro, pois, para o bem ou para o mal, as narrativas conseguem ser completamente diferentes entre si.
Somos introduzidos na história no momento em que Alice, que vive nos tempos atuais, mais precisamente em 2005 (tá, não é mais tão atual assim) encontra uma caverna enquanto participa como voluntária em uma escavação na França. Este achado desencadeia uma série de acontecimentos, ou pelo menos devia desencadear.
Por outro lado conhecemos Alaïs, que acompanhamos desde 1209 até sua morte, e que viveu intensamente as cruzadas da Igreja Católica na busca dos hereges na região onde hoje se localiza o sul da França, e ainda em meio a todas as dificuldades advindas do período ela descobre que seu pai possui segredos que podem complicar ainda mais as coisas.
Alais foi dentre as duas a que conseguiu um pouco do meu afeto, enquanto Alice não me agradou de modo algum, creio que estava sempre as espera de que ela finalmente fizesse algo que validasse seu papel central, coisa que ao meu ver não houve. Apesar de também ter esperado mais de Alais, a participação dela nos acontecimentos é muito maior, enquanto Alice apenas parece correr a margem de tudo.
Não me apegar a(o) mocinha(o) é algo que pesa muito enquanto leio qualquer tipo de narrativa e não foi diferente aqui. Na realidade nenhum personagem conseguiu me conquistar de forma definitiva, principalmente os que participavam da história mais atual, que ficaram superficiais e caricatos, isso em um livro com mais de 600 páginas!
Essa é apenas uma das consequências da narrativa da autora, que parece ter optado por preparar tanto o terreno pra sua história que a história em si ficou em segundo plano, temos páginas e páginas que indicam a existência do mistério e revelam pequenas pistas, mas nada muito além ou concreto. Sem brincadeiras, estava em torno da página 400 e sentindo que lia apenas a introdução.
É lógico que isso deixa a narrativa arrastada e desanimadora, pior, quando finalmente conclui as páginas finais, não consegui deixar de pensar que quando a história enfim desenrola, os acontecimentos não são tão interessantes ao ponto de justificar o inicio (quase meio e fim) sofrível.
Provavelmente se não fosse a narrativa dos acontecimentos do período de Alais (e meu hábito de ir até o fim) teria desistido do livro, ao meu ver é neste ponto que o livro consegue ter um destaque positivo, conseguimos compreender bem o período e a real intenção dos personagens, mesmo sem muito conhecimento histórico, assim como visualizar bem o ambiente onde tudo se passa através das descrições detalhadas, o que deveria ser um ponto positivo, jmas que devido ao resto da protelação acaba se tornando mais um motivo pra desanimo .
Enfim, Labirinto não é um livro fácil e se complica ainda mais por passar uma aura de aventura que não se concretiza, permanecendo mais focado no drama e nas relações pessoais. Nem todos conseguirão chegar ao fim, e eu não veria motivos pra ir contra, ou incentivar a permanecia. Depois de lê-lo não tenho intenções de ler os outros volumes, pois sei que não terei mais paciência para novas enrolações em prol de pouca ação.