Fê 29/03/2013Juntou conspiração, religião, História e Graal, estou dentro. Já fazia tempo que este livro estava na minha estante, só me esperando.Mas confesso que tinha um pouco de receio de ser mais um O Código Da Vinci. Nada contra o livro de Dan Brown, pelo contrário, eu gosto bastante, mas o que eu quero dizer é que receava ser mais do mesmo. Mas nada poderia ser mais diferente na narrativa de Kate Mosse.
No início dos tempos
Na terra do Egito
O mestre dos segredos
Dispensou palavras e escritos(p.124)
A história gira em torno de duas mulheres separadas por 800 anos, mas unidas por um segredo que elas farão tudo para manter a salvo.
Alaïs é uma jovem nobre que vive na Carcassonne de 1209. Ela é casada com Guilhem, por quem é apaixonada, e é devotada ao pai, Bertrand. É curandeira e tão independente quanto uma moça pode ser na época. Tem dificuldade em obedecer ordens cegamente, mas não nega ajuda a quem quer que seja, sem esperara nada em troca. Aos 17 anos recebe de seu pai a incumbência de guardar um livro contendo o segredo do verdadeiro Graal. Tarefa que ela aceita com satisfação e que não mede esforços para cumprir, com grande risco para si mesma.
Anaïs vive na pior época possível em Carcassonne. Ela não é cátara, mas está bem no meio do conflito sangrento que resultou na eliminação desse povo do Pays D`Oc na França. mas ela entende perfeitamente o risco que assume, e não está sozinha em sua missão. E Alaïs é determinada o suficiente para levar a missão a cabo.
Além do pai, Alaïs conta também com Esclarmonde, uma velha que ensinou tudo o que sabe sobre ervas e cura a Alaïs. Esclarmonde tem um neto, Sajhë, um garoto de 11 anos muito esperto e que tem um paixonite por Alaïs. Sajhë vai ser muito importante no futuro de Alaïs. E não duvide do amor que ele sente por ela. Sua devoção é admirável e ele faz de tudo e mais um pouco para proteger Alaïs.
Mas claro que há sempre quem está atrás do segredo para benefício próprio. E no caso é a própria irmã de Alaïs, Oreane. Invejosa e amarga, Oreane se ressente da preferência do pai pela irmã mais nova. Ambiciosa, Oreane faz de tudo (tudo mesmo), incluindo seduzir e manipular o marido de Alaïs, Guilhem, para conseguir o que quer. E Oreane sabe muito bem manipular as pessoas, fazendo-se de doce e inspirando confiança. Tudo falsidade, óbvio, mas ela mesmo assim consegue se dar bem.
Em 2005, Alice Turner, uma inglesa que eu esqueci o que faz, mas não é arqueóloga, acaba descobrindo por acaso dois corpos numa escavação em que trabalhava como voluntária com sua amiga Shelagh. Alice é teimosa, faz o que quer e tem um sério desrespeito por regras. O que não seria problema nenhum, a não ser pelo fato de ela só pensar em si mesma e não no que suas ações podem causar para os outros. Alice é do tipo que faz primeiro e depois pensa, e geralmente suas ações são meio burras. Nem preciso dizer que não simpatizo muito com Alice, certo? Mas ela evolui um bocado no livro e mais para o final eu já simpatizava com ela.
Logo ao descobrir os corpos, Alice sente uma conexão que não sabe explicar, tanto com os corpos encontrados, como pelo lugar. Ela acha também no local um anel com o símbolo de um labirinto, e sabe instintivamente que deve escondê-lo a todo custo, bem como o livro, que ela acaba descobrindo também. E, como Alaïs, ela vai tentar o melhor que puder para cumprir isso. O problema é que Alice está rodeada de pessoas estranhas e não sabe em quem confiar, e desta forma, acaba tomando umas decisões meio estúpidas.
Mas entre essas pessoas há duas que acabam por ajudar Alice. Uma delas é o senhor Baillard, um senhor de idade avançada e amigo de uma tia que Alice nem sabia que tinha e que deixa uma propriedade para ela na França. Atenção para messieur Baillard, mais que isso não posso dizer. E além dele, Will, um americano que está passando férias na França, e que de imediato sente uma conexão com Alice. E sem esperar mais nada, faz de tudo para ajudar e proteger Alice. Há ainda muitos outros personagens que eu poderia destacar, mas esses são os principais.
A narrativa se divide em dois tempos: 2005 e 1209, mas os lugares são os mesmos. Eu prefiro quando a história se concentra na Idade Média, mas no geral, a narrativa é fluida e vai fácil, mas tem algumas partes mais arrastas, tanto em 1209 como em 2005. A narrativa também se espalha por diversos personagens, mas os focos principais são mesmo Alaïs e Alice. Com um toque de sobrenatural, a história é envolvente e difere um pouco dos livros que envolvam conspirações religiosas, como o citado Código Da Vinci, e o mistério deixa o leitor preso até o final.
Trilha sonora
Não consegui pensar em muitas músicas que combinem com o livro, mas vou citar duas de uma banda mencionada, e que até que tem um tantinho a ver com a história: How you remind me e Far away, as duas do Nickelback.
Nota histórica
Os cátaros eram um povo que discordavam da Igreja e por isso mesmo acabaram por atrair a Inquisição. Fundaram um cristianismo alternativo e rejeitavam os dogmas católicos. Acreditavam num Deus totalmente espiritual, e tudo o que vemos e tocamos é invenção do Diabo. Se concentravam no sul da França. Eram considerados hereges e sofreram muito nas mãos da Inquisição. A tortura era corriqueira e muitas fogueiras arderam com os condenados por catarismo. Para saber mais, leia em Cátaros: hereges graças a Deus (Superinteressante) e Catarismo (Wikipedia).
Se você gostou de Labirinto, pode gostar também de:
O Código Da Vinci – Dan Brown;
Anjos e Demônios – Dan Brown;
trilogia Força Sigma – James Rollins;
O último templário – Raymond Khoury.
Originalmente publicado em: natrilhadoslivros.blogspot.com