Nayana 18/06/2021Incomparável e estranha..Eu já tinha ouvido falar sobre esse título "O Mercador de Veneza", porém não tinha ideia da história e me surpreendi ao descobrir que se trata de uma comédia. Durante a leitura não me pareceu em nenhum momento que o mercador de veneza é o personagem principal, nem consegui gostar de nenhum dos personagens, para ser bem sincera.
O mais chocante da história se passa sim com o mercador de Veneza, Antonio, que se vê preso a uma dívida em que, contratualmente, a multa deve ser paga em peso de sua própria carne. Esse contrato absurdo é firmado com um judeu que odeia o Antonio e quer ter o prazer de cortar sua carne (de preferência próximo ao coração - tamanho o ódio) como vingança de muitos anos sendo humilhado por ser judeu. O motivo da dívida também é muito dificil de engolir: Antonio é um comerciante rico, porém com muitos navios não tem um ativo suficiente em mãos no momento em que seu melhor amigo solicita uma quantia emprestada para fazer uma viagem. Sim, ele coloca sua carne em divida com seu maior inimigo para emprestar dinheiro para o amigo conseguir viajar e tentar a sorte ao pedir uma mulher rica em casamento, Porcia.
O que mais me pareceu longo na história foi justamente o jogo de sorte (ou azar?) que o pai de Porcia deixou como regra para a filha casar, em que os pretendentes teriam que escolher, dentre 3 porta-joias deixados pelo seu pai, o correto para ganhar a mão de Porcia..
Ela nitidamente era uma mulher inteligente para a história, ajudando até no tal desfecho do contrato de forma esperta, e também extremamente racista e preconceituosa, em geral, como praticamente todos na peça. Seja contra negros, cristãos ou judeus, a hostilidade, o ódio e a vingança são cultuados a todo tempo, talvez de fato o motivo de não ter gostado de ninguém. A história nitidamente é contada de um visão supremacista branca cristã (o que mais uma vez me deixou com raiva de você, Shakespeare!).